A
governabilidade de Jair Bolsonaro está nas mãos do centrão, considerado pelo
bolsonarismo como a 'velha política'. Derrubada do veto na quarta-feira foi
fruto de negociações com este setor e contou com a ajuda do presidente da
Câmara, que atuou pelo dogma do teto de gastos e contra os interesses dos
servidores públicos
Rodrigo Maia e Jair Bolsonaro (Foto: divulgação) |
247 - Líderes partidários avaliam que é instável a maioria
conquistada na última quinta-feira, quando Bolsonaro conseguiu manter o veto ao
aumento dos salários dos servidores públicos com a ajuda do centrão e do
presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia.
Segundo reportagem
dos jornalistas Thiago Resende e Isabella Macedo, na
Folha de S.Paulo, a aliança com o centrão, um grupo de partidos de direita e
centro-direita que se aproximou do governo em troca de verbas e cargos, é
instável.
A vitória do governo na manutenção do veto
presidencial é atribuída ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do partido de
direita DEM.
Segundo a reportagem, interlocutores do Palácio
do Planalto se mobilizaram e ligaram para deputados cobrando fidelidade dos
membros do centrão. O governo fez também ameaças de não cumprir o prometido nas
negociações em curso.
Logo após a votação, parlamentares
afirmaram que será necessária uma negociação mais robusta para as próximas
pautas do governo, como reformulação de programas sociais, privatizações e
reforma tributária.
Rodrigo Maia, que tem interesses próprios
e aparece como o principal fiador dos interesses do capital financeiro no mundo
político, manda recados ao Palácio do Planalto de que Bolsonaro pode não ter
maioria em todas as votações. A reportagem destaca que o presidente da Câmara
não é próximo a Bolsonaro e deverá colidir com o Palácio do Planalto na eleição
para sua sucessão, em fevereiro do ano que vem, e nas eleições presidenciais de
2022.