segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Sob governo Lula, Brasil foi o país que mais vacinou contra H1N1 pelo sistema público

 

Ex-ministro Alexandre Padilha lembra que 80 milhões de brasileiros foram vacinados em apenas três meses

Vacinação contra H1N1 em São Paulo, em 2010 - Agência Brasil


O legado da campanha de vacinação implementada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em meio à pandemia do vírus H1N1, entre 2009 e 2010, deveria ser usado como exemplo pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) contra a covid-19. Essa é a visão do deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), então ministro da Saúde do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em 2010, o país foi o que mais vacinou cidadãos contra H1N1 pelo sistema público no mundo. A gripe A foi considerada uma pandemia global até agosto daquele ano, e matou 2,1 mil brasileiros.

A imunização contra o vírus H1N1 começou em março de 2010 e pretendia conter uma "segunda onda" de casos da doença no outono e no inverno.

O Ministério da Saúde definiu então cinco grupos prioritários para a vacinação: indígena, gestantes, portadores de doenças crônicas, crianças entre seis meses e dois anos de idade e jovens com idade entre 20 e 39 anos. Diferentemente da covid-19, os idosos não eram considerados grupo de risco.


Em 2008, Lula (PT) e o então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), se uniram para divulgar campanha de vacinação em massa contra gripe. Hoje, Bolsonaro (sem partido) e João Doria (PSDB) colocam disputa política acima da preocupação sanitária / Foto: Ricardo Stuckert


"O Brasil tem todas as condições financeiras, institucionais e técnicas de fazer um grande plano de vacinação para todos e todas. Na pandemia de H1N1, eu era ministro [da Saúde] do presidente Lula, e em 2010 foram mais de 100 milhões de pessoas vacinadas. Destas, 80 milhões em apenas três meses", ressalta Padilha.

"Temos instituições públicas, temos tradição, temos o SUS, temos pesquisadores que conhecem de vacina e temos todos os recursos necessários. O problema é que o governo Bolsonaro é contra o programa nacional de imunização", critica o ex-ministro.

O ano de 2019, o primeiro sob governo Bolsonaro, foi também o primeiro do século em que o Brasil não atingiu a meta de vacinação em crianças.

Embora tenha autorizado R$ 20 bilhões para compra de vacinas, Bolsonaro segue em um esforço de contrapropaganda da imunização. Ele próprio afirma que não pretende se vacinar e, em outubro prometeu que não liberaria a entrada da "vacina da China" – modo pejorativo como se refere à CoronaVac, modelo que está na fase 3 de testes.

Edição: Marina Duarte de Souza

Fonte: Brasil de Fato

Paraná confirma mais 41 mortes e 728 novos casos da Covid-19 neste domingo


(Foto: Geraldo Bubniak/AEN)

A Secretaria de Estado da Saúde divulgou neste domingo (20) mais 728 casos confirmados e 41 mortes em decorrência da infecção causada pelo novo coronavírus.

A Sesa registra também 927 casos confirmados retroativos do período entre 27 de março a 18 de dezembro. Os dados acumulados do monitoramento da Covid-19 mostram que o Paraná soma 373.062 casos e 7.252 mortos em decorrência da doença.

INTERNADOS – 1.606 pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 estão internados. São 1.260 pacientes em leitos SUS (635 em UTI e 625 em leitos clínicos/enfermaria) e 346 em leitos da rede particular (137 em UTI e 209 em leitos clínicos/enfermaria).

Há outros 1.239 pacientes internados, 485 em leitos UTI e 754 em enfermaria, que aguardam resultados de exames. Eles estão em leitos das redes pública e particular e são considerados casos suspeitos de infecção pelo Sars-CoV-2.

ÓBITOS – A secretaria estadual informa a morte de mais 41 pacientes. São 20 mulheres e 21 homens, com idades que variam de 22 a 96 anos. Os óbitos ocorreram entre 27 de novembro a 20 de de 20 de dezembro.

