Passados
pouco mais de sete meses de seu conturbado desembarque do governo Jair
Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro começou
nesta terça-feira, 1, um novo capítulo de sua carreira. Agora, pela primeira
vez, na iniciativa privada. O ex-juiz federal que ganhou expressão
internacional pela atuação na Operação Lava Jato é o novo sócio-diretor da
consultoria de gestão de empresas Alvarez & Marsal.
Gigante americana com atuação global, a empresa conta com mais
de 500 funcionários no Brasil e, além da sede em São Paulo, tem escritórios no
Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
O
Estadão conversou com o executivo Marcos Ganut, líder do setor que vai alocar o
ex-ministro, e com o próprio Sérgio Moro para entender o novo trabalho.
As negociações, conta Ganut, levaram cerca de cinco semanas e
envolveram rodadas de conversas com equipes no Brasil e no exterior. Com a
contratação, Moro se junta a outros nomes egressos do setor público que já
trabalham na consultoria - incluindo ex-procuradores e servidores do
Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
"Essa já é uma prática bastante robusta globalmente na
empresa. Nós temos, por exemplo, pessoas que vieram do Departamento de Justiça
dos Estados Unidos, com um background também de ter vivido de um ângulo
diferente do processo de investigação", explica Ganut. "Não é uma
novidade para a empresa. Claro que a gente está falando de uma figura que tem
uma expressão ainda maior para o nosso mercado", completa.
Na A&M, Moro vai atuar na área de 'Disputas e
Investigações'. O foco do trabalho será ajudar empresas clientes no
desenvolvimento de políticas antifraude e corrupção, governanças de integridade
e conformidade e políticas de compliance.
"A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Tem que
trabalhar dos dois lados", diz o novo sócio-diretor da consultoria.
Segundo
o ex-ministro, a migração ao setor privado não afasta sua atuação na defesa de
uma agenda anticorrupção. Mas o objetivo agora é 'ajudar as empresas a fazer a
coisa certa'.
"As empresas não precisam esperar o Congresso ou o governo
para dizer o que precisa ser feito", afirma. "No fundo, a minha ida a
uma empresa como a Alvarez & Marsal segue a mesma linha do que eu sempre
defendi: que é importante nós adotarmos políticas de integridade e anticorrupção.
O caminho do setor privado é um caminho absolutamente louvável também, não há
nenhum demérito em relação a se trabalhar por esses objetivos no setor
público", disse.
O anúncio de sua contratação, no último domingo, 29, levantou a
discussão sobre um possível conflito de interesses. Isso porque o rol de
clientes atendidos pela consultoria inclui empresas investigadas na Operação
Lava Jato. A Alvarez & Marsal foi designada, por exemplo, como agente de
recuperação judicial da Odebrecht - empreiteira que firmou acordo de leniência
com a força-tarefa de Curitiba e viu 77 de seus executivos fecharem delação
premiada, inclusive o patriarca Emílio Odebrecht e seu filho Marcelo Odebrecht,
que foi condenado por Moro em diferentes ações penais. Também trabalha na
reestruturação da Queiroz Galvão e atende ainda a OAS e a Sete Brasil.
Moro
e Ganut afirmam que a questão foi pensada antes da assinatura do contrato e,
para evitar questionamentos, incluída uma cláusula que proíbe expressamente a
atuação do novo sócio em qualquer caso que inclua empresas envolvidas em
processos que já passaram por suas mãos nos tempos de magistratura.
"Tanto eu quanto a Alvarez & Marsal concordamos
expressamente com essa cláusula para evitar qualquer tipo de
questionamento", afirma Moro. "Nós estamos aqui para fazer a coisa
correta e não o contrário".
Além disso, segundo os executivos, a empresa funciona através de
um modelo de unidades de negócios setorizadas e com equipes independentes.
"O setor que atende essas empresas da Lava Jato é outro
setor que não aquele que eu vou trabalhar", adianta o ex-ministro, que
avalia que houve uma 'confusão desnecessária' em torno da contratação.
