domingo, 20 de dezembro de 2020

Bolsonaro volta a atacar a imprensa e nega atuação do "gabinete do ódio"

 O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não há provas da atuação do chamado "gabinete do ódio", uma referência à ala ideológica do Palácio do Planalto, que adota um estilo beligerante nas redes sociais. A afirmação foi feita durante entrevista ao próprio filho e deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), publicada em um canal do YouTube neste sábado, 19.

O chamado "gabinete do ódio" existe, sendo composto pelos assessores Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz, além do vereador Carlos Bolsonaro, filho 02 do presidente. A existência do grupo, que tem inserção nas redes sociais de Bolsonaro, foi revelada pelo Estadão em setembro de 2019.

"Inventam essas coisas, atacam covardemente o garoto lá, o Tércio, o Mateus, o Carlos. Agora me aponte uma materialidade, uma matéria feita pelo gabinete do ódio, não apontam nada. O tempo todo é dizendo que o gabinete do ódio faz isso ou aquilo, mas não apontam o que fez", disse Jair Bolsonaro, em defesa dos assessores e do filho Carlos.

A afirmação do presidente vem dias após o Estadão revelar que o gabinete do ódio ajudou canais do YouTube que estão na mira da Polícia Federal por suspeita de disseminação de conteúdo contra as instituições da República, no chamado inquérito dos atos antidemocráticos. Alguns donos de canais tinham acesso privilegiado, imagens exclusivas enviadas via WhatsApp e intermediários na interlocução com o presidente e chegaram a faturar R$ 100 mil por mês. Após a publicação da reportagem, o governo afirmou, em nota, que está prestando esclarecimentos à Justiça e chamou de 'ilação' ligação com a rede do ódio sob investigação.

No inquérito que tramita no Supremo sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, a Polícia Federal perguntou aos assessores e ao filho Carlos Bolsonaro se eles produziram ou encaminharam mensagens que buscam causar instabilidade entre as Forças Armadas e o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, ou se apoiaram algum tipo de ruptura na ordem democrática. Todos negaram.

Os investigadores também rastreiam o destino do dinheiro obtido com a monetização dos canais do YouTube. Parlamentares da base bolsonaristas também são investigados. O caso ainda não foi concluído pela PF. Após, a Procuradoria-Geral da República, que pediu a abertura da apuração, deverá decidir se apresenta denúncia criminal.

Segundo Bolsonaro, as referências ao gabinete do ódio são formas de atacar o Palácio. "São pessoas que, como não têm o que atacar no governo, são dois anos sem corrupção, então têm que falar essas besteiras que falam o tempo todo", disse o presidente.

O presidente disse que a imprensa anuncia demissões que não se confirmam entre seus ministérios. "Toda semana estou trocando ministro, essa semana começou com outro ministro que seria trocado, o Ernesto", comentou.

"O pessoal fala que eu devo reagir. Se eu falo que não vou demitir o ministro Ernesto, eles dizem que recuou", disse, gargalhando, para depois partir para o ataque a veículos de comunicação. "É uma imprensa canalha, que não vale nada. E um detalhe. Por que são bravos comigo? Mais de R$ 1 bilhão por ano que faturavam de propaganda oficial de governo previsto para orçamento ou de dinheiro de estatais ou de bancos, e o dinheiro não é para gastar com essa imprensa que é mestre de fake news. Nesse ano, cancelei todos os contratos de compra de jornais e periódicos. Não assina mais. E ai se eu pegar um ministério com (jornais), o ministro vai ter problema", disse.

O presidente afirmou, ainda, que o brasileiro é desinformado e que não deve ler a imprensa. "Se você não lê jornal, você não tem informação. Se você lê, você está desinformado. Não leia esse lixo, não leia jornais. Vá na internet, tem muitos blogs que prestam boas informações, e assim você tem que se preparar para vencer primeiro a guerra de informação e depois vencer outras guerras também", disse.

Bolsonaro agradeceu a mobilização da militância digital de apoiadores que tem nas redes sociais. "Essas pessoas que me elegeram. Essas pessoas anônimas são quem mudou o país. Continuem trabalhando para mostrar a verdade", disse.

