segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Caos no Enem prejudica milhões de estudantes e pode levar alunos à Justiça


Alunos estão apreensivos após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reconhecer "inconsistências" na correção dos gabaritos do Enem 2019. O Inpe informou que a revisão será feita nos dois dias do Exame
Enem deste ano terá 30 minutos a mais para provas de exatas
Enem deste ano terá 30 minutos a mais para provas de exatas (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

247 - Alunos estão apreensivos após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reconhecer no sábado (18) que houve "inconsistências" na correção dos gabaritos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019. De acordo com o titular da pasta, a falha ocorreu na transmissão das informações. Quem fez prova de uma cor teve o gabarito corrigido como se fosse outra cor.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, 3,9 milhões de pessoas fizeram as provas em 3 e 10 de novembro. O Inpe informou que a revisão será feita nos dois dias do Exame. 
O ministro disse que o erro atingiu "alguma coisa como 0,1%" dos candidatos que prestaram o exame – o equivalente a 3,9 mil candidatos
O desempenho no Enem é critério para concorrer no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece 237 mil vagas em universidades federais no País. O período de inscrições foi mantido: vai de terça-feira (21) a sexta-feira (24).
Virgínia Medina, 20 anos, tenta pela quarta vez entrar em medicina. "Meu medo é o erro não ser corrigido e eu ser prejudicada no Sisu. Foi um ano inteiro de investimento. Eu morei em outra cidade para fazer cursinho, paguei as aulas, estudei bastante e agora comecei a me preocupar, porque aquela nota não condiz com a minha preparação", disse ela ao G1.


Juiz diz que País vive "merdocracia neoliberal neofascista"


Ao proferir sentença de um processo trabalhista, o juiz substituto da 18ª Vara do Trabalho de São Paulo, do TRT-2ª, Jerônimo Azambuja Franco Neto também criticou ministros do governo Bolsonaro, como Abraham Weintraub, da Educação; Sérgio Moro (Justiça), Paulo Guedes (Economia) e Damares Alves (Direitos Humanos), além do próprio Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)

247 - O juiz substituto da 18ª Vara do Trabalho de São Paulo, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, Jerônimo Azambuja Franco Neto, chamou o atual momento do Brasil de "merdocracia neoliberal neofascista", ao proferir sentença de um processo trabalhista, publicada na quinta-feira, 16. "A merdocracia neoliberal neofascista está aí para quem quiser ou puder ver", escreveu o magistrado.
Após do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares de São Paulo, o juiz condenou o restaurante Recanto da XV a pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais e a demonstrar o pagamento do piso salarial, seguro de vida e de acidentes e assistência funerária aos funcionários. Cabe recurso da sentença.
Na sentença, o magistrado faz críticas a ministros do governo, como Abraham Weintraub, da Educação; Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública),  Paulo Guedes (Economia) e Damares Alves (Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), além do próprio Jair Bolsonaro.
O ser humano Weintraub no cargo de Ministro da Educação escreve 'imprecionante'. O ser humano Moro no cargo de Ministro da Justiça foi chamado de 'juizeco fascista' e abominável pela neta do coronel Alexandrino. O ser humano Guedes no cargo de Ministro da Economia ameaça com AI-5 (perseguição, desaparecimentos, torturas, assassinatos) e disse que 'gostaria de vender tudo'. O ser humano Damares no cargo de Ministro da Família defende 'abstinência sexual como política pública'. O ser humano Bolsonaro no cargo de Presidente da República é acusado de 'incitação ao genocídio indígena' no Tribunal Penal Internacional."

