O mundo
começa a viver uma segunda onda da pandemia de coronavírus, com novos surtos em
diversos países da Ásia e Europa. As autoridades sanitárias advertem para a
necessidade de tomar medidas preventivas enquanto não são criadas as vacinas e
os medicamentos. A segunda onda evidencia a dificuldade global de lidar com a
doença
Pessoas com máscaras de proteção facial (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli) |
247 - Uma segunda onda de casos de Covid-19 tem afetado em
diferentes graus países de todas as regiões do mundo, inclusive alguns que, no
início da pandemia, foram elogiados por sua eficiência em promover medidas de
contenção.
Levantamento da
agência Reuters aponta que quase 40 países reportaram recordes diários de casos
de infecção na última semana e dobraram o número de casos que havia sido
registrado na semana anterior.
Na última quinta-feira, a capital do
Japão, Tóquio, registrou um recorde no número de novos casos de coronavírus em
um único dia - mais de 360 casos.
Ao anunciar os números, a prefeita da
cidade, Yuriko Koike, pediu que os moradores de Tóquio permanecessem em casa.
A China registrou novos casos desde que
controlou o surto inicial em Wuhan.
Na Austrália, o estado de Victoria da
Austrália confirmou um recorde de 532 novas infecções, o Vietnã registrou seus
primeiros casos em mais de três meses, a Coréia do Norte trancou uma cidade
depois que encontrou uma pessoa que pode estar infectada.
"Não vamos
voltar ao 'velho normal'. A pandemia já mudou a forma como vivemos nossas
vidas", afirmou, na última semana, o diretor-geral da Organização Mundial
da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.
Europa
A Europa se prepara para uma segunda onda
de transmissão do novo coronavírus. Quase dois meses depois que as medidas mais
duras de quarentena foram suspensas na região, os novos casos diários de
Covid-19 voltaram a aumentar. No mundo, já foram detectados mais de 16 milhões
de casos de Covid-19. No dia 26, foram anunciados 254 mil novos casos, segundo
levantamento feito pela universidade Johns Hopkins.
Segundo a OMS, tem
aumentado o número de casos no continente nas últimas duas semanas, despertando
o debate sobre medidas mais duras de contenção.
"O recente ressurgimento da Covid-19
em alguns países, depois do afrouxamento de medidas de distanciamento social,
certamente causa preocupação", disse um representante da OMS à agência
France Presse.
A República Tcheca, um dos primeiros
países europeus a implementar regras rígidas de uso de máscaras e quarentena,
havia comemorado o fim do isolamento social no país com um grande jantar
coletivo em Praga, em 30 de junho.
Mas o país voltou a exigir o uso de
máscaras e a limitar aglomerações, depois de novos focos de Covid-19 terem
surgido. Uma casa noturna tcheca é apontada como um desses focos - foram
identificados ao menos 98 casos da doença entre pessoas que passaram por ali,
incluindo jogadores de futebol de equipes tchecas.
Também há o temor de novas ondas em países
já duramente atingidos pela primeira onda da pandemia, como Espanha e França.
Autoridades espanholas advertem para o
aumento de casos em regiões como Catalunha e Aragão, onde novas medidas
restritivas foram implementadas. Em Barcelona e arredores, moradores foram
orientados a só sair de casa por motivos essenciais.
Com um novo surto
de casos do coronavírus, a França diz que o progresso na luta contra a
transmissão foi apagado. Oficiais de saúde declararam que há um claro aumento
na contaminação. Apenas na sexta-feira foram detectados 1.130 novos casos da
doença. Há um mês, foram anunciados 81 novos casos, depois que a quarentena foi
afrouxada no final de maio.
O primeiro ministro da França, Jean
Castex, disse que “voltamos aos níveis comparáveis àqueles do final do período
da quarentena. Dessa maneira, apagamos uma boa parte do progresso feito durante
as semanas iniciais desde que o lockdown foi removido. É mais essencial que
nunca impor novamente nossa disciplina coletiva”.
Na Alemanha, um político afirmou que a
segunda onda do coronavírus já chegou ao país. Michael Kretschmer, o premiê do
estado da Saxônia, diz que “temos novos centros todos os dias, que podem
evoluir para números muito altos”. O instituto de doenças infecciosas do país,
Robert Koch Institute (RKI), apresentou um aumento significativo no aumento de
novas infecções, de 500 para 800 na última semana.
O governo da Catalunha, região da Espanha,
determinou o fechamento de bares e casas noturnas na última sexta-feira. A
medida deve vigorar por duas semanas na região, que concentrou quase metade dos
novos casos no país. O medo de uma segunda onda também afetou viagens e o
turismo no país. Pessoas que forem ao Reino Unido a partir da Espanha devem se
isolar – medidas semelhantes foram tomadas pela Noruega e França.
Israel
Com medidas rápidas de contenção no início
da pandemia, Israel conseguiu manter muito baixa sua taxa de mortalidade pelo
novo coronavírus.
Agora, porém, o país também teme uma segunda
onda de contágio, no momento em que os casos de infecções subiram para quase 2
mil por dia, segundo a BBC Monitoring.
O aumento dos casos gerou reações
políticas. O Parlamento israelense aprovou uma lei dando ao gabinete do premiê
Benjamin Netanyahu poderes ampliados para agir contra a pandemia.
A medida autoriza o premiê a decretar
restrições como "lockdowns" e estado de emergência sem a necessidade
de aprovação de um comitê legislativo. Também permite que o governo aja contra
manifestações populares - que cresceram no último mês, em meio ao
aprofundamento do desemprego por conta da pandemia.
Críticos afirmaram que Netanyahu está
"castrando o Parlamento" e "se apropriando de autoridade
ilimitada com o objetivo de destruir as manifestações" antigoverno.