Na mesma linha, Ganut afirma que o objetivo com a contratação de
Moro foi atender a uma demanda das próprias empresas em busca de consultorias
especializadas para adequação aos padrões de integridade e compliance globais.
"Em
nenhum momento a gente fez nenhum desenho pensando em qualquer discussão
decorrente ou remanescente de Lava Jato. A agenda é muito pró-privado, dentro
de um ambiente de negócios onde a gente já atua, já tem presença global. A
chegada dele só faz fortalecer esse movimento. A figura dele de combate à
corrupção trazida para o setor privado tem um valor enorme e acho que esse é o
contexto da contratação dele", diz.
Na nova rotina, quando estiver superada a pandemia e com ela o
home office, o ex-juiz e ex-ministro deve enfrentar a ponte aérea internacional
pelo menos uma vez por mês. Apesar da atuação global, por ora, segundo Moro, o
plano é continuar em Curitiba. "Vou colocar uma plaquinha aqui: filial da
Alvarez & Marsal", brinca.
Perguntado sobre os planos políticos e eventuais pretensões
eleitorais para a disputa presencial em 2022, Moro desconversa e diz que 'não é
o momento de pensar nisso'.
"O foco hoje, a agenda, é trabalhar no setor privado,
assistindo as empresas para fazer a coisa certa na condução dos seus negócios.
Sobre projetos políticos, esse não é foco", diz. "Como cidadão a
gente permanece discutindo e defendendo as pautas nas quais nós acreditamos.
Acho que qualquer projeto que se discute precisa levar em consideração essa
agenda anticorrupção também", observa.
Leia abaixo a entrevista completa:
ESTADÃO: Há
dois anos, o Sr. ainda era juiz federal, depois passou pelo cargo de ministro
de Estado e agora está assumindo como sócio-diretor de uma consultoria global.
Para quem vem da magistratura, que é uma carreira relativamente estável, como
foram todas essas mudanças?
SÉRGIO MORO: Eu fui juiz criminal por mais de 20 anos, depois
fui Ministro da Justiça e Segurança Pública e, especialmente nos últimos anos,
a dedicação foi muito intensa ao enfrentamento da corrupção, como juiz da Lava
Jato e depois como ministro da Justiça, buscando no segundo caso implementar
políticas anticorrupção. Indo agora para o setor privado, a minha intenção
basicamente é continuar fazendo um papel similar, mas no âmbito do setor
privado. Minha crença em particular é que o setor privado brasileiro tem muito
a contribuir em relação a esta temática de adoção de políticas de integridade e
a Alvarez & Marsal é uma empresa internacionalmente renomada, com um grande
time. Recebi com muita satisfação este convite para trabalhar em conjunto. Ou seja,
é ajudar as empresas a fazer a coisa certa. Isso pode fazer a diferença
independentemente do governo, do Congresso. As empresas não precisam esperar o
Congresso ou o governo para dizer o que precisa ser feito. Precisa fazer a
coisa certa, precisa ter sistemas de compliance efetivos, precisa ter
investigações corporativas quando necessário.
ESTADÃO: E o
que muda agora com a ida ao setor privado?
SÉRGIO MORO: O
Brasil foi uma referência, durante a Lava Jato, com uma onda anticorrupção aqui
na América Latina e que de certa maneira também chegou no mundo todo por conta
das operações de cooperação internacional com a Suíça, com a Dinamarca, com a
Noruega, com os Estados Unidos. As empresas brasileiras que querem ter negócio
lá fora estão percebendo cada vez mais a necessidade de buscar as melhores
práticas com inspiração dos standarts norte americanos, europeus. A Lava Jato
representou um despertar muito forte no Brasil em relação a esta preocupação
das empresas com a integridade, também do setor público. Hoje estamos vendo
alguns eventuais reveses no setor público, mas o setor privado pode caminhar
com as próprias pernas. E até a minha percepção é a de que as empresas querem
ir muito além das exigências que estão sendo feitas pelo setor público. Isso a gente
tem visto de uma maneira muito clara, por exemplo, no setor ambiental: as
empresas querendo adotar políticas de conformidade mesmo diante de posturas
eventualmente questionáveis no âmbito do setor público. A mesma coisa para
essas políticas de integridade: as empresas querem se antecipar a problemas e
para isso precisam ter sistemas de compliance, sistemas de prevenção a
corrupção dentro do seu meio ou na interação do setor público com o privado que
podem fazer a diferença, podem fazer com que o País avance muito no setor
privado e isso já pode fazer uma grande diferença no que se refere à diminuição
da corrupção.
