"Faça
um profundo exame de consciência. Limpe o seu coração. Recupere o Carlos pelo
seu exemplo. Ele vai aprender. Ele é um bom garoto. Só precisa da sua
ajuda", disse Gustavo Bebianno, em sua carta a Jair Bolsonaro
(Foto: Esq.: ABR / Dir.: Carolina Antunes - PR) |
247 – Leia abaixo a
íntegra da carta escrita por Gustavo Bebianno a Jair Bolsonaro, em que ele
declara seu "amor hétero" pelo chefe e critica o ódio do filho
Carlos:
“E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará“
João 8:32
Meu Capitão,
Ao longo de dois anos, ouvi essa frase
sair da sua boca quase todos os dias, como que de forma automática.
Isso, além de outras coisas, fazia-me
acreditar que o senhor era um homem justo, bom, leal e amigo. Acima de tudo,
corajoso!
Dediquei dois anos
da minha vida para defender uma causa apelidada de Mito. E eu acreditei nesse
Mito com todas as minhas forças, com todo o meu coração.
O senhor SABE disso. Por mais que, agora,
o senhor tente banalizar tudo o que fiz, para alívio da própria consciência, o
senhor SABE que não chegaria até aqui sem o trabalho que fiz (trabalho que só
deu certo porque fiz, acima de tudo, com AMOR — amor que intensamente
desenvolvi por você. Amor hétero, como costumávamos brincar).
O senhor mesmo costumava verbalizar essa
verdade para algumas pessoas do nosso convívio. Essas pessoas também sabem,
também conhecem essa verdade. Mas o que importa, de fato, é que o senhor, homem
Jair Bolsonaro, SABE: sempre estive ao seu lado, e do seu lado, durante toda
essa jornada, sem importar o preço a ser pago.
Ainda que o senhor
bata a cabeça, tome remédios, se encha de raivas criadas por fantasias exóticas
e curiosas, o FATO, a VERDADE, continuará lá no fundo da SUA consciência,
impressa na SUA alma.
Por isso, não vou tomar o seu tempo
dissertando sobre as coisas que fiz, acreditando estar, principalmente,
trabalhando para o bem do meu país.
Mas, Meu Capitão, o senhor precisa acordar
e cair em si.
O senhor está obsediado. Obsediado pelo
próprio filho. Carlos precisa de ajuda e só o senhor tem esse poder. Não estou
falando com rancor. Meu sentimento não é de raiva, acredite. Não tenho uma só
gota de raiva do Carlos (a que tive, já passou, graças a Deus), porque ele
precisa de ajuda. Isso é visível aos olhos de TODOS.
Falando dessa forma direta, o senhor
talvez não entenda. Por isso, tentarei lhe explicar um pouco mais esse meu
sentimento.
Carlos vive em uma prisão mental e
emocional. Ele sofre intensamente em função do próprio ódio. Ele cultiva esse
ódio contra tudo e contra todos, principalmente contra as pessoas por quem o
senhor demonstra AFETO. E o senhor também sabe dessa VERDADE. Ele é consumido
pelo ódio 24 h por dia, independentemente do que esteja acontecendo no mundo
real.
A despeito do que, de fato, esteja
acontecendo no mundo real, por melhores que possam ser as circunstâncias,
Carlos continua odiando e sofrendo. Mesmo o senhor tendo alcançado o objetivo
de ser eleito, ele permanece odiando. Ele aprendeu a ser assim e não sabe fazer
de outra forma. Não é por mal, ele não tem culpa, simplesmente não sabe fazer
diferente.
E o senhor tem alimentado essa situação. E
isso só vai mudar quando o senhor RECONHECER A VERDADE.
Para manter o vínculo afetivo com ele,
para manter a conexão física e emocional, o senhor embarca nessas fantasias,
nessas paranoias, nas eternas teorias de conspiração.
Carlos aprendeu a ser assim com o senhor.
Foi o senhor que o ensinou, desde pequeno, a viver em confronto. Vide o que
assumiu contra a própria mãe, ainda quando jovem. Essas experiências deixam
marcas, Capitão. A mente humana é muito profunda e complicada. É bom estar
preparado para confrontos. Viver em permanente estado de beligerância nubla a
mente e a existência.
O seu erro tem sido fazer exatamente o
contrário daquilo que prega. O seu pecado é, nesse caso, não RECONHECER A
VERDADE. E, portanto, não se libertar (nem libertar o próprio filho, que é o
que mais sofre).