domingo, 19 de janeiro de 2020

Fórum de Davos: Greta é grande destaque; Doria e Huck farão discurso


Greta Thunberg é eleita personalidade do ano pela Time
Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folha Press
Fórum Econômico Mundial em Davos sucumbiu à pirralha. É da ativista ambiental sueca Greta Thunberg, 17, a voz mais esperada no encontro que reúne a partir desta segunda (20), nos Alpes Suíços, a elite financeira e política global.
Ao celebrar sua 50ª edição neste ano, o evento criado por Klaus Schwab em 1971 consolida a forma que vinha tomando nos últimos anos, com líderes nacionais e empresariais de cinco continentes circulando entre ativistas, artistas, acadêmicos e outros representantes da sociedade civil.
A participação de Greta em três sessões do evento sela essa transformação.
Depois de dois anos de estreia presidencial no evento, um com Michel Temer (MDB) e outro com Jair Bolsonaro (sem partido), o Brasil baixou a graduação de sua comitiva, que será chefiada pelos ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde), ladeados por parte da equipe econômica.
A missão de Guedes será apresentar aos investidores dados que possam convencê-los de que o Brasil engrenou um novo ciclo de crescimento.
Gustavo Montezano, presidente do BNDES, que tem destacado a importância das parcerias internacionais, faz sua estreia em Davos. Também acompanha a comitiva, Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras, a estatal que encabeça a lista de privatizações do governo.
Dois aspirantes ao Planalto, porém, comparecerão – o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o apresentador Luciano Huck falarão ao público na quinta (23), o primeiro sobre cidades do futuro e o último sobre a ebulição das ruas da América Latina.
Sem o presidente, a lista de empresários e executivos brasileiros também minguou, resumindo-se quase que a presidentes de bancos. A comitiva da área financeira brasileira conta com Itaú Unibanco, Bradesco, BTG Pactual e Safra.
Mas não foi só Bolsonaro que abriu mão do convite.

CHEFES DE ESTADO 

A lista de chefes de Estado e de governo neste ano está bem mais magra do que em seu auge, 2018, quando as calçadas escorregadias do resort de esqui de 11 mil habitantes que inspirou Thomas Mann a escrever “A Montanha Mágica” (1924) foram tomadas por mais de 70 comitivas de presidentes, premiês e monarcas.
Desta vez, serão 43, sendo 25 delas de europeus.
Com a adesão de última hora do americano Donald Trump, aumentaram as expectativas e o quórum. Sua ida, anunciada no início da semana, permanecia nos planos da Casa Branca e da organização até o início deste sábado (18). Mas estando Trump em pleno processo de impeachment, não se pode ter certeza.
A viagem ao exterior neste momento é talhada para ser lida como sinal de confiança de que o processo naufragará em um Senado de maioria republicana, o que é mesmo mais provável. Concretizada, porém, sua presença em Davos pode causar saias-justas.
Nos corredores acarpetados do centro de convenções o americano deve cruzar com (1) Greta, com quem mantém uma guerra verbal; (2) o vice-premiê chinês Han Zheng, com cujo governo trava uma guerra comercial em incipiente armistício; (3) o presidente iraquiano Barham Salih, cujo país foi usado pelos EUA como trampolim para uma quase-guerra com o Irã.
E (4) com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pivô da guerra política que Trump enfrenta em casa após virem à tona telefonemas em que exigia do europeu a cabeça de inimigos políticos para manter os aportes financeiros americanos a Kiev.
Saia-justa é o que Bolsonaro parece evitar ao desistir do evento e reduzir a delegação logo antes de seu amigo americano confirmar presença.
Com as queimadas na Amazônia e os incêndios em curso na Austrália para mantê-las vivas no debate, o brasileiro seria inevitavelmente cobrado por sua inação ambiental, já que, sob o tema “Interessados em um mundo sustentável e coeso”, a ecologia e a sustentabilidade são o trilho principal do encontro neste ano (com saúde, trabalho, desigualdade social e os de praxe: negócios, tecnologia, geopolítica).
E ainda poderia ter que ouvir um sermão de Greta, a quem definiu como “pirralha”.
É sintomático e estratégico, portanto, que esteja na delegação o cientista Carlos Nobre, presidente da Academia Brasileira de Ciência e respeitado pesquisador do aquecimento global, mas não o ministro do Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles.
O governo parece já ter suficientes escândalos com os quais lidar, e expor Salles a perguntas sobre a Amazônia de gente como Greta, Al Gore e o príncipe Charles não ajuda.
Nobre, por sua vez, foi escalado para três sessões oficiais sobre clima e ambiente. É o mesmo número da estrela da equipe, Paulo Guedes, que falará sobre indústria na terça, crescimento e inclusão social na quarta e dólar na quinta.
O que faz Davos ter o peso que tem para definir a agenda de política e negócios do ano que começa, entretanto, é menos os palcos e mais seus corredores, que fervilham com encontros bilaterais.
O governador de São Paulo não ficou muito atrás. A agenda preliminar de Doria somava 17 encontros bilaterais com executivos e representantes de governo, além de almoços e jantares de negócios.
Ao falar da viagem na sexta (17), o tucano alfinetou Bolsonaro ao dizer que é o único no Executivo do país a participar do evento três vezes seguidas.
No vídeo para convencer investidores estrangeiros a colocarem dinheiro em São Paulo, nova cutucada: a produção elétrica que descreve o estado como ponto de convergência global mostra São Paulo praticamente independente do Brasil e seus problemas, e enfatiza o respeito ao Acordo de Paris sobre o Clima, que Bolsonaro desdenha e a nova cartilha empresarial ama.
O palco principal do evento, porém, não deve apresentar maiores emoções. Além de Trump e do vice-premiê chinês, os demais líderes a discursar ali serão o iraquiano Salih, a alemã Angela Merkel, que deixa a política no ano que vem, o espanhol Pedro Sánchez, que acaba de sobreviver a uma crise doméstica, o italiano Giuseppe Conte, o paquistanês Imran Khan e o príncipe Charles, num furacão familiar após seu filho caçula se afastar da realeza.
Greta ainda não pisa ali – por ora.

