De acordo
com o médico Drauzio Varella, "Quando o Brasil mais precisava de técnicos
treinados para executar a difícil tarefa de vacinar seus habitantes, única
forma de reduzir a mortalidade e dar alento à economia, caímos nas mãos de um
Ministério da Saúde fragilizado, dirigido por amadores"
Dráuzio Varella e Vacinação (Foto: Reprodução)
247 - Em sua coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo, o médico
Drauzio Varella afirma que a vacinação contra o coronavírus no Brasil virou uma
"bagunça". De acordo com o médico, "sem autonomia para coordenar
a estratégia de vacinação", o Programa Nacional Imunizações (PNI)
"houve por bem pulverizar pelo país as poucas vacinas existentes, como se
a epidemia ameaçasse todos os municípios com igual virulência".
"Ao lado
desse equívoco, facultou a estados e municípios a adoção dos critérios para
estabelecer prioridades, de acordo com as realidades locais", continua
Varella.
Segundo
o médico, "a falta de uma coordenação centralizada com regras válidas para
o país inteiro gerou essa confusão de grupos e de pessoas que subvertem a ordem
prioritária e confundem a população, incapaz de entender porque em cada cidade
a vacinação chega para uns e não para outros".
Varella constata
amargamente: "Profissionais formados em psicologia, biologia, veterinária,
educação física, além de trabalhadores da área da saúde que nem sequer chegam
perto dos doentes com Covid, são vacinados antes das mulheres e homens com mais
de 80 anos. Enquanto nos entretemos com as imagens dos telejornais que mostram
senhoras e senhores de 90 anos, infantilizados pelo repórter que lhes pergunta
se estão felizes com a vacina, passa a boiada dos mais jovens que furam a fila.
Tem
cabimento vacinar veterinários, terapeutas, personal trainers, escriturários de
hospitais, antes dos mais velhos, que representam mais de 70% dos mortos? É
justo proteger essa gente antes dos professores,
dos policiais e de outras categorias mais expostas ao vírus?"
Ele conclui com uma crítica direta ao governo Bolsonaro:
"Que azar. Quando o Brasil mais precisava de técnicos treinados para
executar a difícil tarefa de vacinar seus habitantes, única forma de reduzir a
mortalidade e dar alento à economia, caímos nas mãos de um Ministério da Saúde
fragilizado, dirigido por amadores".