Os pacientes que foram a óbito residiam em: Curitiba (26) e Pato Branco (2). A Sesa registra ainda a morte de uma pessoa que residia em cada um dos seguintes municípios: Arapongas, Boa Esperança, Cascavel, Cornélio Procópio, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Guaratuba, Marechal Cândico Randon, Marialva, Pinhais, Ponta Grossa, Sarandi e Verê.

FORA DO PARANÁ – O monitoramento da Sesa registra 2.947 casos de residentes de fora, 60 pessoas foram a óbito.

Fonte: Bem Paraná

 

Arapongas registra 44 novos casos de Covid-19 e um óbito



Prefeitura de Arapongas, através da Secretaria Municipal de Saúde, informou neste domingo (20/12), o registro de 44 novos casos, nenhum curado e 01 óbito por COVID-19 no município. Agora o município chega a 6.314 casos dos quais 5.426 já estão curados (85,9%), 759 ainda estão com a doença e 129 infelizmente vieram a óbito. Ao todo, já foram realizados 31.758 testes. 
Sobre os casos, a Secretaria de Saúde informa que:
129º óbito, ocorrido em 19/12: Paciente do sexo masculino, 35 anos, sem comorbidades, realizou coleta do exame no dia 03/12 com resultado positivo divulgado no dia 03/12, internado em leito de enfermaria no dia 03/12 sendo transferido para leito de UTI após piora do quadro vindo a óbito em 19/12.
A Secretaria de Saúde se solidariza com os familiares.
O município possui 456 casos que aguardam resultados. Entre os resultados dos testes públicos e privados realizados no município foram divulgados 55 resultados negativos nesta data.
Os resultados abaixo divulgados são provenientes de exames realizados a partir do dia 15/12.
Entre os 44 casos confirmados, 23 são do sexo feminino com as respectivas idades: 11, 14, 20, 21, 21, 21, 24, 25, 29, 33, 34, 39, 41, 50, 52, 56, 56, 59, 59, 63, 72, 77 e 80 anos.
Do sexo masculino, foram diagnosticados 21 pacientes com as respectivas idades: 05, 05, 15, 18, 19, 20, 21, 24, 24, 25, 27, 27, 29, 32, 40, 43, 46, 45, 56, 64 e 66 anos.
Referente aos pacientes de Arapongas com COVID-19, o município possui 07 pacientes internados em leitos de UTI e 10 pacientes internados em leito de enfermaria.
Referente aos leitos hospitalares em Arapongas, a ocupação informada pelo hospital hoje é de 86,6% de dos 30 leitos de UTI e de 72,5% dos 40 leitos de enfermaria. 
Referente aos leitos hospitalares em Arapongas, houve aumento dos leitos exclusivos para COVID-19 do Hospital de referência pela SESA-PR a partir de 05/12. O Hospital conta atualmente com 30 leitos de UTI e 40 leitos de enfermaria.
A Secretaria de Saúde de Arapongas reforça a importância de que a população siga as orientações dos especialistas, mantendo os cuidados de higiene, usando máscaras e evitando aglomerações, inclusive em festas e confraternizações familiares.

Apucarana confirma mais dois óbitos e 42 novos casos de Covid-19 neste domingo



Apucarana confirmou mais dois óbitos e 42 novos casos de Covid-19 neste domingo (20). Agora, o município soma 3.564 registros da doença e 85 mortes.

Segundo boletim da Autarquia Municipal de Saúde (AMS), Apucarana tem 218 suspeitas em investigação e 2.677 recuperados.

Um dos óbitos registrados neste domingo é de um homem de 36 anos, que não tinha comorbidades. O outro é de uma idosa de 89 anos, que sofria de hipertensão arterial e diabetes.

Os 42 novos casos são de 15 homens e 27 mulheres.

