PIB do
Brasil fechou o ano passado com uma queda de 4,1%, segundo o IBGE. Resultado
representa o maior recuo anual da série iniciada em 1996 e a maior queda desde
1990, quando aconteceu o confisco do governo Collor
247 com Infomoney - O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil
registrou alta de 3,2% no quarto trimestre de 2020 na comparação com o terceiro
trimestre, totalizando R$ 7,4 trilhões, mas fechou o ano passado com baixa de
4,1%, com o impacto da crise do coronavírus na atividade. Esse foi o maior
recuo anual da série iniciada em 1996 e a maior queda desde 1990, quando
aconteceu o confisco feito pelo então presidente Fernando Collor de Mello. Os
dados foram divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa,
segundo projeções da Refinitiv, era de que o Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro tivesse crescimento de 2,8% no quarto trimestre de 2020 na
comparação com os três meses anteriores. A mediana das expectativas era de
queda de 1,5% na atividade econômica no quarto trimestre de 2020 frente o mesmo
período de 2019; a baixa efetiva foi de 1,1%.
A queda
do PIB em 2020 interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019,
quando acumulou alta de 4,6%. O PIB per capita alcançou R$ 35.172 no ano
passado, recuo recorde de 4,8%.
“O resultado é
efeito da pandemia de Covid-19, quando diversas atividades econômicas foram
parcial ou totalmente paralisadas para controle da disseminação do vírus. Mesmo
quando começou a flexibilização do distanciamento social, muitas pessoas
permaneceram receosas de consumir, principalmente os serviços que podem
provocar aglomeração”, analisa a coordenadora de Contas Nacionais, Rebeca
Palis.
Em
2020, os serviços encolheram 4,5% e a indústria, 3,5%. Somados, esses dois
setores representam 95% da economia nacional. Por outro lado, a agropecuária
cresceu 2,0%.
Nos
serviços, o menor resultado veio de outras atividades de serviços (-12,1%), que
são os restaurantes, academias, hotéis. “Os serviços prestados às famílias
foram os mais afetados negativamente pelas restrições de funcionamento. A
segunda maior queda ocorreu nos transportes, armazenagem e correio (-9,2%),
principalmente o transporte de passageiros, atividade econômica também muito
afetada pela pandemia”, acrescenta Rebeca.
Caíram ainda, no
setor de serviços, as atividades de administração, defesa, saúde e educação
públicas e seguridade social (-4,7%), comércio (-3,1%), informação e
comunicação (-0,2%). Já atividades financeiras, de seguros e serviços
relacionados (4,0%) e as atividades imobiliárias (2,5%) avançaram em 2020.
Na
indústria (-3,5%), o destaque negativo foi o desempenho da construção (-7,0%),
que voltou a cair depois da alta de 1,5% em 2019. Também apresentaram queda as
indústrias de transformação (-4,3%), influenciadas pelo recuo na fabricação de
veículos automotores, outros equipamentos de transporte, confecção de vestuário
e metalurgia. Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de
resíduos caíram 0,4%. As indústrias extrativas, porém, avançaram 1,3%, devido à
alta na produção de petróleo e gás que compensou a queda da extração de minério
de ferro.
A
agropecuária cresceu, no ano, 2,0%, puxada pela soja (7,1%) e o café (24,4%),
que alcançaram produções recordes na série histórica. Por outro lado, algumas
lavouras registraram variação negativa na estimativa de produção anual, como,
por exemplo, laranja (-10,6%) e fumo (-8,4%). “Isso decorreu do crescimento da
produção e do ganho de produtividade da agricultura, que suplantou o fraco
desempenho da pecuária e da pesca”, afirmou Rebeca Palis.
Pelo lado da
demanda, todos os componentes recuaram em 2020, na comparação com o ano
anterior. O consumo das famílias teve o menor resultado da série histórica
(-5,5%). Isso pode ser explicado, segundo a coordenadora de Contas Nacionais,
principalmente pela piora no mercado de trabalho e a necessidade de
distanciamento social.
A queda
no consumo do governo também foi recorde (-4,7%), e pode ser ilustrada pelo
fechamento de escolas, universidades, museus e parques ao longo do ano. Os
investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 0,8%, encerrando uma
sequência de dois anos positivos. A balança de bens e serviços registrou queda
de 10,0% nas importações e 1,8% nas exportações.
Dados
trimestrais
No
quarto trimestre de 2020, o PIB avançou 3,2% na comparação com o terceiro
trimestre do ano (7,7%), registrando o segundo resultado positivo nessa
comparação, depois dos recuos de 2,1% no primeiro trimestre e do recorde
negativo de 9,2% no segundo trimestre. Em valores correntes, isso corresponde a
R$ 2,0 trilhões. Quando comparado ao quarto trimestre de 2019, o PIB caiu 1,1%.
“Essa
desaceleração é esperada porque crescemos sobre uma base muito alta, no
terceiro trimestre (7,7%), após um recuo muito profundo no auge da pandemia, o
segundo trimestre (-9,2%)”, explica Rebeca Palis.
Os
serviços e a indústria tiveram variação positiva de 2,7% e 1,9%,
respectivamente. Já agropecuária recuou 0,5%, que segundo Rebeca trata-se de um
ajuste da safra.
Pela ótica da
despesa, destaque para os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) com
crescimento de 20,0%. Também cresceram o consumo das famílias e o consumo do
governo, respectivamente, 3,4% e 1,1%. No que se refere ao setor externo, as
exportações caíram 1,4%, enquanto as importações avançaram 22,0% em relação ao
terceiro trimestre de 2020.
Cabe
destacar que o IBGE revisou os dados do PIB do segundo trimestre. Entre abril e
junho, ápice das medidas de controle ao coronavírus, a economia despencou a uma
taxa recorde de 9,2%, de um recuo de 9,6% informado antes. Por outro lado, o
IBGE revisou para pior o resultado de janeiro a março, quando a economia teve
contração de 2,1%, contra queda de 1,5% calculada antes.