De acordo
com um novo capítulo da Vaza Jato, em fins de 2018, a força-tarefa da Operação
Lava Jato municiou com documentos o site O Antagonista "para alimentar
notícias que evitassem que o ex-presidente da Petrobras Ivan Monteiro ocupasse
a presidência do banco". "O comentarista Diogo Mainardi, dono e
editor do site, acatou pedido de Dallagnol", diz a reportagem
Deltan Dallagnol e Ivan Monteiro (Foto: Agência Brasil) |
247 - Em um novo
capítulo da Vaza Jato, uma matéria do Intercept Brasil aponta que procuradores
da Operação Lava Jato usaram o site O Antagonista para interferir na escolha do
presidente do Banco do Brasil no governo Bolsonaro.
"Em fins de 2018, a força-tarefa
municiou com documentos o site comandado pelos jornalistas Diogo Mainardi,
Mario Sabino e Claudio Dantas para alimentar notícias que evitassem que o
ex-presidente da Petrobras Ivan Monteiro ocupasse a presidência do banco.
Monteiro era o nome mais forte entre os cotados para assumir o BB, uma escolha
do ministro da Economia Paulo Guedes – a ele era dado o crédito por ter salvado
as contas da Petrobrás", diz reportagem dos
jornalistas Glenn Greenwald Rafael Moro Martins, Rafael Neves e João Felipe
Linhares.
"O comentarista Diogo Mainardi, dono
e editor do site, acatou pedido de Dallagnol e parou de publicar notícias sobre
um escândalo de corrupção que envolvia a Mossack Fonseca, um escritório de
advocacia suseito de abrirempresas offshore no Panamá", continua o texto.
De acordo com a matéria, "Mainardi
também deu dicas de investigação a Dallagnol, que seguiu as pistas do
comentarista e em seguida informou-o – em tom lamentoso – de que o caso estava
fora da alçada da operação".
"Em troca do jornalismo chapa-branca,
Dallagnol passava informações privilegiadas ao site. Isso fica claro numa
mensagem num chat privado de 30 de agosto de 2018, em que o procurador diz o
seguinte, ao entregar em primeira mão a Claudio Dantas dados que haviam sido
pedidos pelo jornal El País: “Nao estamos passando pra mais ng agora”.
Tratava-se de uma resposta da operação a um depoimento do advogado Rodrigo
Tacla Duran, um crítico da Lava Jato, na Espanha".
Confira um trecho do diálogo (28 de
dezembro de 2015):
Deltan
Dallagnol –
13:56:48 – Oi Diogo, como vai? Antes de tudo, desejo um excelente fim e começo
de ano a Vc e família. Parabéns pelos furos do duplex e da Mosack. O colega que
atua nisso na nossa FT é o Januario Paludo. Ele me pediu para entrar em contato
com Vc e lhe pedir, por um bem maior do resultado do caso e em benefício do
interesse social da investigação, que suspenda informações sobre a Mosack, pois
veremos em janeiro o que dá para fazer em relação a isso. Compreendemos o lado
jornalístico da divulgação, e Januario lhe fornecerá, assim que possível,
informações sobre esse assunto de modo prioritário se Vc puder segurar essas
informações, como uma forma de agradecer sua contribuição com o caso. Segue o
telefone dele. Fique à vontade para contatá-lo diretamente:
Diogo
Mainardi –
23:06:16 – Caro Dallagnol, como você sabe, só quero ajudar as investigações,
por isso mesmo pedi ao meu pessoal para segurar todas as notícias sobre a
Mossack.
Mainardi – 23:11:07 – Estou
preocupado com o atraso na homologação da delação da Andrade Gutierrez.
Publiquei que os executivos da empreiteira entregaram a campanha da Dilma e que
o PGR preferiu ganhar tempo. Isso prejudica enormemente a Lava Jato
Dallagnol – 23:34:48 –
Obrigado
Dallagnol – 23:38:00 – Acho
que não é por aí. Também queremos que a PGR assine logo, porque a fila tem que
andar (há outras pendências também), mas quanto aos fatos não há nada assim
bombástico. Na PGR, como no STF, tudo demora. É o modo como o sistema funciona.
Por isso que prerrogativa de foro é ruim. Atrasa o tempo da investigação
Mainardi – 23:50:04 –
Me disseram claramente que Edinho Silva e Giles Azevedo pediram R$100 milhões
para a campanha de 2014, por dentro e por fora. Isso é explosivo, sim.