Fonte: Bem Paraná com Amanda Pupo, Breno Pires e André Borges - Estadão Conteúdo

Aumento da fome deve reforçar luta por reforma agrária em 2021, diz dirigente do MST

 

Kelli Mafort analisa o agravamento da crise no país, faz balanço de 2020 e enfatiza: “Prioridade é salvar vidas”

MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina - Divulgação/MST

A perda de renda das famílias brasileiras e o agravamento da fome devem fortalecer a luta por reforma agrária no ano que vem. Essa é a avaliação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que lançou em dezembro seu Caderno de Formação nº 53, intitulado “A luta de classes no campo e a luta por reforma agrária popular”.

“Não é uma questão de escolha. É uma questão de necessidade”, ressalta Kelli Mafort, que integra a direção nacional do movimento. “Com o fim do auxílio emergencial, os índices ligados à extrema pobreza devem aumentar, com a falta de perspectiva de trabalho e renda, e a reforma agrária virá com muita força no ano de 2021”, prevê a liderança.

O MST reconhece que a pandemia continua sendo um limitador para a organização popular, uma vez que impede as aglomerações e impõe a necessidade de distanciamento social. Em 2020, as ocupações de terras pelo movimento foram interrompidas para não expor os camponeses ao coronavírus.

“Para nós, a prioridade é salvar vidas, aquelas que estão sendo desprezadas pelo governo brasileiro em uma campanha negacionista, antivacina”, reforça Mafort. “Estaremos junto com os movimentos na rua assim que a vacina [da covid-19] nos assegurar essa possibilidade”, completa.

Balanço de 2020

O MST participou de duas disputas frontais com o agronegócio que tiveram repercussão nacional em 2020.

A primeira foi em meados de agosto, quando ocorreu o despejo violento de duas áreas do acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG), onde viviam sete famílias. A região é ocupada há mais de 20 anos por 450 famílias camponesas, que se notabilizaram pela produção do Café Guaií, um dos carros-chefes da produção agroecológica do MST.

principal beneficiário do despejo foi João Faria da Silva, dono da marca Terra Forte e um dos maiores exportadores de café do mundo.

“Essa disputa tem uma simbologia interessante, porque são duas produções de café com relações sociais completamente distintas”, analisa Mafort. “Por um lado, trabalho análogo à escravidão, expropriação de terras, de direitos. Por outro, o Café Guaií, que representa a agroecologia, que brota de uma luta pela divisão de terras, contra o machismo”.

O MST considera que o governador Romeu Zema (Novo), que autorizou o uso da força contra o acampamento, representa os mesmos interesses de Bolsonaro, e que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi subserviente ao projeto do agronegócio ao autorizar o despejo em plena pandemia.

O segundo episódio de grande repercussão foi protagonizado pelo secretário de Assuntos Fundiários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Nabhan Garcia, ex-presidente da UDR. A Força Nacional foi enviada a assentamentos do MST no Sul da Bahia sem a autorização do governador Rui Costa (PT), e voltou sem cumprir seu objetivo após questionamento do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Na prática, o que eles tentam é dividir e cooptar as famílias”, avalia Mafort. “Dessas duas ações, ficou a lição de muita resistência e organização da nossa base e de muita mobilização da sociedade brasileira, com forte apoio internacional nos dois episódios”.

Solidariedade ativa

Mais que qualquer embate, o ano de 2020 ficará marcado pela solidariedade. O MST doou quase 4 mil toneladas de alimentos da agricultura familiar para famílias em situação de vulnerabilidade social. Só no Paraná, por exemplo, foram 442 toneladas de alimentos doados, oriundos da produção de 52 acampamentos e 121 assentamentos da reforma agrária.

“A solidariedade se impôs como uma necessidade, e os movimentos populares foram os primeiros a perceber isso, antes do Estado ou de qualquer empresa”, lembra a dirigente do MST. “Nosso alimento encontrou panelas vazias, em uma situação desesperadora.”

“Com a campanha Periferia Viva, fizemos uma solidariedade ativa, orgânica, ‘provocando’ as pessoas que recebem o alimento a também se organizar e se mobilizar”, completa Mafort.

Para ontem

O Plano Emergencial da Reforma Agrária Popular, lançado pelo MST em junho, estabelece como medida urgente, por exemplo, a expropriação de terras de sonegadores fiscais para assentamento de famílias camponesas. O documento também propõe o uso de terras próximas a centros urbanos, em parceria com municípios, para produção de alimentos, garantindo terra, trabalho, teto e alimentos saudáveis para famílias empobrecidas e criando um “cinturão verde” em torno das cidades.