AGENDA 

Veja os discursos” em www.weforum.org

Terça (21)
7h30: Donald Trump (EUA)
10h15: Han Zheng (China)*

Quarta (22)

7h: Pedro Sánchez (Espanha)
10h40: Pr. Charles (R. Unido)
11h30: Imran Khan (Paquistão)
14h: Barham Salih (Iraque)

Quinta (23)

10h15: Angela Merkel (Alem.)
12h: Giuseppe Conte (Itália)



Flávio Bolsonaro será denunciado e governo vai retaliar, avisa colunista


Flávio Bolsonaro vai ser denunciado por algum tipo de corrupção nas próximas semanas, caso que deve envolver mais gente da família e agregados, diz o jornalista Vinícius Torres Freire
(Foto: Reuters | Reprodução)

247 – O governo Bolsonaro será atingido por novas denúncias de corrupção e irá retaliar a imprensa, prevê o jornalista Vinícius Torres Freire, em sua coluna na Folha. Segundo ele, a ameaça óbvia é o processo de seu filho Flávio Bolsonaro, que vai ser denunciado por algum tipo de corrupção nas próximas semanas, caso que deve envolver mais gente da família e agregados. Ele também afirma que o governo vai retaliar e lembra que a administração Bolsonaro esmiúça contratos da Globo. 

Jornal Nacional dedica cinco minutos aos erros de português de Weintraub e ao nazismo do governo Bolsonaro


O telejornal fez uma cobertura bastante ácida dos erros do Enem neste ano, mostrou os erros de português do perfil do ministério, e ainda fez longa matéria do que chamou de "ideias nazistas" do ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim
Bolsonaro JN
Bolsonaro JN (Foto: Divulgação/Globo)

Fez uma cobertura bastante ácida dos erros do Enem neste ano, mostrando que o ministro Weintraub havia dito ainda ontem que esta edição havia sido a melhor da história, mas que hoje começaram a aparecer vários erros de avaliação, que prejudicavam a nota de uma grande quantidade de estudantes.
Além disso, o JN ainda mostrou os erros de português do perfil do ministério que escreveu “paralização”, assim mesmo, com z. E também destacou os erros de português do próprio ministro, que recentemente escreveu “imprecionante”, assim mesmo, com c.
O jornal ainda fez longa matéria do que chamou de “ideias nazistas” do ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim. Também deu crédito ao Jornalistas Livres pela matéria e à advogada Manuela Lourenção que postou a informação em primeira mão no seu perfil do Twitter.
O Jornal Nacional mudou de postura. Talvez por ser sábado, seu dia de menor audiência. Mas já é algo para ser anotado.


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sábado, 18 de janeiro de 2020

Família de assessor de Bolsonaro recebeu R$ 160 mil de deputados do PSL em 2019

Jair Bolsonaro


Da Época:
A empresa da mulher e filha de Joel Novaes da Fonseca, assessor especial de Jair Bolsonaro, faturou R$ 161 mil com verba de gabinete de deputados do PSL em 2019.
A Locar1000 aluga carros. Está registrada em Brasília, no nome de Ghislaine Maria de Oliveira Barros e Leticia Barros Novaes da Fonseca, mulher e filha de Joel.
Joel está lotado no gabinete pessoal de Bolsonaro e recebe salário de R$ 13,6 mil. Antes, trabalhou na Câmara para Jair Bolsonaro, em 2016 e 2018, e Eduardo Bolsonaro, em 2015 e 2017.
Fonte: DCM

