O Pastor
Everaldo, presidente do PSC, preso nesta sexta-feira na operação que afastou
Wilson Witzel, era um dos líderes do esquema de corrupção no Estado. Em 12 de
maio de 2016, enquanto o Senado afastava Dilma, ele batizava Jair Bolsonaro em
sua igreja, a Assembleia de Deus, no Rio Jordão, em Israel
Pastor Everaldo batiza Bolsonaro (Foto: Reprodução) |
247 - Em 12 de maio de 2016, enquanto o Senado pegava fogo
com a votação do afastamento da presidente Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro
mergulhava nas águas do Rio Jordão, no nordeste de Israel. Lá, foi batizado na
igreja Assembleia de Deus pelo Pastor Everaldo, agora preso como um dos
comandantes do esquema de corrupção de Wilson Witzel no Rio.
Num vídeo de pouco
mais de 40 segundos de duração, espalhado pela assessoria do então parlamentar
de extrema-direita, era possível ver Bolsonaro, que se diz católico, vestindo
uma túnica branca. Na época, Bolsonaro estava no PSC.
A cena chega a ser patética. Ele é chamado
pelo pastor Everaldo, presidente do PSC e responsável pela cerimônia e logo tem
início o batismo:
- E aí, Bolsonaro, você acredita que Jesus
é o filho de Deus?
- Acredito.
- Você crê que Ele morreu na cruz?
- Sim.
- Que Ele ressuscitou?
- Sim.
- Está vivo para
todo o sempre?
- Sim
- É o salvador da humanidade?
- Sim.
- Mediante a sua confissão pública, eu te
batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Depois de mergulhar Bolsonaro nas águas, o
pastor faz uma brincadeira.
- Peso pesado (risadas) - diz.
O deputado, então, se afasta agradecendo
os aplausos:
- Obrigado, obrigado.
Bolsonaro filiou-se ao PSC em março de
2016, dois meses antes de ser batizado em Israel. O partido foi o responsável
por apresentar o ex-capitão como pré-candidato à Presidência da República para
2018. “Recebo a indicação como pré-candidato à Presidência da República pelo
PSC como missão. Vamos afinar o discurso, mas pode ter certeza que o
direcionamento será para a direita”, disse Bolsonaro, na época.
Ex-deputado, Everaldo tem um longo
histórico de relação com o clã Bolsonaro, mas virou desafeto após o rompimento
de relações entre o presidente e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel
(PSC).
O Pastor Everaldo
é um velho conhecido de esquemas fisiológicos no estado. Presidente do PSC
desde 2015, onde foi companheiro de partido de Jair Bolsonaro até 2018,
Everaldo foi chefe da Casa Civil de Antonhy Garotinho. Naquele tempo, a partir
de 1999, formou uma parceria com o Eduardo Cunha.
Um dos feudos que Everaldo passou a
dividir com Cunha era a deficitária, mas gigante, Cedae, a estatal de águas e
esgotos do estado, informa Lauro Jardim: “No governo Witzel, o guloso
Everaldo recebeu a Cedae como um presente do governador hoje afastado: pôde
nomear à vontade e cuidar da estatal ao seu modo. A Cedae é deficitária e há
anos está na fila para ser privatizada, mas os governadores sempre arranjam um
jeito de empurrar com a barriga o processo”.
Na delação da Odebrecht, Everaldo aparece
como tendo recebido R$ 6 milhões da empreiteira para que, em 2016, quando foi
candidato a presidente da República, jogar sua candidatura a favor de Aécio
Neves.