No
Brasil, a previsão da Cepal é que o contingente de pessoas na pobreza suba de
19,2% para 26,9% entre 2018 e 2019, e o da pobreza extrema de 14,3% para 16,8%
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O Brasil deverá ter a quarta maior queda de Produto Interno
Bruto (PIB) da América Latina e Caribe em 2020, segundo novas estimativas
divulgadas pela Comissão Econômica para a região (Cepal) hoje (28). Nas novas
projeções da entidade, o tombo econômico em razão da covid-19 deve ser maior na
área.
A redução do PIB
brasileiro em 2020 deverá chegar a 9,2%. Devem sofrer contrações maiores
Argentina (-10,5%), Peru (-13%) e Venezuela (-26%). A menor queda será a do
Paraguai (-23%). No geral, o PIB da região deve cair 9,1%. A previsão anterior,
divulgada em abril, era de um encolhimento de 5,3% para este ano. O índice será
quase o dobro da previsão para o mundo, que deve ficar em 5,2%.
A
Cepal também estima um aumento do desemprego e da pobreza. A taxa de
desocupação vai afetar 44 milhões de pessoas, correspondendo a 13,5% da região.
O resultado poderá marcar um aumento de 5,4 pontos percentuais (p.p.). em
relação a 2019, quando era 8,1%.
A
pobreza deve aumentar de 30,2% para 37,3% entre o ano passado e este. E a
pobreza extrema deve crescer de 11% para 15,5% no mesmo período. Essa é uma
cifra muito preocupante, pois essas pessoas podem não conseguir cumprir com sua
dieta alimentar mínima.
No
Brasil, a previsão da Cepal é que o contingente de pessoas na pobreza suba de
19,2% para 26,9% entre 2018 e 2019, e o da pobreza extrema de 14,3% para 16,8%.
O incremento na faixa da pobreza de 7,7 p.p. deverá ser o terceiro da região,
atrás apenas de Peru (9,3 p.p.) e Argentina (10,8 p.p.).
Já
nas estimativas de variação do índice Gini (utilizado para medir a desigualdade
social) o Brasil foi inserido no segundo grupo com possível elevação da
desigualdade (de 5% a 5,9%), juntamente com Chile, El Salvador e México. Acima
desse patamar (6% ou mais) estão Peru, Argentina e Equador.
“Evidencia-se
a vulnerabilidade de 80% da população, com forte deterioração dos estratos
médios. Mais de 33 milhões de pessoas que estavam na classe média iriam para
classes mais baixas”, afirmou Alícia Bárcena, secretária-executiva da
Cepal.
Para
reagir a esse cenário de crise na região, a Cepal apresentou uma série de
medidas. A secretária-executiva defendeu políticas econômicas “expansivas” e
“sustentadas no tempo”. “Há complementaridade entre políticas macroeconômicas,
sociais e produtivas, que devem ser conduzidas de forma integradas”, pontuou.
A Cepal defende
uma renda básica de emergência, que deve ser sustentada pelos próximos meses.
Vários países lançaram mão deste recurso, como o auxílio emergencial no Brasil.
A comissão propõe que haja um auxílio básico de emergência e em valor
equivalente à linha de pobreza (US$ 143 dólares) por seis meses, ao custo de 2%
do PIB.
Além
disso, a entidade argumenta que os governos deveriam conceder um outro auxílio
contra a fome para toda a população em extrema pobreza, equivalente a 70% da
linha regional de pobreza extrema (US$ 67 dólares mensais), o que demandaria
uma despesa de US$ 27 bilhões, ou 0,52% do PIB regional. Embora essas ações
sejam pontuais, a Cepal entende que essas políticas sociais devem caminhar para
ser universalizadas pelos governos.
Na
linha de combinar programas sociais com produtivos, outra estratégia deve ser a
adoção de subsídios às micro e pequenas empresas, com maiores prazos para
financiamento, não só alguns meses.
Para
executar essas medidas, destacou Alícia Bárcena, os Estados latino-americanos e
caribenhos precisam empregar “políticas fiscais expansivas”. “Isso vai ser um
gasto estrutural, não conjuntural”, classificou a secretária executiva.
Uma
outra forma de custear esses programas envolve a obtenção de formas de
financiamento. Para isso, a representante da Cepal advogou por uma ação
coordenada dos governos para obter condições favoráveis de captação de
empréstimos. “Estamos em uma região de rendas médias. Há condições favoráveis
para países de baixa renda, mas não de renda média”, explicou.
Fonte: Notícias ao Minuto com informações da Agência Brasil.