 

domingo, 20 de dezembro de 2020

Em dissertação de mestrado, juíza federal conclui: Lava Jato manipulou processos contra Lula

 

A juíza Fabiana Alves Rodrigues concluiu que o Judiciário agiu com parcialidade e violou os direitos individuais em processos contra Lula na Lava Jato. Além disso, segundo a magistrada, o ex-presidente era o alvo central da força-tarefa desde o início de seus trabalhos

(Foto: Brasil247 | Abr)

247 - Em tese de mestrado em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), a juíza federal Fabiana Alves Rodrigues, substituta na 10.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, concluiu que a Operação Lava Jato e a Justiça Federal operaram em uma zona cinzenta que dá margem a questionamentos quanto ao cumprimento de preceitos básicos da democracia em processos contra o ex-presidente Lula.

Foram violados, por exemplo, segundo a especialista, princípios basilares como a imparcialidade do Judiciário e a garantia de direitos individuais.

A tese de Fabiana Rodrigues tornou-se livro: Lava Jato – Aprendizado Institucional e Ação Estratégica na Justiça

Comparando ações contra Lula e outros processos tanto na 13.ª Vara Criminal de Curitiba quanto no TRF-4, a juíza verificou que magistrados aceleraram a condenação no caso do triplex do Guarujá para impedir que o ex-presidente concorresse nas eleições de 2018.

O estudo ainda confirmou que Lula era o alvo desde o início da operação. "Dizendo claramente: se a condenação de Lula em segunda instância não tivesse ocorrido a tempo de impedir sua candidatura, a pena imposta ao alvo central da operação não seria aplicada se ele vencesse em 2018. É interessante destacar que a escolha política dos atores do Judiciário Federal, que, tendo em mãos a opção de deixar sob as rédeas do eleitor o controle político da responsabilidade de Lula sobre os desvios na Petrobras, optaram por excluir essa possibilidade para fazer prevalecer a caneta dos togados”.

 

Morre Nicette Bruno, aos 87 anos, vítima da Covid-19

Nicette estava internada no CTI em uma clínica no Rio de Janeiro. Ela deixa três filhos

Nicette Bruno (Foto: Divulgação)

247 - Morreu neste domingo (20), aos 87 anos, a atriz Nicette Bruno, vítima de complicações da Covid-19, segundo o jornal O Globo. Ela estava internada no CTI da Clínica São José, na Zona Sul do Rio.

Pelo Instagram, a filha da artista, Beth Goulart, contou que a mãe chegou com quadro estável na unida de saúde, mas piorou com o passar dos dias e precisou ser intubada.

Boletim médico divulgado neste domingo dava conta de que o quadro da atriz havia piorado.

Nicette deixa três filhos.

Sua última aparição na TV foi em ''Éramos seis''.

  

Bolsonaro volta a atacar a imprensa e nega atuação do "gabinete do ódio"

 O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não há provas da atuação do chamado "gabinete do ódio", uma referência à ala ideológica do Palácio do Planalto, que adota um estilo beligerante nas redes sociais. A afirmação foi feita durante entrevista ao próprio filho e deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), publicada em um canal do YouTube neste sábado, 19.

O chamado "gabinete do ódio" existe, sendo composto pelos assessores Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz, além do vereador Carlos Bolsonaro, filho 02 do presidente. A existência do grupo, que tem inserção nas redes sociais de Bolsonaro, foi revelada pelo Estadão em setembro de 2019.

"Inventam essas coisas, atacam covardemente o garoto lá, o Tércio, o Mateus, o Carlos. Agora me aponte uma materialidade, uma matéria feita pelo gabinete do ódio, não apontam nada. O tempo todo é dizendo que o gabinete do ódio faz isso ou aquilo, mas não apontam o que fez", disse Jair Bolsonaro, em defesa dos assessores e do filho Carlos.

A afirmação do presidente vem dias após o Estadão revelar que o gabinete do ódio ajudou canais do YouTube que estão na mira da Polícia Federal por suspeita de disseminação de conteúdo contra as instituições da República, no chamado inquérito dos atos antidemocráticos. Alguns donos de canais tinham acesso privilegiado, imagens exclusivas enviadas via WhatsApp e intermediários na interlocução com o presidente e chegaram a faturar R$ 100 mil por mês. Após a publicação da reportagem, o governo afirmou, em nota, que está prestando esclarecimentos à Justiça e chamou de 'ilação' ligação com a rede do ódio sob investigação.