Em 9 de dezembro, o MST protocolou uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no STF questionando a paralisação dos 413 processos de desapropriação e aquisição de terras para reforma agrária ao início do governo Bolsonaro e pedindo a destinação de terras públicas para a reforma agrária, como previsto na Constituição.

“O ano de 2021 vai ser muito difícil, do ponto de vista dos embates que teremos. E, com certeza, a sociedade brasileira poderá contar com o MST, seja nas ações de solidariedade – que não pararam por nenhum dia e vão continuar –, seja nos trabalhos de base, organizando o povo para lutar e derrotar esse projeto de morte”, finaliza Mafort.

Edição: Mauro Ramos

Fonte: Brasil de Fato

Militares da reserva receberão R$ 3.500 mensais para cargos em escolas do Paraná

Porte de arma de fogo é pré-requisito; candidatos são dispensados de exame de saúde mental

Estado do Paraná deve contratar 806 policiais da reserva para os cargos de diretor cívico-militar e monitor cívico-militar - Geraldo Bubniak/AEN


O governo do Paraná iniciou o processo de militarização de escolas públicas. O edital de seleção de policiais militares da reserva para ocuparem os cargos de diretor cívico-militar e monitor cívico-militar em 199 escolas prevê a contratação de 806 policiais. As inscrições encerraram na última sexta-feira (18).

As ações de gestão pedagógica e gestão administrativa nas áreas de infraestrutura, patrimônio, finanças e segurança, além do monitoramento de atividades extracurriculares passarão a ser feitas por policiais militares da reserva.

Uma das condições para a inscrição é que o candidato esteja com porte de arma de fogo vigente. Há ainda a informação de que aqueles que tiverem esse porte “estarão dispensados de exame de aptidão de saúde mental”.

O edital prevê ainda que os contratados receberão “diárias especiais”, além do valor específico que já recebem como militares da reserva. O valor total previsto para tais diárias é de R$ 3.500 ao mês. A divulgação do resultado e convocação estão previstas para fevereiro de 2021.

No processo de militarização, há a estimativa de que serão destinados R$ 80 milhões dos recursos da educação para reformas e compra de uniformes somente para escolas militares.

Presidente da APP-Sindicato, o professor Hermes Leão lembra que o processo de militarização se inicia num período em que profissionais da educação contratados temporariamente correm o risco de perder seus cargos durante a pandemia. 

“Oitocentos policiais aposentados serão empregados na militarização de 200 escolas estaduais do Paraná. Enquanto isso, o secretário Renato Feder pretende desempregar 29 mil professores e funcionários, que há anos contribuem com a educação dos estudantes paranaenses, em meio à pandemia”, afirma.

Há meses a APP-Sindicato luta pela suspensão da militarização, pela prorrogação dos contratos de profissionais temporários e pela anulação do edital, que prevê provas presenciais para contratação de novos profissionais temporários.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Frédi Vasconcelos

  

Bolsonaro diz que Guedes não sai do governo e exalta torturador Ustra

 

Guedes tem enfrentando dificuldades dentro do Congresso, e até mesmo no governo, para implementar diversas medidas da sua agenda econômica, como as privatizações

Fachada do Ministro da Economia e Bolsonaro com Paulo Guedes (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado | Reuters)

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em vídeo publicado neste sábado, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a ele que só deixará o governo no fim do mandato, mas reconheceu que o ministro fica irritado e chateado diante da dificuldade de implementação da agenda econômica

Em entrevista concedida ao filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente foi questionado se Guedes já demonstrou interesse em deixar o governo. “Não demonstrou para mim”, afirmou o presidente.

“Lógico que a gente vê que, de vez em quando, ele fica irritado, porque certas medidas dependem de votações. Eu sei como funciona o Parlamento, ele está aprendendo ainda”, disse Bolsonaro.

“Ele quer resolver e fica chateado. No tocando a sair, ele falou que vai sair comigo quando acabar o meu mandato”, acrescentou.

Guedes tem enfrentando dificuldades dentro do Congresso, e até mesmo no governo, para implementar diversas medidas da sua agenda econômica, como as privatizações. O ministro já reclamou em público que “acordos políticos” dificultam o seu trabalho.

