Sergio
Moro caiu atirando e abriu caminho para o impeachment de Jair Bolsonaro ao
apontar que ele cometeu mais um crime de responsabilidade: o de trocar o
diretor da PF para ter alguém que o avisasse sobre as investigações de crimes
ligados à sua família
Jair Bolsonaro e Sérgio Moro (Foto: Carolina Antunes/PR) |
247 - Em
pronunciamento à imprensa na manhã desta sexta-feira 24, no qual anunciou sua
saída do Ministério da Justiça e do governo, Sergio Moro apontou mais um crime
de responsabilidade de Jair Bolsonaro, fortalecendo a abertura do caminho para
seu impeachment. Segundo Moro, Bolsonaro quis trocar o comando da Polícia
Federal para obter informações sigilosas de investigações ligadas à sua
família.
“O presidente me relatou que queria ter
uma indicação pessoal dele para ter informações pessoais. E isso não é função
da PF”, denunciou Moro. “Isso não é função do presidente, ficar se comunicando
com Brasília para obter informações que são sigilosas. Esse é um valor
fundamental que temos que preservar dentro de um Estado democrático de
Direito”, avaliou, citando
novamente o nome da ex-presidente Dilma Rousseff, sobre quem
reconheceu ter dado autonomia à PF durante a Lava Jato.
"Falei ao presidente que seria uma
interferência politica" a troca de Valeixo. "Ele disse que seria
mesmo", relatou.
“Temos que garantir a autonomia da Polícia
Federal contra interferências políticas”, defendeu Moro. “Ele havia me
garantido autonomia”, lembrou, sobre Bolsonaro. Moro disse ainda que “poderia
ser alterado o diretor da Polícia Federal desde que houvesse uma causa
consistente", o que não era o caso. "Então realmente é algo que eu
não posso concordar”, reforçou.
Antes, Moro explicou que não era
verdadeira a versão de que Maurício
Valeixo, demitido da diretoria da PF, teria pedido para sair. “Há
informações de que o Valeixo gostaria de sair, mas isso não é totalmente
verdadeiro. O ápice da carreira de qualquer delegado é o comando da Polícia
Federal. Depois de tantas pressões para que ele saísse, ele até manifestou a
mim que seria melhor sair”, detalhou.
“Vou começar a empacotar minhas coisas e
dar sequência à minha carta de demissão”, concluiu, sendo fortemente aplaudido
pelos jornalistas.