No inquérito que tramita no Supremo sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, a Polícia Federal perguntou aos assessores e ao filho Carlos Bolsonaro se eles produziram ou encaminharam mensagens que buscam causar instabilidade entre as Forças Armadas e o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, ou se apoiaram algum tipo de ruptura na ordem democrática. Todos negaram.

Os investigadores também rastreiam o destino do dinheiro obtido com a monetização dos canais do YouTube. Parlamentares da base bolsonaristas também são investigados. O caso ainda não foi concluído pela PF. Após, a Procuradoria-Geral da República, que pediu a abertura da apuração, deverá decidir se apresenta denúncia criminal.

Segundo Bolsonaro, as referências ao gabinete do ódio são formas de atacar o Palácio. "São pessoas que, como não têm o que atacar no governo, são dois anos sem corrupção, então têm que falar essas besteiras que falam o tempo todo", disse o presidente.

O presidente disse que a imprensa anuncia demissões que não se confirmam entre seus ministérios. "Toda semana estou trocando ministro, essa semana começou com outro ministro que seria trocado, o Ernesto", comentou.

"O pessoal fala que eu devo reagir. Se eu falo que não vou demitir o ministro Ernesto, eles dizem que recuou", disse, gargalhando, para depois partir para o ataque a veículos de comunicação. "É uma imprensa canalha, que não vale nada. E um detalhe. Por que são bravos comigo? Mais de R$ 1 bilhão por ano que faturavam de propaganda oficial de governo previsto para orçamento ou de dinheiro de estatais ou de bancos, e o dinheiro não é para gastar com essa imprensa que é mestre de fake news. Nesse ano, cancelei todos os contratos de compra de jornais e periódicos. Não assina mais. E ai se eu pegar um ministério com (jornais), o ministro vai ter problema", disse.

O presidente afirmou, ainda, que o brasileiro é desinformado e que não deve ler a imprensa. "Se você não lê jornal, você não tem informação. Se você lê, você está desinformado. Não leia esse lixo, não leia jornais. Vá na internet, tem muitos blogs que prestam boas informações, e assim você tem que se preparar para vencer primeiro a guerra de informação e depois vencer outras guerras também", disse.

Bolsonaro agradeceu a mobilização da militância digital de apoiadores que tem nas redes sociais. "Essas pessoas que me elegeram. Essas pessoas anônimas são quem mudou o país. Continuem trabalhando para mostrar a verdade", disse.

Fonte: Bem Paraná com Amanda Pupo, Breno Pires e André Borges - Estadão Conteúdo

Aumento da fome deve reforçar luta por reforma agrária em 2021, diz dirigente do MST

 

Kelli Mafort analisa o agravamento da crise no país, faz balanço de 2020 e enfatiza: “Prioridade é salvar vidas”

MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina - Divulgação/MST

A perda de renda das famílias brasileiras e o agravamento da fome devem fortalecer a luta por reforma agrária no ano que vem. Essa é a avaliação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que lançou em dezembro seu Caderno de Formação nº 53, intitulado “A luta de classes no campo e a luta por reforma agrária popular”.

“Não é uma questão de escolha. É uma questão de necessidade”, ressalta Kelli Mafort, que integra a direção nacional do movimento. “Com o fim do auxílio emergencial, os índices ligados à extrema pobreza devem aumentar, com a falta de perspectiva de trabalho e renda, e a reforma agrária virá com muita força no ano de 2021”, prevê a liderança.

O MST reconhece que a pandemia continua sendo um limitador para a organização popular, uma vez que impede as aglomerações e impõe a necessidade de distanciamento social. Em 2020, as ocupações de terras pelo movimento foram interrompidas para não expor os camponeses ao coronavírus.

“Para nós, a prioridade é salvar vidas, aquelas que estão sendo desprezadas pelo governo brasileiro em uma campanha negacionista, antivacina”, reforça Mafort. “Estaremos junto com os movimentos na rua assim que a vacina [da covid-19] nos assegurar essa possibilidade”, completa.