Na entrevista ao filho, que foi divulgada nas redes sociais do deputado, Bolsonaro também acusou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ter deixado caducar a medida provisória da regularização fundiária, que, segundo Bolsonaro, ajudaria a combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia.

Ambientalistas, no entanto, afirmam que a MP representaria a legalização da grilagem. Por ser considerado polêmico, o texto não foi votado no Congresso durante a pandemia de Covid-19.

Na quinta-feira, Bolsonaro também acusou Maia de ter deixado caducar a MP que autorizaria o pagamento da 13ª parcela a beneficiários do Bolsa Família este ano, o que foi posteriormente negado pelo próprio governo. Segundo Guedes, a equipe econômica pediu que a MP não fosse votada devido ao impacto fiscal.

Bolsonaro também aproveitou a entrevista para afirmar que espera que o próximo presidente da Câmara coloque em votação medidas do interesse de sua base eleitoral, como a ampliação do acesso a armas. O governo apoia a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), que irá enfrentar um candidato ainda não definido do grupo de Maia.

Questionado na entrevista sobre a declaração que deu, como deputado federal, ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, quando citou o ex-chefe do principal órgão de repressão da ditadura militar, o DOI-Codi, Carlos Alberto Brilhante Ustra, Bolsonaro disse que aproveitou a ocasião para “resgatar a honra e a memória de um grande brasileiro”.

Ustra é apontado como autor de torturas e violações de direitos humanos durante o período do regime militar.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

 

Pesquisador alerta: Brasil pode chegar a 2,5 mil mortes diárias, se não houver maior distanciamento social

 

O cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19 – grupo multidisciplinar que coleta e analisa dados relativos à pandemia no Brasil – alerta que o crescimento de casos e de mortos, que pode ser ainda maior após as festas de fim de ano

Cemitério Tarumã em Manaus. 15 de outubro de 2020 (Foto: Valdo Leão / Semcom)

Da Rede Brasil Atual – O Brasil volta a rondar a média de mil mortos por dia em decorrência da covid-19. Nesta quinta-feira (17), o país voltou a ultrapassar a marca das mil mortes (foram 1.091) em 24 horas, segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). As vítimas diárias da infecção não atingiam esse patamar há mais de dois meses. A média móvel de óbitos – soma de todas as confirmações dos últimos sete dias, dividida por sete – chegou a 723, pior resultado em quase três meses.

Naquela quinta-feira, além das 1.091 mortes, foram registrados ainda 69.825 novos casos da doença no país. Já na sexta (18), os novos óbitos foram 824 e os novos casos notificados, 52.545. Com isso, já são 185.650 vidas perdidas e 7.1162.978 infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, em março. 

Sem mudanças de rumo na condução da pandemia, a previsão é que a situação possa se agravar com resultados ainda mais trágicos para o início do próximo ano. Em entrevista nesta sexta-feira (18) a Glauco Faria, do Jornal Brasil Atual, o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19 – grupo multidisciplinar que coleta e analisa dados relativos à pandemia no Brasil – alerta que o crescimento de casos e de mortos, que pode ser ainda maior após as festas de fim de ano com as aglomerações previstas, tem o risco de ser emendado por um pico de notificações da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que acontece todos os anos, a partir da 7ª semana do ano, de 9 a 15 de fevereiro. 

SRAG e Covid 

A SRAG tem um “comportamento padrão”, como explica Isaac, em que os casos costumam disparar da 7ª até a 15º semana, até por conta da mudança de estação climática para o outono. Dados do sistema Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram que a queda de notificações se acentua de vez por volta da 26ª semana, atingindo baixos níveis em novembro e dezembro. Uma tendência que não se concretizou em 2020 por conta da pandemia, que, ao contrário, fez disparar os casos de SRAG, principalmente a partir da 43ª semana epidemiológica. 

O cientista alerta que o Brasil vive um aumento da síndrome “totalmente fora de época, que está se prolongando devido ao comportamento da população e às poucas medidas de restrição de mobilidade”. Em seu twitter, Isaac já havia alertado que, ao manter esse número elevado, o risco é de “catástrofe” caso esse aumento permaneça até as semanas 7 a 12 de 2021. “Se estamos com 900 óbitos (de covid-19) por dia agora (em dezembro), poderemos ter três vezes isso lá no início de 2021. Ou seja, em torno de 2.500 óbitos, como os Estados Unidos”, projetou o coordenador da Rede Análise Covid-19.