No fundo, a minha ida a uma empresa como a Alvarez & Marsal
segue na mesma linha do que eu sempre defendi: de que é importante nós
adotarmos políticas de integridade e anticorrupção. O caminho do setor privado
é um caminho absolutamente louvável também, não há nenhum demérito em relação a
se trabalhar por esses objetivos no setor público. A corrupção envolve quem
paga e quem recebe. Tem que trabalhar dos dois lados. Prevenir certamente é a
melhor política. Isso, na minha percepção, também é bom para os negócios. Além
de garantir que a empresa não se envolva em riscos reputacionais ou riscos de
danos, porque muitas destas empresas que se envolveram de alguma forma em
problemas criminais tiveram até risco de desaparecimento, sofreram grandes
baques financeiros, no meu entendimento, no médio e no longo termo, é bom
também para os negócios, atrai investimentos. Não é só uma questão de fazer a
coisa certa, mas é bom também para os lucros.
ESTADÃO: E o
escritório de advocacia em Curitiba, como fica?
SÉRGIO
MORO: Eu estou no escritório inclusive. Vou colocar uma plaquinha
aqui: filial da Alvarez & Marsal. Na verdade essa escritório é da minha
esposa, tem que pedir para ela.
ESTADÃO: Quando
e como foram as negociações para assumir esse cargo?
MARCOS GANUT: Como
firma global, dentro das várias iniciativas que a área de Disputas e
Investigações atua globalmente, surgem naturalmente oportunidades e discussões
de negócios em que a gente tem que trazer talentos para dentro de casa -
talentos estes que vão atuar em uma plataforma global. Dentro deste pensamento
a gente tomou conhecimento de que o Moro estaria procurando um caminho na
iniciativa privada e assim foi a chegada dele aqui.
Nós soubemos no mercado, somos mais de cinco mil pessoas pelo
mundo, estamos conectados com esses departamentos, com o mundo de investigação,
com o mundo de tecnologia, etc., soubemos que existiria a oportunidade, porque
o Moro estava olhando para o setor privado. E aí foi uma investida da Alvarez
& Marsal para acessar o Moro e apresentar as possibilidade sde negócio.
Percebemos que havia uma conciliação do interesse dele com aquilo que a gente
já faz e as conversas foram avançando. Levou umas cinco semanas, entre
acessá-lo e a gente conseguir fechar o acerto dele, levou-se uns 35 a 45 dias.
Houveram várias rodadas com o time daqui e com o time internacional.
A gente já tinha feito algumas contratações relativamente
recentes pessoas com experiências de procurador de estado, de Departamento de
Justiça pelo mundo. Isso não é uma novidade para a empresa. Claro que a gente
está falando de uma figura que tem uma expressão ainda maior para o nosso
mercado e, estrategicamente pensando, estamos olhando para um negócio que
cresce a passos largos.
ESTADÃO: Qual
será exatamente a sua função na área de 'Disputas e Investigações' da
consultoria?
SÉRGIO MORO: A
perspectiva é atuar globalmente. Isso não significa que não vai ser atendido o
mercado brasileiro, vai sim. Mas a ideia principal é atuar globalmente, porque
é uma empresa global. A própria equipe aqui no Brasil, embora também focada nos
projetos para atender as empresas brasileiras, corriqueiramente está envolvida
em projetos internacionais. Até porque nessa área de integridade e de
compliance existe uma progressiva uniformização de standarts buscando os níveis
mais altos. Isso dá vantagem a uma empresa global como a Alvarez & Marsal.