Balanço de 2020

O MST participou de duas disputas frontais com o agronegócio que tiveram repercussão nacional em 2020.

A primeira foi em meados de agosto, quando ocorreu o despejo violento de duas áreas do acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG), onde viviam sete famílias. A região é ocupada há mais de 20 anos por 450 famílias camponesas, que se notabilizaram pela produção do Café Guaií, um dos carros-chefes da produção agroecológica do MST.

principal beneficiário do despejo foi João Faria da Silva, dono da marca Terra Forte e um dos maiores exportadores de café do mundo.

“Essa disputa tem uma simbologia interessante, porque são duas produções de café com relações sociais completamente distintas”, analisa Mafort. “Por um lado, trabalho análogo à escravidão, expropriação de terras, de direitos. Por outro, o Café Guaií, que representa a agroecologia, que brota de uma luta pela divisão de terras, contra o machismo”.

O MST considera que o governador Romeu Zema (Novo), que autorizou o uso da força contra o acampamento, representa os mesmos interesses de Bolsonaro, e que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi subserviente ao projeto do agronegócio ao autorizar o despejo em plena pandemia.

O segundo episódio de grande repercussão foi protagonizado pelo secretário de Assuntos Fundiários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Nabhan Garcia, ex-presidente da UDR. A Força Nacional foi enviada a assentamentos do MST no Sul da Bahia sem a autorização do governador Rui Costa (PT), e voltou sem cumprir seu objetivo após questionamento do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Na prática, o que eles tentam é dividir e cooptar as famílias”, avalia Mafort. “Dessas duas ações, ficou a lição de muita resistência e organização da nossa base e de muita mobilização da sociedade brasileira, com forte apoio internacional nos dois episódios”.

Solidariedade ativa

Mais que qualquer embate, o ano de 2020 ficará marcado pela solidariedade. O MST doou quase 4 mil toneladas de alimentos da agricultura familiar para famílias em situação de vulnerabilidade social. Só no Paraná, por exemplo, foram 442 toneladas de alimentos doados, oriundos da produção de 52 acampamentos e 121 assentamentos da reforma agrária.

“A solidariedade se impôs como uma necessidade, e os movimentos populares foram os primeiros a perceber isso, antes do Estado ou de qualquer empresa”, lembra a dirigente do MST. “Nosso alimento encontrou panelas vazias, em uma situação desesperadora.”

“Com a campanha Periferia Viva, fizemos uma solidariedade ativa, orgânica, ‘provocando’ as pessoas que recebem o alimento a também se organizar e se mobilizar”, completa Mafort.

Para ontem

O Plano Emergencial da Reforma Agrária Popular, lançado pelo MST em junho, estabelece como medida urgente, por exemplo, a expropriação de terras de sonegadores fiscais para assentamento de famílias camponesas. O documento também propõe o uso de terras próximas a centros urbanos, em parceria com municípios, para produção de alimentos, garantindo terra, trabalho, teto e alimentos saudáveis para famílias empobrecidas e criando um “cinturão verde” em torno das cidades.

Em 9 de dezembro, o MST protocolou uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no STF questionando a paralisação dos 413 processos de desapropriação e aquisição de terras para reforma agrária ao início do governo Bolsonaro e pedindo a destinação de terras públicas para a reforma agrária, como previsto na Constituição.

“O ano de 2021 vai ser muito difícil, do ponto de vista dos embates que teremos. E, com certeza, a sociedade brasileira poderá contar com o MST, seja nas ações de solidariedade – que não pararam por nenhum dia e vão continuar –, seja nos trabalhos de base, organizando o povo para lutar e derrotar esse projeto de morte”, finaliza Mafort.