Jovens contaminados

Esse crescimento do número de casos acompanha não apenas o relaxamento da quarentena, mas também uma mudança no perfil de infectados. Na cidade de São Paulo, por exemplo, desde outubro, são os mais jovens que passaram a ser os responsáveis pela maior parte das infecções e internações em decorrência da covid-19. Conforme reportado pela RBA, os pacientes dos 20 aos 39 anos representam atualmente 40% dos casos. 

Entre março a novembro, o principal volume de internações era de pacientes que tinham entre 55 a 75 anos. O grupo ainda representava 77% dos infectados com quadros graves que compuseram as principais estatísticas de mortalidade da covid-19. O cenário é semelhante em outras capitais brasileiras, como Belo Horizonte, que vêm concentrando casos na parcela jovem da população. O que também tem contribuído para um percentual menor de óbitos. Em São Paulo, eles representam 3,6% das mortes contabilizadas. 

Há, no entanto, algumas implicações na alto grau de contaminação dos jovens, observa Isaac. De acordo com ele esse é o grupo com maior mobilidade. Frequentam “festas e bares, e como eles ficam com poucos sintomas continuam móveis. E agora estamos chegando numa época, com natal e ano novo, que geralmente tem a tradição de reunir todas as gerações da família. Se encontram com avôs, avós, tios, mães. E quando acontece isso pode gerar esse efeito cascata da contaminação, até chegar nos idosos, que começam o pico de óbitos e os hospitais lotam mais”, prevê. 

Canadá, trágico exemplo 

O coordenador da Rede Análise Covid-19 compara a situação ao surto de casos do novo coronavírus no Canadá. Sete dias após o Dia de Ação de Graças, o Thanksgiving, no dia 12 de outubro, a taxa de transmissão do vírus passou de 1,04 para 1,18. Sendo que, quanto maior o número, cada infectado transmite a doença para mais pessoas. 

Em novembro, o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, precisou cobrar dos líderes regionais um aumento das restrições. Atualmente, segundo a Agência Einstein de Notícias, o Canadá segue em alta, com mais de sete mil notificações por dia de casos de covid-19. Algumas províncias, entre elas Ontário, decretaram um novo lockdown. 

“E a situação do Brasil é que já estamos chegando perto desse pico de óbitos mesmo antes das festividades de fim de ano. Se a projeção seguir o que aconteceu no Canadá podemos ter uma explosão de casos e de óbitos em janeiro”, aponta Isaac. 

Só distanciamento salva

Segundo ele, o risco de transmissão dos jovens para os idosos, a emenda com o pico de SRAG podem também se acumular com a situação de calamidade de algumas unidades de saúde. Em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde o cientista de dados vive, diretores dos seis hospitais da cidade e o prefeito Flávio Cassina (PTB) declararam, nesta quinta, o colapso da rede hospital e apelaram para que a população adote as medidas de prevenção ao coronavírus. 

Isaac contesta a estratégia. “Essa é uma doença social, ela ataca a sociedade como um todo”, diz. Isso torna, segundo ele, insuficiente o apelo das autoridades para comportamentos individuais. Para o cientista de dados, a mídia e os líderes governamentais precisam rediscutir a importância das medidas de distanciamento social, deixadas em segundo plano diante da possibilidade de uma vacina contra a covid-19. “Temos que lembrar às pessoas que precisamos ter a menor mobilidade possível. Que precisamos fazer apenas o essencial (fora de casa) e com cuidados de máscara, higiene, distanciamento físico, preferir o trabalho remoto, se for possível”, sugere. 

“Penso que estamos presos numa ilha. Essa pandemia é como se estivéssemos presos numa ilha e nossa vida estivesse fora dela. Estamos presos, mas conseguimos o resgate, entramos em contato e eles vão nos buscar, que nesse caso é a vacina. Só que vai demorar para chegar o resgate e está vindo um tsunami e esse tsunami vai chegar antes do resgate. Então o que temos que fazer é se proteger o máximo possível desse tsunami, antes do resgate chegar, para as pessoas estarem vivas. Para quando chegar o resgate nós não termos perdidos mais um monte de vidas com esse tsunami”, compara Isaac Schrarstzhaupt. 