Ao agir assim, o senhor se mantém preso,
mantém o seu filho preso, e gera um rastro terrível de destruição à sua volta.
O senhor destrói os seus principais amigos e aliados. O senhor se torna uma
pessoa injusta com os outros. Além disso, alimenta e incentiva o comportamento
viciado do filho, impedindo-o de se libertar do ódio.
Tenha certeza de que, daqui a pouco tempo,
o problema envolverá outra pessoa, e depois outra, e depois mais outra, num rastro
interminável de ódio e destruição. Leia a Bíblia e veja as consequências
invariáveis decorrentes do ódio. O ódio é uma energia terrível e incontrolável
que tudo destrói. O ódio abre o canal de sintonia com o que há de pior no mundo
espiritual.
Acredite: sem saber, sem querer e sem
perceber, Carlos se tornou um canal aberto para influências espirituais
negativas. Ele se tornou obsediado. E, por consequência, obsedia o senhor. Isso
é um círculo vicioso terrível! O mal opera por aí. Ao contrário do que muita
gente pensa, o mal nem sempre age pelas mãos de Adelios. Na maioria das vezes,
age de forma ardil e sub-reptícia, pela mente de pessoas próximas a nós, que
nos amam e a quem também amamos. Acredite nisso, Capitão.
O mal opera utilizando as fraquezas de
cada um (ou, como se diz no jargão religioso, pelo pecado). Se a pessoa tem a
tendência de beber, será influenciada a beber. Se a pessoa tem a tendência a
sentir ciúmes, será colocada em circunstâncias propícias a sentir ciúmes. Se a
pessoa tem a tendência de odiar, essa será a ferramenta usada).
No seu caso, essa é a chave por meio da
qual o mal opera. É por meio do seu próprio pecado. O senhor cultiva e alimenta
teorias de conspiração, intrigas e ódio, e ensinou seus filhos a fazerem o
mesmo. O melhor discípulo foi o Carlos, pois é o que tem maior conexão
espiritual com você. O problema é que ele é muito forte, muito intenso, e o
senhor perdeu o controle sobre o “pitbull”. Hoje, ele morde aleatoriamente as
pessoas, sem que o senhor consiga segurá-lo. Pior do que isso, quando o senhor
tenta segura-lo, ele se vira e morde o senhor mesmo.
E, com esse canal aberto, o mal segue
operando. Os obsessores instigam vocês dois a desconfiarem das pessoas e
sentirem o ódio. Vocês ficam cegos e sentem o ódio contra alguém injustamente —
como no meu caso — e atacam. A vítima do ataque também passa a sentir ódio,
pois foi atacada (no meu caso, fui atacado injustamente em público). Ao sentir
ódio, eu também tenho vontade de atacar, de retribuir a agressão. E, assim, o círculo
vicioso se amplia, num rastro sem fim de destruição, cumprindo a missão dos
obsessores que pretendem manter o BRASIL no mesmo padrão moral inferior.
Portanto, meu amado Capitão, só há uma
forma de isso tudo acabar bem, em benefício do nosso BRASIL.
O senhor precisa romper esse ciclo de
ódio. Do fundo do seu coração, do fundo da sua alma, com toda a sua força. O
senhor é um homem bom, justo, permita que isso venha à tona. Quebre os padrões
negativos. Só o AMOR pode fazer isso. Só o amor tem o poder de salvar o Brasil
e livra-lo das influências negativas que o prejudicam.
Peço perdão ao senhor pelos maus
sentimentos que tive nos últimos dias.
O senhor pode ficar tranquilo. Vou embora
em paz. Quero apenas que dê certo. Não posso crer que tudo o que foi feito
tenha sido em vão.
Tenha a certeza que nunca o traí. Nunca
fiz nada pelas costas. Nunca plantei nota desfavorável ao senhor ou a seus
filhos, nunca vazei áudio. Não há complô algum. Talvez o senhor nunca enxergue
isso. Mas minha consciência sabe. Isso é o que basta.
Minha missão chegou ao fim aqui. A sua,
não. Reconheça seus erros (para si próprio). Faça um profundo exame de
consciência. Limpe o seu coração. Recupere o Carlos pelo seu exemplo. Ele vai
aprender. Ele é um bom garoto. Só precisa da sua ajuda.
Fique com Deus e um beijo no seu coração
(hétero).
O senhor continuará a ser o meu Mito.”