Edição: Mauro Ramos

Fonte: Brasil de Fato

Militares da reserva receberão R$ 3.500 mensais para cargos em escolas do Paraná

Porte de arma de fogo é pré-requisito; candidatos são dispensados de exame de saúde mental

Estado do Paraná deve contratar 806 policiais da reserva para os cargos de diretor cívico-militar e monitor cívico-militar - Geraldo Bubniak/AEN


O governo do Paraná iniciou o processo de militarização de escolas públicas. O edital de seleção de policiais militares da reserva para ocuparem os cargos de diretor cívico-militar e monitor cívico-militar em 199 escolas prevê a contratação de 806 policiais. As inscrições encerraram na última sexta-feira (18).

As ações de gestão pedagógica e gestão administrativa nas áreas de infraestrutura, patrimônio, finanças e segurança, além do monitoramento de atividades extracurriculares passarão a ser feitas por policiais militares da reserva.

Uma das condições para a inscrição é que o candidato esteja com porte de arma de fogo vigente. Há ainda a informação de que aqueles que tiverem esse porte “estarão dispensados de exame de aptidão de saúde mental”.

O edital prevê ainda que os contratados receberão “diárias especiais”, além do valor específico que já recebem como militares da reserva. O valor total previsto para tais diárias é de R$ 3.500 ao mês. A divulgação do resultado e convocação estão previstas para fevereiro de 2021.

No processo de militarização, há a estimativa de que serão destinados R$ 80 milhões dos recursos da educação para reformas e compra de uniformes somente para escolas militares.

Presidente da APP-Sindicato, o professor Hermes Leão lembra que o processo de militarização se inicia num período em que profissionais da educação contratados temporariamente correm o risco de perder seus cargos durante a pandemia. 

“Oitocentos policiais aposentados serão empregados na militarização de 200 escolas estaduais do Paraná. Enquanto isso, o secretário Renato Feder pretende desempregar 29 mil professores e funcionários, que há anos contribuem com a educação dos estudantes paranaenses, em meio à pandemia”, afirma.

Há meses a APP-Sindicato luta pela suspensão da militarização, pela prorrogação dos contratos de profissionais temporários e pela anulação do edital, que prevê provas presenciais para contratação de novos profissionais temporários.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Frédi Vasconcelos

  

Bolsonaro diz que Guedes não sai do governo e exalta torturador Ustra

 

Guedes tem enfrentando dificuldades dentro do Congresso, e até mesmo no governo, para implementar diversas medidas da sua agenda econômica, como as privatizações

Fachada do Ministro da Economia e Bolsonaro com Paulo Guedes (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado | Reuters)

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em vídeo publicado neste sábado, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a ele que só deixará o governo no fim do mandato, mas reconheceu que o ministro fica irritado e chateado diante da dificuldade de implementação da agenda econômica

Em entrevista concedida ao filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente foi questionado se Guedes já demonstrou interesse em deixar o governo. “Não demonstrou para mim”, afirmou o presidente.

“Lógico que a gente vê que, de vez em quando, ele fica irritado, porque certas medidas dependem de votações. Eu sei como funciona o Parlamento, ele está aprendendo ainda”, disse Bolsonaro.

“Ele quer resolver e fica chateado. No tocando a sair, ele falou que vai sair comigo quando acabar o meu mandato”, acrescentou.

Guedes tem enfrentando dificuldades dentro do Congresso, e até mesmo no governo, para implementar diversas medidas da sua agenda econômica, como as privatizações. O ministro já reclamou em público que “acordos políticos” dificultam o seu trabalho.

Na entrevista ao filho, que foi divulgada nas redes sociais do deputado, Bolsonaro também acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ter deixado caducar a medida provisória da regularização fundiária, que, segundo Bolsonaro, ajudaria a combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia.

Ambientalistas, no entanto, afirmam que a MP representaria a legalização da grilagem. Por ser considerado polêmico, o texto não foi votado no Congresso durante a pandemia de Covid-19.

Na quinta-feira, Bolsonaro também acusou Maia de ter deixado caducar a MP que autorizaria o pagamento da 13ª parcela a beneficiários do Bolsa Família este ano, o que foi posteriormente negado pelo próprio governo. Segundo Guedes, a equipe econômica pediu que a MP não fosse votada devido ao impacto fiscal.

