O
jornalista Leandro Demori, do site Intercept Brasil, lembrou no Twitter a
denúncia da Vaza Jato em que o relator da Lava Jato no TRF-4, João Pedro Gebran
Neto, teve diversos diálogos impróprios com Deltan Dallagnol, que cita
"encontros fortuitos" com o desembargador para negociar a condenação
de réus
Leandro Demori (Foto: Alice Vergueiro/Abraji) |
247 - O jornalista Leandro Demori, do site Intercept Brasil, que
vem divulgando irregularidades da Operação Lava Jato, lembrou no Twitter, que,
em julho deste ano, o Intercept Brasil e Veja denunciaram que o relator da Operação Lava Jato
no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), João Pedro Gebran Neto, teve diversos diálogos impróprios com procuradores do
Ministério Público Federal (MPF). Em uma das conversas, o procurador Deltan
Dallagnol cita "encontros fortuitos" com Gebran para negociar a
condenação de réus.
"Falei com
ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em
relação à prova de autoria sobre Assad…", afirmou Dallagnol ao procurador
Carlos Augusto da Silva Cazarré, da força-tarefa da Procuradoria Regional da
República da 4ª Região, que atua junto ao TRF4.
O coordenador da força-tarefa em Curitiba
cita Adir Assad, um dos operadores de propinas da Petrobrás e de governos
estaduais. Assad foi condenado pelo então juiz Sergio Moro a nove anos e dez
meses de prisão.
Dallagnol pediu ao colega que não comente
com Gebran o episódio do encontro fortuito "para evitar ruído”.
Na rede social, Demori também publicou uma
sequência de posts para demonstrar a afinidade entre o desembargador João Pedro
Gebran Neto, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4), e o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça.
"Mais sobre Gebran Neto: é amigo de
Sérgio Moro, de quem foi colega de mestrado na Universidade Federal do Paraná,
no início dos anos 2000. Os dois foram orientados pelo mesmo professor,
Clèmerson Merlin Clève", escreveu Demori.
"Na seção de
agradecimentos do livro A Aplicação Imediata dos Direitos e Garantias
Individuais, com base na sua tese de mestrado, Gebran descreve Moro como um
'homem culto e perspicaz'", complementou.
O jornalista citou uma frase escrita por
Gebran no livro. "Nossa afinidade e amizade só fizeram crescer nesse
período, sendo certo que [Moro] colaborou decisivamente com sugestões e
críticas para o resultado deste trabalho", disse o desembargador.
Demori lembrou que, "em outubro de
2016, os advogados de Lula ingressaram com um pedido no TRF4 para que o
desembargador fosse substituído, já que é amigo de Moro". "O próprio
Gebran julgou seu caso (e o rejeitou)", afirmou. "Em dezembro, o
mérito da suspeição foi analisado de modo definitivo pelo TRF4, e negado por
unanimidade".
Nesta quarta-feira
(27), Gebran negou que Moro tenha agido com parcialidade na condução do
processo contra o ex-presidente Lula no sítio em Atibaia e negou irregularidades
no fato de a juíza Gabriela Hardt ter copiado e colado parte da decisão de Moro
sobre o Triplex do Guarujá (SP).
Em sua decisão, o desembargador aumentou a
pena de Lula para 17 anos, 1 mês e 10 dias de prisão. A pena em primeira
instância, imposta por Gabriela Hardt, era de 12 anos e 11 meses de prisão (leia mais
aqui).