Fonte: Brasil 247 com RBA

Isolamento social no Brasil recua para nível mais baixo da pandemia, diz Datafolha

 

Mesmo com o país vivendo um aparente aumento de casos e mortes pela COVID-19, cada vez menos brasileiros afirmam adotar o isolamento social como medida de prevenção

(Foto: REUTERS/Pilar Olivares)

Sputnik – A pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado (19) pelo jornal Folha de S. Paulo, indica que o isolamento social no Brasil caiu para o nível mais baixo desde abril, quando o instituto começou a fazer o levantamento

Mesmo com o país vivendo um aparente aumento de casos e mortes pela COVID-19, cada vez menos brasileiros afirmam adotar o isolamento social como medida de prevenção. De acordo com os números divulgados hoje (19) pelo levantamento do Instituto Datafolha, 7% dos entrevistados disseram que estavam vivendo normalmente, sem fazer qualquer tipo de mudança em suas rotinas, enquanto esse número era de 4% na pesquisa divulgada em 3 de abril .

Por outro lado, os que afirmaram que saem de casa para trabalhar ou fazer alguma atividade, mas que tomam algum tipo de cuidado relativo à pandemia, somaram 54%. Em abril, esse número era de 24%.

Já os entrevistados que afirmaram manter isolamento total chegam a 5%, enquanto o percentual dos que declararam que só deixam suas casas quando é inevitável somam 34%. Segundo o Datafolha, o número mais alto de pessoas em isolamento total - 21% - foi registrado no dia 21 de abril.


A pesquisa também fez um recorte de acordo com idade e gênero dos entrevistados. Segundo o instituto, entre as pessoas com mais de 60 anos que declararam estar em isolamento total, ou que só saem de casa quando inevitável, o percentual chega a 60%, enquanto entre os jovens com idades compreendidas entre 16 e 24 anos esse número recua para 30%. Já em relação às mulheres, 50% declararam que seguem o isolamento, enquanto entre os homens o percentual cai para 26%.

O isolamento social é considerado a maneira mais efetiva para evitar a proliferação da COVID-19, pois a doença é transmitida através do contato com secreções de outras pessoas contaminadas, como saliva, catarro e gotículas expelidas pela boca.

Além do isolamento, o uso de máscaras é outra maneira considerada eficaz para evitar o contágio de COVID-19, pois o acessório serve como uma barreira física para as secreções. O Datafolha também ouviu os entrevistados sobre o uso de máscaras e 88% disseram que sempre saem de casa com o acessório, 8% afirmaram usá-lo às vezes e 2% raramente.  

O levantamento foi realizado pelo Instituto Datafolha entre os dias 8 e 10 de dezembro em todas as regiões e estados do país. As entrevistas foram feitas por intermédio de telefone celular com 2.016 brasileiros adultos, e a margem de erro é de dois pontos percentuais.

Fonte: Brasil 247

 

"Vacina não tem pressa. A morte é o que interessa". Fernando Brito resume o discurso de Bolsonaro

 

Editor do Tijolaço lembra que Bolsonaro decretou o fim da pandemia na semana em que o Brasil registrou o maior número de casos: 333 mil, de 12 a 19/12

(Foto: Reprodução)

Por Fernando Brito, editor do Tijolaço – O mundo precisa atirar-se aos pés de Jair Bolsonaro, o iluminado homem que, em menos de 40 minutos, além de comprovar “cientificamente” a eficácia da hidroxicloroquina na terapia dos infectados pela Covid 19. anunciou que “a pandemia realmente está chegando ao fim” e que a “pressa para a vacina não se justifica”;

Fim da pandemia? “Os números têm mostrado isso aí. Estamos com uma pequena ascensão agora, o que se chama de pequeno repique; pode acontecer.”

Isso é dito no momento em que se encerra a semana em que o Brasil registrou o maior número de casos – 333 mil, de 12 a 19/12 – desde o início da pandemia.

Mas, para ele, “o Brasil está muito bem, graças ao tratamento precoce com a hidroxicloriquina”,

Em uma exibição patética ao lado do filho, Bolsonaro insinuou que a pressa em obter vacinas pode ter interesses de corrupção.