Bolsonaro também aproveitou a entrevista para afirmar que espera que o próximo presidente da Câmara coloque em votação medidas do interesse de sua base eleitoral, como a ampliação do acesso a armas. O governo apoia a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), que irá enfrentar um candidato ainda não definido do grupo de Maia.

Questionado na entrevista sobre a declaração que deu, como deputado federal, ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, quando citou o ex-chefe do principal órgão de repressão da ditadura militar, o DOI-Codi, Carlos Alberto Brilhante Ustra, Bolsonaro disse que aproveitou a ocasião para “resgatar a honra e a memória de um grande brasileiro”.

Ustra é apontado como autor de torturas e violações de direitos humanos durante o período do regime militar.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

 

Pesquisador alerta: Brasil pode chegar a 2,5 mil mortes diárias, se não houver maior distanciamento social

 

O cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19 – grupo multidisciplinar que coleta e analisa dados relativos à pandemia no Brasil – alerta que o crescimento de casos e de mortos, que pode ser ainda maior após as festas de fim de ano

Cemitério Tarumã em Manaus. 15 de outubro de 2020 (Foto: Valdo Leão / Semcom)

Da Rede Brasil Atual – O Brasil volta a rondar a média de mil mortos por dia em decorrência da covid-19. Nesta quinta-feira (17), o país voltou a ultrapassar a marca das mil mortes (foram 1.091) em 24 horas, segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). As vítimas diárias da infecção não atingiam esse patamar há mais de dois meses. A média móvel de óbitos – soma de todas as confirmações dos últimos sete dias, dividida por sete – chegou a 723, pior resultado em quase três meses.

Naquela quinta-feira, além das 1.091 mortes, foram registrados ainda 69.825 novos casos da doença no país. Já na sexta (18), os novos óbitos foram 824 e os novos casos notificados, 52.545. Com isso, já são 185.650 vidas perdidas e 7.1162.978 infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, em março. 

Sem mudanças de rumo na condução da pandemia, a previsão é que a situação possa se agravar com resultados ainda mais trágicos para o início do próximo ano. Em entrevista nesta sexta-feira (18) a Glauco Faria, do Jornal Brasil Atual, o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19 – grupo multidisciplinar que coleta e analisa dados relativos à pandemia no Brasil – alerta que o crescimento de casos e de mortos, que pode ser ainda maior após as festas de fim de ano com as aglomerações previstas, tem o risco de ser emendado por um pico de notificações da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que acontece todos os anos, a partir da 7ª semana do ano, de 9 a 15 de fevereiro. 

SRAG e Covid 

A SRAG tem um “comportamento padrão”, como explica Isaac, em que os casos costumam disparar da 7ª até a 15º semana, até por conta da mudança de estação climática para o outono. Dados do sistema Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram que a queda de notificações se acentua de vez por volta da 26ª semana, atingindo baixos níveis em novembro e dezembro. Uma tendência que não se concretizou em 2020 por conta da pandemia, que, ao contrário, fez disparar os casos de SRAG, principalmente a partir da 43ª semana epidemiológica. 

O cientista alerta que o Brasil vive um aumento da síndrome “totalmente fora de época, que está se prolongando devido ao comportamento da população e às poucas medidas de restrição de mobilidade”. Em seu twitter, Isaac já havia alertado que, ao manter esse número elevado, o risco é de “catástrofe” caso esse aumento permaneça até as semanas 7 a 12 de 2021. “Se estamos com 900 óbitos (de covid-19) por dia agora (em dezembro), poderemos ter três vezes isso lá no início de 2021. Ou seja, em torno de 2.500 óbitos, como os Estados Unidos”, projetou o coordenador da Rede Análise Covid-19.

Jovens contaminados

Esse crescimento do número de casos acompanha não apenas o relaxamento da quarentena, mas também uma mudança no perfil de infectados. Na cidade de São Paulo, por exemplo, desde outubro, são os mais jovens que passaram a ser os responsáveis pela maior parte das infecções e internações em decorrência da covid-19. Conforme reportado pela RBA, os pacientes dos 20 aos 39 anos representam atualmente 40% dos casos. 