O verdadeiro nazista é Bolsonaro, aponta editorial do Estadão


"O assessor que se inspirou em Goebbels para anunciar o “renascimento da cultura nacional” só foi exonerado porque houve uma grita generalizada diante de tamanho absurdo. Noves fora o plágio nazista, o conteúdo da fala que custou o cargo ao tal secretário é essencialmente o que Bolsonaro já disse e repetiu inúmeras vezes", aponta o jornal paulista
Roberto Alvim e Jair Bolsonaro
(Roberto Alvim e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | ABr)

247 – O ex-secretário nazista de Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, só caiu porque deu muita bandeira, aponta o jornal Estado de São Paulo, neste sábado. De acordo com o texto, o verdadeiro chefe do projeto autoritário é Jair Bolsonaro – e todos sempre souberam disso. 
"Não são rompantes, e perde tempo quem acredita na possibilidade de que, com o tempo, Bolsonaro vá temperar seu comportamento. O assessor que se inspirou em Goebbels para anunciar o “renascimento da cultura nacional” só foi exonerado porque houve uma grita generalizada diante de tamanho absurdo. Noves fora o plágio nazista, o conteúdo da fala que custou o cargo ao tal secretário é essencialmente o que Bolsonaro já disse e repetiu inúmeras vezes, mesmo antes da eleição. Portanto, ninguém pode se dizer surpreendido, nem mesmo os eleitores mais ingênuos. Bolsonaro é Bolsonaro há muito tempo", aponta o texto.


Alexandre Frota: Jean Wyllys tinha razão quando cuspiu na cara do Bolsonaro


Comentando tuíte em que internauta diz que tudo começou quando normalizaram o discurso de Jair Bolsonaro, na votação do impeachment de Dilma Rousseff, em que ele exalta o torturador Brilhante Ustra, o deputado Alexandre Frota escreveu: "Jean Wyllys tinha razão quando cuspiu na cara do Bolsonaro"
Alexandre Frota e Jean Wyllys
Alexandre Frota e Jean Wyllys

247 - O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) compartilhou  neste sábado (18) tuíte com o famigerado discurso de Jair Bolsonaro, então deputado federal, na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em que ele exalta o torturador da própria Dilma, Brilhante Ustra.
"E no fim estamos vendo que Jean Willis tinha razão quando cuspiu na cara do Bolsonaro", escreveu Frota.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Sarcástico, antes da demissão Alvim brincou com boneco que ‘assassina’ Lula


Horas antes de ser exonerado, o então secretário de Cultura Roberto Alvim, achando que permaneceria no cargo, concedeu entrevista com um boneco que "assassina" o ex-presidente Lula sobre a mesa, e comentou de maneira sarcástica: "É o Doutrinador. Ele matou o Lula num quadrinho"
Lual e Roberto Alvim
(Lula e Roberto Alvim (Foto: Ricardo Stuckert)

247 - Na manhã desta sexta-feira (17), horas antes de deixar o governo - mas ainda sem saber que o deixaria -, o então secretário de Cultura Roberto Alvim recebeu a reportagem do Estado de S.Paulo para uma entrevista.
Em sua mesa, além de uma cruz da Região das Missões (RS) e um frasco de água benta, o agora ex-secretário exibia um pequeno boneco armado do "Doutrinador", personagem que assassina ex-presidentes do PT e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) em uma história em quadrinhos brasileira.
"É o Doutrinador. Ele matou o Lula num quadrinho", explicou Alvim, emendando com uma longa risada. Na entrevista, ele afirmou que Bolsonaro havia garantido a sua permanência no cargo.

Crescimento de evangélicos na política é exponencial


A presença de evangélicos na política cresce de forma exponencial. De 1982 para cá, o número de parlamentares declaradamente evangélicos passou de 12 para 90, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). A mudança se explica parcialmente pelo aumento vultoso da população evangélica no Brasil, que, no mesmo período, passou de 7,8 milhões para 26,2 milhões