Não tenho pressa em gastar, viu, governador, não estamos com pressa em gastar dinheiro. A nossa pressa é salvar vidas. Não quero fazer mau juízo de quem quer que seja, mas é muito suspeita esta pressa em gastar quase R$ 20 bilhões para comprar a vacina.

Depois do general da Saúde ter perguntado “para que tanta angústia” com a questão da vacina, agora é seu próprio chefe quem diz que não há pressa.

 

Golpe contra Dilma deixou o Brasil muito mais pobre

 

PIB nacional deverá fechar a década com uma expansão de 2,2%, ante 30,5% da economia global. Crise econômica foi agravada com o golpe contra a presidente Dilma Rousseff, que reduziu investimentos, diminuiu a renda média da população e quebrou o país

(Foto: Stuckert | ABr)


247 - A queda de 4,5% no Produto Interno Bruto (PIB) prevista para este ano deverá fazer com que o crescimento do Brasil ao longo da última década fique abaixo da média mundial. Entre os anos de 2011 e 2020 o PIB nacional cresceu 2,2% contra 30,5% da economia global. A situação foi agravada com o golpe que resultou no impeachment da presidente Dilma Rousseff, que reduziu investimentos, diminuiu a renda média da população e praticamente quebrou o país.  De 2014 para 2017, quando o golpe ganhou força, o PIB per capita caiu 7,8%.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, enquanto a economia encolheu ao longo da década, a população brasileira cresceu 8,7% no período, o que ampliou a desigualdade apesar dos esforços feitos pelo governo Dilma para reduzir a pobreza e a fome no país no período anterior ao golpe que a depôs. 

A economia brasileira também registrou um avanço menor que outras economias emergentes, que devem chegar ao fim da década com um crescimento de 47,6%, e inferior a dos países ricos, que devem registrar uma alta de 11,5%. 

Os efeito dos golpe sobre a economia são visíveis quando o PIB  é comparado com os dez anos anteriores. Entre os anos de 2001 e 2010, o PIB nacional cresceu 43,5%, ficando próximo do ritmo mundial (46,9%), impulsionado pelo boom das commodities e pela descoberta do petróleo na camada do pré-sal..

A situação, porém, começou a se deteriorar com a crise global de 2009 e com as articulações promovidas pela centro-direita após a reeleição de Dilma que resultaram em uma profunda crise política e agravaram a situação econômica. 

De acordo com dados do Ministério da Economia, o PIB brasileiro estimado para o final do ano e para a década é de R$ 7,221 trilhões, correspondendo a uma renda média de R$ 34.101 por habitante, uma queda de 5,9% em relação à década anterior, quando a renda per capita brasileira era de R$ 36.245. 

Boletim deste sábado aponta 1.793 novos casos e 58 óbitos pela Covid-19 no Paraná; entre os mortos há jovem de 21 anos

(Foto: AEN)


A Secretaria de Estado da Saúde divulgou neste sábado (19) mais 1.793 casos confirmados e 58 mortes em decorrência da infecção causada pelo novo coronavírus.

O boletim do dia registra também 1.757 casos confirmados retroativos ao período de 04 de junho a 17 de dezembro. Os dados acumulados do monitoramento da Covid-19 mostram que o Paraná soma  371.407 casos de infecção e 7.211 mortos em decorrência da doença. 

INTERNADOS – Neste momento, 1.627 pessoas com diagnóstico confirmado de Covid-19 estão hospitalizados. São 1.281 pacientes em leitos SUS (639 em UTI e 642 em leitos clínicos/enfermaria) e 346 em leitos da rede particular (137 em UTI e 209 em leitos clínicos/enfermaria).

Há outros 1.536 pacientes internados, 524 em leitos UTI e 1.012 em enfermaria, que aguardam resultados de exames. Eles estão em leitos das redes pública e particular e são considerados casos suspeitos de infecção pelo Sars-CoV-2.

ÓBITOS – A secretaria estadual informa a morte de mais 58 pacientes. São 28 mulheres e 30 homens, com idades que variam de 21 a 94 anos. Os óbitos ocorreram entre 21 de julho a 19 de dezembro.