MARCOS
GANUT: Na parte de disputas, a gente atua em disputas de
infraestrutura, disputas de contratos de concessão, disputas societárias,
econômicas, contábeis, de transações. A parte de investigação eu separaria em
dois blocos, mas isso pode derivar em uma série de serviços: o bloco de
práticas, políticas e prevenção e, quando algumas vezes isso não é efetivo,
exige alguma intervenção sobre o incidente. Aí nós estamos falando em de fato
fazer uma investigação corporativa, uma resposta a um ciberataque, por exemplo.
ESTADÃO: Quais
são hoje as principais demandas das empresas clientes nesta área de 'Disputas e
Investigações' da consultoria?
MARCOS GANUT: A
gente tem demandas diversas. Empresas que querem as suas boas práticas de
integridade, não só na gestão do dia a dia de negócios, mas gestão ambiental,
gestão da forma de lidar com reguladores e agentes, gestão na forma de
pagamentos.
ESTADÃO: Como será composta a remuneração?
MARCOS GANUT: Ele
tem dedicação exclusiva para a Alvarez & Marsal. Ele é remunerado pelo
trabalho que ele participa. Ele não tem nenhum benefício financeiro, direto ou
indireto, de qualquer trabalho de outros setores. A remuneração dele está
vinculada aos projetos nas unidades de Disputa e Investigação.
ESTADÃO: Ontem
o Sr. se manifestou pela primeira vez sobre a admissão como sócio-diretor da
Alvarez & Marsal e logo disse que não vai atuar em casos de potencial
conflito de interesses. Dá para explicar melhor o que poderia configurar um
caso do tipo? Como pretende, se é que pretende, contornar esse tipo de situação
envolvendo empresas cujos executivos o Sr. colocou no banco dos réus?
SÉRGIO MORO: Tem
havido uma confusão desnecessária. A Alvarez & Marsal não é uma empresa de
advocacia, não é uma empresa dedicada a realizar defesa dessas empresas perante
a Justiça, é uma empresa de reestruturação, de transformação dessas empresas.
No fundo, é uma consultoria que está ali a orientar as empresas a fazer a coisa
certa, inclusive se antecipar a este tipo de problema. Ajudar as empresas a
implementarem sistemas efetivos de compliance, promover investigação
corporativa quando a própria empresa identifica malfeitos
Não tem nada a ver
esta crítica que foi feita na linha de que, por exemplo, eu estaria me juntando
a Alvarez & Marsal para defender a Odebrecht. Primeiro, meu próprio
contrato prevê que eu não atue em casos que possam envolver eventual conflito
de interesses. Segundo, o setor que atende essas empresas da Lava Jato é outro
setor que não aquele que eu vou trabalhar. E também a perspectiva é uma atuação
global. Eu vou ficar aqui em Curitiba, mas estão previstas idas a São Paulo,
aos Estados Unidos, idas a outros países. Existe uma clientela mundial. Não tem
qualquer relação com essas empresas da Lava Jato. E, como eu disse, o trabalho
não é de defender as empresas, é de fazer com que elas atuem da maneira
correta. Qualquer situação de potencial conflito será afastada. Essa cláusula é
expressa no contrato e tanto eu quanto a Alvarez & Marsal concordamos
expressamente com ela para evitar qualquer tipo de questionamento.
Evidentemente que nem eu, nem a Alvarez & Marsal, ninguém ia fazer nada
ilegal. É uma empresa que tem reputação. Eu tenho a minha reputação, eu tenho a
minha credibilidade, assim como a empresa. Nós estamos aqui para fazer a coisa
correta e não o contrário.
MARCOS
GANUT: Esses serviços prestados a empresas investigadas na Lava Jato
são feitos por outras unidades de negócio da Alvarez & Marsal, as áreas de
administração judicial e de reestruturação de empresas, que têm o seu time, que
têm os seus sócios que tomam conta do negócio. Apesar de fazerem parte da
Alvarez & Marsal, nós estamos falando de estruturas distintas, com objetivos
distintos. Independente da chegada do Moro na Alvarez & Marsal, isso já é
uma prática de muito tempo dentro da companhia. A gente vive em um mundo
corporativo com um layer muito robusto de conflitos e, quando identificados
determinados conflitos, permitem a gente aceitar ou não trabalhos ou fazer a
segregação adequada. Aqui a gente tem um elemento complementar, no caso do
ministro, porque além de estar separado em uma outra business unit, não vai
atuar, conforme todas as condições contratuais.