Do Brasil de Fato - São quase sete e meia da noite em uma das unidades da Igreja Pentecostal Deus é Amor, na região central de São Paulo. Depois de uma chuva intensa, os fiéis demoram a chegar. Enquanto o culto não começa e os irmãos não chegam, Serafina Ribeiro, de 36 anos, anda de um lado para o outro, colocando as coisas nos lugares, passando um pano úmido no chão, limpando os ventiladores e sorrindo para quem adentrava ao espaço. 
Empregada doméstica, ela está ali há quatro anos, desde que passou por um processo de depressão depois da morte da mãe, na Bahia, enquanto Serafina vivia em São Paulo – chegou na capital paulista acompanhada de sua patroa, com quem sempre morou. Na Igreja, sentiu o “amor de Deus”, parou de sentir angústia e se sente “curada”.
Serafina é o rosto evangélico brasileiro: mulher, negra e de baixa renda. Na Igreja relativamente pequena, se comparada ao Templo Salomão da Igreja Universal, a maioria ali presente confirmou o que levantaram os dados de uma pesquisa de janeiro de 2020, do Instituto Datafolha: um rosto feminino, negro, que ganha até dois salários mínimos por mês e tem apenas o ensino médio completo é rosto da religião evangélica hoje.
Bem diferente, no entanto, é o perfil dos líderes evangélicos que decidem atuar na esfera política, seja nos bastidores ou sob os holofotes. 
Um exemplo é o pastor Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada no terreno de uma antiga funerária, em 1977, no Rio de Janeiro, tem uma fortuna declarada de aproximadamente R$ 2 bilhões, segundo a Revista Forbes. Ele foi um dos apoiadores da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018. Resultado: cerca de 70% dos evangélicos declararam voto no candidato abençoado da extrema-direita.
A presença de evangélicos na política não é de hoje, mas cresce de forma exponencial. De 1982 para cá, o número de parlamentares declaradamente evangélicos passou de 12 para 90, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). A mudança se explica parcialmente pelo aumento vultoso da população evangélica no Brasil, que, no mesmo período, passou de 7,8 milhões para 26,2 milhões. Mas não é só isso.
Jair Bolsonaro é abençoado pelo pastor Edir Macedo (Foto: Igreja Universal do Reino de Deus)
Um projeto de poder
Especialistas e evangélicos ouvidos pelo Brasil de Fato explicam que o avanço dos evangélicos sobre na política responde a um projeto de poder, instigado pelos líderes religiosos e em aliança com a direita brasileira.
“Com o crescimento dos evangélicos, muitos mais se apresentarão para a política partidária. Isso é natural e esperado. Com a Universal, no entanto, isso mudou”, afirma o pastor Ariovaldo Ramos, de 64 anos, líder da Comunidade Cristã Renovada e um dos coordenadores nacionais da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, formada em 2016. Para ele, a igreja de Edir Macedo se transformou em uma “agência política”, com uma lógica de lógica de ascensão ao poder. 
Em 2008, o pastor Edir Macedo publicou o livro “Plano de Poder”, citando Maquiavel, apresentando Deus como um estadista e Adão e Eva como elementos de um estado de natureza ou de selvageria. “Os cristãos precisam despertar ao toque da alvorada. (…) A emancipação começa com o amadurecimento individual, o inconformismo com certas situações, o consenso em um ideal e a mobilização geral.” 
Dez anos depois, nas eleições de 2018, o plano de poder estava em pleno andamento: foram os pastores, apoiados por candidatos da direita, que levaram parte da população brasileira para as ruas, defende o pastor Ariovaldo Ramos. Aqueles que melhor souberam surfar a onda do crescimento dos evangélicos foram as siglas de direita e extrema direita. 
“É a religião que mais cresce no Brasil e na América Latina e que se cola muito bem a esse projeto de direita que passa pela questão moral e pelo conservadorismo”, afirma Andrea Dip, jornalista e autora do livro “Em nome de quem?: A bancada evangélica e seu projeto de poder”.
Como parte da apuração para o livro, em 2015, Dip foi assistir a um culto evangélico no Congresso Nacional, quando Dilma Rousseff (PT) ainda era presidente. “Até então não sabia que ocorriam cultos evangélicos nesse espaço. O Eduardo Cunha estava lá orando, com a Bíblia na mão. Ali eu percebi que havia um projeto de poder se desenvolvendo.” Entre os valores evangélicos e os da direita, nasceu a esteira necessária para o desenvolvimento desse projeto de poder.
O pastor Ariovaldo Ramos relata a participação de evangélicos na política partidária desde o fim da ditadura militar. As Igrejas Evangélicas, no entanto, tendiam a se manter distantes da lógica partidária. “Nunca passou pela lógica evangélica assumir o poder, influenciar na política. Até porque a fé protestante é a que mais atuou na construção do Estado laico, justamente porque é um cristianismo tardio, que vai ser perseguido, na Cortina de Ferro e, depois, no mundo islâmico”, afirma.
A lógica, entretanto, passou a entender que “era preciso estar no poder para garantir o avanço da fé, principalmente por causa das perseguições”. Com a chegada da Teologia da Prosperidade, explica Ramos, a mudança seria inevitável. Agora, “se você foi eleito por Deus, você tem prosperidade econômica. Aí virou a coluna que você vê na mensagem da Universal e de todas as neopentecostais. Isso é o ovo da serpente, criou um ambiente que nós temos hoje”.
“Os cristãos precisam despertar ao toque da alvorada", afirma Edir Macedo, no livro, "Plano de Poder" (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Por que o número de evangélicos cresce tanto?
De acordo com Marcos Fernandes, doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, para entender o que levou o número de evangélicos a aumentar tanto é necessário estudar as mudanças ocorridas na sociedade brasileira nas três últimas décadas ligadas à precarização da vida da classe trabalhadora. 
“Diante disso, o que as igrejas oferecem para as pessoas? Primeiro, a possibilidade de pertencer a uma comunidade. As Igrejas funcionam como um centro cultural nas periferias. Se um jovem quer aprender a tocar algum instrumento, por exemplo, vai para a Igreja Universal do Reino de Deus”, que, atualmente, têm cerca de 15 programas sociais destinados aos fiéis. De acordo com dados oficiais da Igreja, de 2018, cerca de 10,8 milhões de pessoas foram alcançadas por esses programas.
Outra constatação listada pelo pesquisador é o acolhimento emocional que esses espaços promovem. De acordo com um estudo feito pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), em 2017, os transtornos mentais estão entre as maiores causas de afastamento do trabalho.
“Onde esses trabalhadores vão procurar alívio? Na Igreja. E, de fato, elas melhoram de depressão, ansiedade. Quem cura o alcoolismo hoje nas classes populares são as Igrejas”, afirma Fernandes. Da mesma maneira, “é onde vão achar também um alívio material, mesmo que seja uma cesta básica alimentar no fim do mês”. 
Para Fernandes, as instituições religiosas evangélicas acabam, desse modo, por organizar a vida em sociedade, principalmente em espaços onde o Estado não chega, como nas periferias.
“A mulher negra que está na periferia não tem acesso à cultura, saúde e educação. Aí a Igreja traz saúde, cultura e educação.

