Numa
importante entrevista ao jornalista Ascânio Sêleme, do Globo, o presidenciável
Fernando Haddad explica por que o PT não irá virar a página do lulismo e diz
ainda que a narrativa da Lava Jato contra o ex-presidente já está
historicamente condenada
(Foto: Ricardo Stuckert) |
247 – O presidenciável Fernando Haddad, do Partido dos
Trabalhadores, concedeu uma importante entrevista ao jornalista Ascânio Sêleme,
o colunista do Globo que defendeu o "perdão do PT", mas não ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que explicou seu posicionamento
político. Segundo Haddad, Lula é maior do que o próprio PT.
"O PT não vai
dar as costas para a pessoa que mais ajudou a construir esse partido. Quando um
líder carismático como o Lula assume a presidência, ganha quatro eleições
presidenciais consecutivas e deixa o poder no patamar que deixou, ele se torna
emblematicamente maior que o seu partido. É natural que isso seja assim. Poucas
pessoas vão lembrar qual era o partido do Mandela na África do Sul, porque ele
se tornou uma figura maior, um expoente da nacionalidade. Não é incomum que
isso aconteça a uma pessoa que teve a trajetória do Lula. O que seria incomum é
o partido que se beneficiou desta trajetória deixar de levar isso em
consideração", disse ele.
Haddad também se posicionou sobre a Lava
Jato. "Na defesa do Lula nós vamos até o final. Não há discussão dentro do
PT em relação às injustiças e arbitrariedades que foram cometidas contra o
Lula. A visão sobre os processos contra o Lula de Curitiba só piora. Daqui a
dez anos vai ser pior do que hoje, e em vinte anos vai ser muito pior. Não tem
como melhorar aquilo, é uma narrativa historicamente fracassada. Feita a defesa
do Lula e revertido o processo no Supremo, aí nós vamos discutir o que é melhor
para o partido, inclusive com o próprio Lula."