Pesquisa
do IPEC, formado por ex-executivos do Ibope, aponta pela primeira vez entre os
institutos que têm pesquisado regularmente o governo Bolsonaro, que a aprovação
caiu abaixo de 30% - 28% agora. Evangélicos fundamentalistas sustentam
Bolsonaro
247 - Pela
primeira vez desde a posse de Jair Bolsonaro, a aprovação a seu governo cai
abaixo de 30%. É o que aponta a pesquisa do IPEC (Inteligência, Pesquisa e
Consultoria), realizada presencialmente entre 18 e 23 de fevereiro. 28%
dos entrevistados consideram a gestão Bolsonaro ótima ou boa, enquanto 39%
avaliam como ruim ou péssima. Segundo os dados do IPEC, o eleitorado evangélico
é a principal base de apoio a Bolsonaro, que tem avaliação positiva de 38%
neste segmento. A margem de erro é de dois pontos.
O IPEC
é formado por executivos que deixaram o Ibope após o encerramento das
atividades com pesquisas de opinião pública. Apesar da queda da aprovação do
governo Bolsonaro, nenhum instituto havia até agora apontado uma taxa abaixo de
30%. Segundo levantamento da Fundação Perseu Abramo, que
consolidou as pesquisas dos principais institutos, os índices de aprovação do
governo Bolsonaro até agora eram: Datafolha, 31% (campo em 20 e 21 de janeiro);
XP/Ipespe, 30% (02 a 04 de fevereiro); PoderData, 30% (01 e 03 de fevereiro);
Exame/Ideia, 31% (12 de fevereiro).
A
parcela evangélica fundamentalista do eleitorado apresenta, na pesquisa do
IPEC, um desenho inverso em relação à avaliação geral do governo. Neste
segmento, é o percentual de avaliações como ótimo ou bom que se aproxima da
faixa de 40% dos entrevistados. Entre os evangélicos, 27% consideram o governo
ruim ou péssimo. É a menor taxa de rejeição registrada em todo o levantamento.
A pesquisa do
IPEC, veiculada pelo jornal O Globo, indica que, para 87% dos
brasileiros, há alguma expectativa de pagamento do auxílio emergencial “até a
situação econômica voltar ao normal” — o que pressupõe um prazo maior do que os
quatro meses do planejamento do governo federal.
No
recorte por renda, 93% dos que têm renda mensal de até um salário mínimo —
parcela da população à qual o benefício é majoritariamente destinado —
concordam, ao menos de forma parcial, que o auxílio deve durar até uma
normalidade econômica.
Para a cientista
política Luciana Veiga, professora da Unirio, o cenário atual de baixa
aprovação, que aponta um comprometimento de seu projeto de reeleição em 2022,
pode estimular Bolsonaro a tentar um prolongamento do benefício, contrariando
suas próprias declarações e as projeções da área econômica, comandada pelo
ministro Paulo Guedes: “O que Bolsonaro faz com o auxílio não é conquistar
eleitores que não gostam dele, mas sim trazer o que está nesse bloco do
regular. É um eleitor muito prático, menos apegado a questões ideológicas, e
que pode oscilar a depender do impacto do governo federal em sua vida. É aí que
entra o auxílio. Por outro lado, este eleitor também é mais pressionado pelo
cenário da Saúde, já que depende da rede pública — avaliou Veiga”.
A CEO
do IPEC, Márcia Cavalari, afirma que a análise dos resultados deve levar em
consideração o contexto à época da realização das pesquisas. O levantamento do
IPEC, que ouviu 2.002 pessoas presencialmente em 143 municípios entre 18 e 23
de fevereiro, ocorreu nos dias que se seguiram à primeira ameaça de Bolsonaro
de trocar o comando da Petrobras por insatisfação com aumentos nos preços de
combustíveis, O anúncio da demissão de Roberto Castelo Branco da presidência da
petroleira ocorreu no dia 19, durante a realização da pesquisa. “Esta é uma das
possíveis hipóteses para que a rejeição ao governo seja mais alta entre os
eleitores com maior remuneração do que entre os mais pobres. Para o segmento de
menor renda, a troca pode não ter soado tão ruim, por conta do discurso de
baratear o combustível”, afirmou Márcia.