Ao passo que a religião evangélica se expande pelo país, o catolicismo perde espaço.
Ainda de acordo com o Datafolha, os católicos ainda são 50% da população, mas em 1980 eram 90%. A diferença, segundo Fernandes, se explica pela melhor penetração das igrejas evangélicas entre a classe trabalhadora, com um discurso e um formato mais próximo da realidade do que a Igreja Católica.
Para se ter uma ideia, apenas na década de 1960 a Igreja Católica deixou de pregar a missa em latim e de costas para os fiéis. Do outro lado, os evangélicos espalham a narrativa por meio da música, dos canais de rádio e TV e nas pequenas casas que transformam em templo, em todas as periferias. 
A educadora social evangélica Rachel Daniel, de 24 anos, diz que a Igreja Evangélica acolhe as pessoas “de uma forma perfeita”. “Você é abraçado, se sente acolhido, as pessoas estão preocupadas se você tem o que comer em casa, sobre a sua saúde, te ligam no seu aniversário”, afirma.
“A mulher negra que está na periferia não tem acesso à cultura, saúde e educação. Aí a Igreja traz saúde, cultura e educação. O filho aprende a tocar um instrumento, faz teatro. Ela consegue ir ao médico, consegue os remédios. A Igreja tem um pré-vestibular comunitário. Tudo o que o Estado não traz, a Igreja traz.”
A maioria evangélica é feminina, negra e de baixa renda, segundo o Datafolha (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Esquerda não fez a lição de casa
“A esquerda não ouviu Paulo Freire, não foi ensinar o sujeito a escrever a partir do tijolo, da argamassa, que é o que Paulo Freire ensinava sobre a educação libertadora. A base ficou solta e foi virando religiosa”, argumenta Ariovaldo Ramos.
Para o pastor, o erro da esquerda é esquecer que “abaixo da linha do Equador nós todos somos religiosos". "Todo mundo fala ‘Graças a Deus’. Pensar que todo mundo, à medida que for ganhando a sua de dignidade econômica vai deixar a religião é imaginário. A fé é uma coisa mais profunda do que isso, é um jeito de se enxergar na vida.”
Política é afeto, é relação, e a religião também. A esquerda deixou de fazer isso e a direita usou esses pastores