Os pacientes que foram a óbito residiam em: Curitiba (5), Fazenda Rio Grande (4), Colombo (4), Campo Largo (3), Foz do Iguaçu (3), Maringá (3), Quedas do Iguaçu (3), Apucarana (2), Cascavel (2), Nova Esperança (2), Sarandi (2) e Toledo (2).  

A  secretaria registra ainda a morte de uma pessoa que residia em cada um dos seguintes municípios: Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Califórnia, Cambé, Campina Grande do Sul, Campo Mourão, Castro, Catanduvas, Chopinzinho, Cornélio Procópio, Dois Vizinhos, Franscisco Beltrão, Medianeira, Novo Itacolomi, Pato Branco, Peabiru, Pinhais, Pitanga, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Tunas do Paraná e Umuarama.

FORA DO PARANÁ  O monitoramento da Saúde registra 2.942 casos de residentes de fora, 60 pessoas foram a óbito. 

Fonte: Bem Paraná com AEN

sábado, 19 de dezembro de 2020

Petra Costa: o golpe de 2016 segue em curso e ainda sentimos seus efeitos

 

Em entrevista ao jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, a cineasta afirmou que o processo de impeachment de Dilma Roussef foi um golpe que começou em 2016 e continua a espalhar seus efeitos sobre a política do Brasil, sendo a eleição de Jair Bolsonaro um de seus desdobramentos

(Foto: Reprodução | PR)

247 - A cineasta Petra Costa avaliou a conjuntura política do país em entrevista ao programa SUB40, do jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman.

Para Petra Costa - que foi indicada ao Oscar na categoria de Melhor Documentário pelo filme Democracia em Vertigem, que retrata o processo de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2016 -, o processo foi um golpe que começou em 2016 e continua a espalhar seus efeitos sobre a política do Brasil, sendo a eleição de Jair Bolsonaro um de seus desdobramentos.

"O golpe segue seu curso, e estamos todos vivendo os efeitos dele, principalmente os que colaboraram para o estado atual das coisas. O governo Bolsonaro é uma consequência do golpe, uma consequência da descrença na democracia que levou tanta gente a eleger alguém como o Bolsonaro", diz.

Para Costa, os reflexos do processo de impeachment e dos movimentos que levaram à eleição de Bolsonaro já eram aparentes nas jornadas de manifestações de 2013, quando "parte de uma classe média sai para protestar e suas pautas são cooptadas pela extrema direita".

"Nas manifestações de 2013 há uma semente de fascismo e intolerância, as pautas começaram a ser cooptadas por um discurso de extrema direita", afirma.


Arapongas registra três novos casos de Covid-19 e 11 curados



Prefeitura de Arapongas, através da Secretaria Municipal de Saúde, informou neste sábado (19/12), o registro de 03 novos casos 11 pacientes curados de COVID-19 no município. Agora o município chega a 6.270 casos dos quais 5.426 já estão curados (86,5%), 716 ainda estão com a doença e 128 infelizmente vieram a óbito. Ao todo, já foram realizados 31.758 testes. 
Sobre os casos, a Secretaria de Saúde informa que:
O município possui 555 casos que aguardam resultados. Entre os resultados dos testes públicos e privados realizados no município não foram divulgados resultados negativos nesta data.
Os resultados abaixo divulgados são provenientes de exames realizados a partir do dia 15/12.
Os 03 casos confirmados são do sexo feminino com as respectivas idades: 21, 27 e 34 anos
Referente aos pacientes de Arapongas com COVID-19, o município possui 07 pacientes internados em leitos de UTI e 10 pacientes internados em leito de enfermaria.
Referente aos leitos hospitalares em Arapongas, a ocupação é de 66,6% de dos 30 leitos de UTI e de 50% dos 40 leitos de enfermaria. 
Referente aos leitos hospitalares em Arapongas, houve aumento dos leitos exclusivos para COVID-19 do Hospital de referência pela SESA-PR a partir de 05/12. O Hospital conta atualmente com 30 leitos de UTI e 40 leitos de enfermaria.
A Secretaria de Saúde de Arapongas reforça a importância de que a população siga as orientações dos especialistas, mantendo os cuidados de higiene, usando máscaras e evitando aglomerações, inclusive em festas e confraternizações familiares.

Os dados referentes a taxa de ocupação hospitalar referem-se a data de 18/12 uma vez que a planilha oficial on line não é atualizada pelo hospital de referência nos finais de semana e feriados.