Entre março a novembro, o principal volume de internações era de pacientes que tinham entre 55 a 75 anos. O grupo ainda representava 77% dos infectados com quadros graves que compuseram as principais estatísticas de mortalidade da covid-19. O cenário é semelhante em outras capitais brasileiras, como Belo Horizonte, que vêm concentrando casos na parcela jovem da população. O que também tem contribuído para um percentual menor de óbitos. Em São Paulo, eles representam 3,6% das mortes contabilizadas. 

Há, no entanto, algumas implicações na alto grau de contaminação dos jovens, observa Isaac. De acordo com ele esse é o grupo com maior mobilidade. Frequentam “festas e bares, e como eles ficam com poucos sintomas continuam móveis. E agora estamos chegando numa época, com natal e ano novo, que geralmente tem a tradição de reunir todas as gerações da família. Se encontram com avôs, avós, tios, mães. E quando acontece isso pode gerar esse efeito cascata da contaminação, até chegar nos idosos, que começam o pico de óbitos e os hospitais lotam mais”, prevê. 

Canadá, trágico exemplo 

O coordenador da Rede Análise Covid-19 compara a situação ao surto de casos do novo coronavírus no Canadá. Sete dias após o Dia de Ação de Graças, o Thanksgiving, no dia 12 de outubro, a taxa de transmissão do vírus passou de 1,04 para 1,18. Sendo que, quanto maior o número, cada infectado transmite a doença para mais pessoas. 

Em novembro, o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, precisou cobrar dos líderes regionais um aumento das restrições. Atualmente, segundo a Agência Einstein de Notícias, o Canadá segue em alta, com mais de sete mil notificações por dia de casos de covid-19. Algumas províncias, entre elas Ontário, decretaram um novo lockdown. 

“E a situação do Brasil é que já estamos chegando perto desse pico de óbitos mesmo antes das festividades de fim de ano. Se a projeção seguir o que aconteceu no Canadá podemos ter uma explosão de casos e de óbitos em janeiro”, aponta Isaac. 

Só distanciamento salva

Segundo ele, o risco de transmissão dos jovens para os idosos, a emenda com o pico de SRAG podem também se acumular com a situação de calamidade de algumas unidades de saúde. Em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde o cientista de dados vive, diretores dos seis hospitais da cidade e o prefeito Flávio Cassina (PTB) declararam, nesta quinta, o colapso da rede hospital e apelaram para que a população adote as medidas de prevenção ao coronavírus. 

Isaac contesta a estratégia. “Essa é uma doença social, ela ataca a sociedade como um todo”, diz. Isso torna, segundo ele, insuficiente o apelo das autoridades para comportamentos individuais. Para o cientista de dados, a mídia e os líderes governamentais precisam rediscutir a importância das medidas de distanciamento social, deixadas em segundo plano diante da possibilidade de uma vacina contra a covid-19. “Temos que lembrar às pessoas que precisamos ter a menor mobilidade possível. Que precisamos fazer apenas o essencial (fora de casa) e com cuidados de máscara, higiene, distanciamento físico, preferir o trabalho remoto, se for possível”, sugere. 

“Penso que estamos presos numa ilha. Essa pandemia é como se estivéssemos presos numa ilha e nossa vida estivesse fora dela. Estamos presos, mas conseguimos o resgate, entramos em contato e eles vão nos buscar, que nesse caso é a vacina. Só que vai demorar para chegar o resgate e está vindo um tsunami e esse tsunami vai chegar antes do resgate. Então o que temos que fazer é se proteger o máximo possível desse tsunami, antes do resgate chegar, para as pessoas estarem vivas. Para quando chegar o resgate nós não termos perdidos mais um monte de vidas com esse tsunami”, compara Isaac Schrarstzhaupt. 

Fonte: Brasil 247 com RBA