A
apresentação em PowerPoint de Dallagnol contra Lula, que se tornou um dos
símbolos da Lava Jato, foi elaborada pelos procuradores em clima de deboche e
ironias. Deltan Dallagnol escreveu, em 13 de setembro de 2016, véspera da
famosa coletiva de imprensa, entre risos: "Tá ficando shou". Os
diálogos constam em petição apresentada pela defesa do ex-presidente Lula ao
STF
247 - Em nova petição apresentada pela defesa do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal (STF),
nessa quarta-feira (17), um diálogo de procuradores da Operação Lava Jato em
grupo no aplicativo de mensagens Telegram mortra claramente: a apresentação em
PowerPoint de Dallagnol contra Lula, que se tornou um dos símbolos da Lava
Jato, foi elaborada pelos procuradores em clima de deboche e ironias. Deltan
Dallagnol escreveu, em 13 de setembro de 2016, véspera da famosa coletiva de
imprensa, entre risos: "Tá ficando shou".
As mensagens foram
obtidas pela defesa de Lula no âmbito da Operação Spoofing, responsável por
investigar o acesso a celulares dos procuradores da Lava Jato. O teor das
conversas foi publicado em reportagem do portal Uol.
Em 13
de setembro de 2016, o procurador Deltan Dallagnol escreveu: "melhor não
usarmos a imagem do Lula, mas um quadrado escrito LULA simplesmente".
"Ou uma imagem de pessoa como as demais do gráfico, e embaixo LULA. Tá
ficando shou", disse.
A denúncia
envolveria o tríplex no Guarujá e foi apresentada à imprensa no dia seguinte,
14 de setembro de 2016. Dallagnol chegou a dizer que Lula seria "o
comandante máximo" de esquemas de corrupção e pelo diagrama no PowerPoint.
Sobre o
uso da imagem de Lula na apresentação, um interlocutor identificado como
"Douglas Prpr" disse, em 13 de setembro, que, durante a criação do
gráfico, a foto fora incluída como uma brincadeira "só para tirar onda. Já
falei que não podemos deixar". Na sequência, Deltan escreveu
"kkk".
No dia seguinte,
após a repercussão do anúncio da denúncia, Douglas escreveu: "as bolinhas
fizeram sucesso...". Deltan respondeu com um novo "kkk".
O
ex-presidente Lula foi condenado sem provas no processo do triplex em Guarujá,
acusado de ter recebido um apartamento como propina da OAS.
No ano
passado foi divulgada um documento mostrando que a consultoria Alvarez &
Marsal (EUA) apareceu na Lava Jato, em 2017, numa petição da defesa de Lula,
com documentos
comprovando o tríplex como imóvel de propriedade da OAS e não
do petista.
Sobre a
denúncia, procuradores da Lava Jato disseram, em nota, que "o esquema
gráfico produzido para essa denúncia específica tinha por objetivo tornar
compreensível aquilo que a doutrina chama de 'convergência de indícios',
explicando aspectos do esquema criminoso essenciais para a compreensão acerca
do papel do ex-presidente nos crimes - e esses aspectos estavam todos descritos
na denúncia apresentada, sendo reproduzidos a partir dela".