A gente tem uma coordenação global bastante forte no nosso time
de Disputa e Investigação e a gente obviamente debateu essa questão quando
surgiu a oportunidade de conversar com o Moro. Em nenhum momento a gente fez
nenhum desenho pensando em qualquer discussão decorrente ou remanescente de
Lava Jato. A agenda é muito pró-privado, dentro de um ambiente de negócios onde
a gente já atua, já tem presença global. A chegada dele só faz fortalecer esse
movimento. A figura dele de combate à corrupção trazida para o setor privado
tem um valor enorme e acho que esse é o contexto da contratação dele.
ESTADÃO: Já
conheceu a equipe? Já foi alocado em um primeiro projeto?
SÉRGIO MORO: Estão
sendo construídas agendas para atendimento aos clientes e para conhecimento das
equipes. Como é uma empresa robusta, com várias unidades e mais de 500
funcionários só no Brasil, é algo que evidentemente leva o seu tempo.
MARCOS GANUT: A
gente acaba compondo as equipes. Tem um time de tecnologia, disputas
econômicas, infraestrutura, ambiental. O Moro vai ser também um executivo que
tem a possibilidade de buscar nesses vários recursos as competências
necessárias dependendo de cada tipo de serviço, de cada indústria que a gente
atende. O nosso desafio agora é agenda. A gente tem um número importante de
reuniões internas com os times, incluindo o internacional, e projetos que já
estão acontecendo e os que estão chegando. Esta é a dinâmica bastante intensa que
a gente vem acertando desde segunda-feira.
ESTADÃO: Sua
nova missão afasta planos políticos ou não há cláusula de impedimento do
contrato com a consultoria? O que o Sr. programa para 2022 no plano político?
SÉRGIO MORO: O
foco hoje, a agenda, é trabalhar no setor privado, assistindo as empresas para
fazer a coisa certa na condução dos seus negócios. Sobre projetos políticos,
esse não é foco. Não é o momento de pensar nisso. Como cidadão a gente
permanece discutindo e defendendo as pautas nas quais nós acreditamos. Acho que
qualquer projeto que se discute precisa levar em consideração essa agenda
anticorrupção também.
ESTADÃO: Embora
negue pretensões eleitorais, o Sr. diz que deseja continuar contribuindo ao
debate público. Como?
SÉRGIO MORO: Você
não precisa ser juiz, procurador, policial, ministro, presidente, para fazer a
coisa certa. As empresas, os seus dirigentes, os seus líderes têm condições de
andar por sua própria conta. No Brasil, hoje, a principal expectativa é esta. A
confiança maior de que o setor privado avance nessa área com maior velocidade e
atendo a estes parâmetros internacionais.
ESTADÃO: Apesar
dessa nova fase na iniciativa privada, o Sr. ainda é protagonista de inquéritos
e processos importantes envolvendo figuras públicas. Um dos mais relevantes é o
inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir
politicamente na Polícia Federal. Recentemente ele abriu mão de prestar
depoimento e, com isso, o inquérito está chegando ao fim. Já se avalia que o
estrago para o presidente foi mais político do que jurídico. Quando o Aras
pediu a abertura do inquérito ao Supremo, ele apontou também possível
denunciação caluniosa e crime contra a honra. Teme que esse inquérito possa se
virar contra o Sr.?
SÉRGIO MORO: Tenho
muito orgulho e tenho muito conforto em relação às decisões que tomei na Lava
Jato, foi a maior operação contra a corrupção da história do Brasil. E também
em relação às minhas decisões e ações no Ministério da Justiça, inclusive
quanto a minha saída. Expus ali as minhas razões. É uma investigação que corre
nas mãos de outras pessoas, não tenho responsabilidade sobre elas. Mas eu estou
bastante tranquilo.
Fonte: Rayssa Motta e Fausto Macedo - Estadão Conteúdo