Ramos alerta que, enquanto a esquerda não tratar da dignificação da mulher e do homem negro, seguirá perdendo votos para qualquer movimento que “empreste aos pobres, aos negros e aos miseráveis senso de dignidade, que não tem a ver com a grana que ele tem no bolso, porque ele vai colocar água no feijão de qualquer jeito. O que ele não vai aceitar é ser tratado como escravo”.
“Não dá para chegar na senhora de 90 anos que vai na minha Igreja e falar assim: eu sei que o pastor te levou no médico quando você precisou, conversou com você quando você precisava, visitou o seu filho na prisão, mas ele está errado, vota na outra pessoa. Porque é construção de afeto. Política é afeto, é relação, e a religião também. A esquerda deixou de fazer isso e a direita usou esses pastores”, sentencia a educadora evangélica Rachel Daniel.
Edição: Rodrigo Chagas


Secretário nazista de Bolsonaro é oficialmente exonerado


Queda de Roberto Alvim, secretário nacional de Cultura, acontece após ele citar Goebbels, ideólogo nazista, em vídeo de divulgação de programa de apoio às artes. Defesa explícita do nazismo foi considerada absurda até no governo de extrema-direita
(Foto: Reprodução)

247 - A Secretaria Especial da Cultura informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o secretário Roberto Alvim foi demitido do cargo. A exoneração acontece após Alvim citar um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista, informa o jornal Folha de S.Paulo. 
Alvim foi alvo de diversas críticas nesta sexta-feira, acusado de fazer propaganda explícita do nazismo. 
Ao blog de Matheus Leitão, no G1, funcionários da secretaria dizem que acompanharam a produção do pronunciamento e que Alvim sabia das semelhanças com os discursos do ministro nazista. Até por isso a estética do vídeo era parecida com a propaganda nazista, e não apenas as frases de Goebbels.
Entenda: 
O secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, copiou o ideário nazista ao propor uma nova arte para o Brasil. Reproduzindo fala de Joseph Goebbels, ideólogo da propaganda de Adolf Hitler, ele propôs uma nova arte para o Brasil. "A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", disse Alvim. 


Educação abre concurso para professor e assistente infantil


As inscrições serão abertas no dia 31 de janeiro e se estenderão até o dia 28 de fevereiro.
(Foto: PMA)
A Autarquia Municipal de Educação (AME) lançou edital de concurso público 001/2020 para a contratação de professores e assistentes infantis. As inscrições serão abertas no dia 31 de janeiro e se estenderão até o dia 28 de fevereiro. O valor da inscrição para ambos os cargos é de R$ 70.
Nesta sexta-feira (17/01), a Comissão Especial de Concurso esteve reunida, quando divulgou detalhes do concurso. De acordo com Marli Fernandes, diretora-presidente da AME, estão sendo ofertadas 12 vagas para o cargo de professor, das quais uma é para candidatos com deficiência e duas para afrodescendentes. Já para o cargo de assistente infantil, o concurso é destinado para compor o Cadastro de Reserva (CR).
A remuneração prevista para o cargo de professor é de R$ 1.463,33 para uma jornada de trabalho de 20 horas semanais. Já para o cargo de assistente infantil, a remuneração é de R$ 2.414,46 para 40 horas semanais. Os requisitos exigidos para ambos os cargos são Ensino Médio completo na modalidade Normal (Magistério ou Ensino Superior em Pedagogia, com habilitação em Magistério dos anos iniciais do Ensino Fundamental ou o Curso Normal Superior).
O certame é organizado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Estadual de Londrina (FAUEL) e a seleção dos candidatos inscritos vai ocorrer em quatro etapas, abrangendo a aplicação de prova escrita de múltipla escolha e de redação, prova de títulos e, por último, perícias médicas e procedimentos admissionais.
As inscrições para o concurso devem ser feitas pela internet, no endereço www.fauel.org.br e, após o preenchimento da ficha de inscrição online, será gerado o boleto bancário para pagamento da taxa. A prova objetiva e de redação estão previstas para ocorrer no dia 29 de março.