"Como
não respeita nenhum limite imposto pela educação e pela civilidade, uma
exigência a qualquer político, e mais ainda a um presidente da República,
desmoraliza mais uma vez o cargo que ocupa. Mostra-se indigno ao tratar com
desrespeito e com deboche o fato de eu ter sido presa ilegalmente e torturada
pela ditadura militar", rebateu Dilma Rousseff
247 - A ex-presidenta Dilma Rousseff reagiu às
declarações de Jair Bolsonaro, que em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (28), fez ilações sobre
as práticas de tortura cometidas pelo regime contra inimigos políticos.
"Dizem que a Dilma
foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-X para a gente ver o
calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio
X", disse Bolsonaro.
Em
nota, Dilma Rousseff afirmou que "Bolsonaro não insulta apenas a mim, mas
a milhares de vítimas da ditadura militar, torturadas e mortas, assim como aos
seus parentes, muitos dos quais sequer tiveram o direito de enterrar seus entes
queridos".
E acrescentou:
"Como não respeita nenhum limite imposto pela educação e pela civilidade,
uma exigência a qualquer político, e mais ainda a um presidente da República,
desmoraliza mais uma vez o cargo que ocupa. Mostra-se indigno ao tratar com
desrespeito e com deboche o fato de eu ter sido presa ilegalmente e torturada
pela ditadura militar. Queria provocar risos e reagiu com sórdidas gargalhadas
às suas mentiras e agressões.
Leia a íntegra da nota
Jair Bolsonaro promoveu mais uma de suas
conhecidas sessões de infâmia e torpeza, falando a um pequeno grupo de
apoiadores, nesta segunda-feira, 28 de dezembro.
Como não respeita
nenhum limite imposto pela educação e pela civilidade, uma exigência a qualquer
político, e mais ainda a um presidente da República, desmoraliza mais uma vez o
cargo que ocupa. Mostra-se indigno ao tratar com desrespeito e com deboche o fato
de eu ter sido presa ilegalmente e torturada pela ditadura militar. Queria
provocar risos e reagiu com sórdidas gargalhadas às suas mentiras e agressões.
A cada manifestação pública como esta,
Bolsonaro se revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer
empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus
propósitos. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos
torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em
face dos quase 200 mil mortos causados pela Covid-19 que, aliás, se recusa a
combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência,
na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram.
É triste, mas o ocupante do Palácio do
Planalto se comporta como um fascista. E, no poder, tem agido exatamente como
um fascista. Ele revela, com a torpeza do deboche e as gargalhadas de escárnio,
a índole própria de um torturador. Ao desrespeitar quem foi torturado quando
estava sob a custódia do Estado, escolhe ser cúmplice da tortura e da morte.
Bolsonaro não
insulta apenas a mim, mas a milhares de vítimas da ditadura militar, torturadas
e mortas, assim como aos seus parentes, muitos dos quais sequer tiveram o
direito de enterrar seus entes queridos.
Um sociopata, que não se sensibiliza
diante da dor de outros seres humanos, não merece a confiança do povo
brasileiro.
DILMA ROUSSEFF