Eloisa
Bonfá, diretora do Hospital das Clínicas, diz que explosão de casos de covid-19
é esperada para janeiro. Ela informa que os profissionais de saúde do hospital
estão exaustos e pede que a população se cuide
A diretora clínica do Hospital das Clínicas, Eloisa Bonfá em coletiva de imprensa (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
247 - O período posterior às festas natalinas prenuncia
o recrudescimento da epidemia de covid-19 em meio à sensação de exaustão
generalizada, relata a coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo .
Após a queda no
número de internações pelo coronavírus em setembro e o início do remanejamento
de leitos para outras enfermidades, o Hospital das Clínicas, que só recebe
quadros graves, já se prepara para uma possível explosão de casos em janeiro,
diz Eloisa Bonfá.
“É como
se o soldado tivesse saído da guerra e nós já tivéssemos que recrutar de novo”,
diz Eloisa sobre sua categoria. “As trincheiras estão sendo preparadas para
que, se acontecer, a gente consiga dar uma resposta que seja boa para São
Paulo.” “As pessoas estão exaustas. O grande apoio que a sociedade pode nos dar
agora é se cuidar. Não estamos falando de isolamento, mas de cuidado,
afastamento, usar máscara. Isso vai fazer toda diferença até a vacina chegar.”
O Hospital das
Clínicas é composto por oito institutos. Com a chegada do vírus, o Instituto
Central foi adaptado exclusivamente para casos de Covid-19. Dos 2.400 leitos,
cerca de 500 estão reservados para pacientes que receberam o diagnóstico da
doença. Desde o dia 30 de março, seis mil pessoas já foram atendidas no local.
A
médica é categórica ao dizer que nenhuma epidemia, nem mesmo a de H1N1, se
compara ao desafio imposto pela Covid-19. “Elas não chegam nem perto do que
vivenciamos agora”, diz. “Na do [vírus] H1N1, eu lembro que a gente achou que fez
um ato heroico por montar dez leitos de UTI em 24 horas.”
Ela diz que os
brasileiros precisam entender sua responsabilidade social. “As pessoas estão
bebendo e comendo como se nada estivesse acontecendo e depois ainda encontram o
pai, o avô”, afirma. “Caminhamos para um número que está subindo como se fosse
a primeira onda. Isso, para mim, é de tirar o sono.”
A
médica diz que o Hospital das Clínicas não usa cloroquina e aposta na vacina
para combater a pandemia. "É preciso convencer a população a aderir à
imunização. “As vacinas estão passando por protocolos internacionais
extremamente rígidos. Qualquer vacina deve ser muito bem-vinda.” “Se tem uma
coisa que une a saúde, a vida e a economia é a vacina. Se nós tivermos vacina,
vidas serão salvas, o desemprego vai diminuir e as lojas e os restaurantes vão
abrir.”
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