Apesar de
Jair Bolsonaro ter dito que Glenn "pegaria cana" pela Vaza Jato, o
governo disse à ONU que "não se tem notícias de nenhum ato ou procedimento
que caracterize qualquer violação a direitos dos jornalistas, incluindo-se
cerceamento a sua liberdade de expressão ou ao exercício da atividade
jornalística"
Glenn Greenwald (Foto: Alessandro Dantas/PT) |
247 - Representantes do
governo Jair Bolsonaro encaminharam uma carta confidencial à ONU admitindo que
o jornalista do The Intercept Brasil Glenn Greenwald não cometeu crime durante
a Vaza Jato, segundo informações exclusivas do jornalista Jamil Chade, no UOL.
Vaza Jato é como ficou conhecida a série
de reportagens de Glenn que revelavam conversas entre os procuradores da
Operação Lava Jato e o ex-juiz da força-tarefa Sergio Moro.
A ONU, por meio de dois relatores
internacionais, cobrou explicações sobre possíveis ataques e pressões que
estariam sendo feitas sobre o Glenn Greenwald. Jair Bolsonaro havia dito,
inclusive, que o jornalista "pegaria cana"
por fazer seu trabalho.
No dia 7 de abril de 2020 o governo
brasileiro respondeu à ONU afirmando que investigava a prática de "crimes
cibernéticos por grupo suspeito de ter obtido ilicitamente informações pessoais
alheias", e que tal grupo teria invadido dados de autoridades dos três
poderes da República.
Todavia, o governo reconheceu que Glenn
Greenwald, ao receber e publicar o material colhido por meio de invasões
cibernéticas, segundo o governo, não teria cometido nenhum ato ilícito.
"Isso não obstante, a PF considerou não ter havido a participação moral ou
material de Glenn Greenwald nos crimes investigados, motivo pelo qual não o
indicou e tampouco adotou qualquer medida persecutória em seu desfavor. Logo,
não foi atribuído ao jornalista qualquer tipo de responsabilidade
criminal".
O governo brasileiro também negou que tenha
sido feita pressão sobre o jornalista. "No âmbito das investigações
policiais, não se tem notícias de nenhum ato ou procedimento que caracterize,
ainda que em tese, qualquer violação a direitos do jornalista Glenn Greenwald,
incluindo-se cerceamento a sua liberdade de expressão ou ao exercício da
atividade jornalística".