"Para
implantar essas medidas que eles querem, é só com repressão mesmo porque o povo
não vai aceitar", diz a presidente nacional do PT, ao falar sobre as
ameaças de um novo AI-5
(Foto: Divulgação) |
Da Rede Brasil Atual – Recém reeleita presidenta do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) não tem dúvida de que o governo Bolsonaro se prepara para reprimir com violência a população
brasileira que sair às ruas para se manifestar contra as medidas neoliberais
que têm sido implementadas no país. Os sinais são
muitos, como a proposta do excludente de ilicitude para policiais
que atuarem em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e as frequentes referências
ao Ato Institucional 5 (AI-5).
Gleisi acredita
que a povo não aguentará as medidas econômicas que promovem retirada de
direitos que estão sendo feitas, porém, avalia que está em curso a construção
de uma narrativa de que possíveis manifestações serão responsabilidade do PT e
da esquerda brasileira.
“A reação não é por que o PT ‘incendeia’
ou incentiva, como querem alguns, é por causa da realidade do povo brasileiro
que perde seus direitos, está desempregado, perde renda, a volta da fome no
Brasil. É um conjunto de medidas que vai levar o povo a protestar, não tem
jeito”, aponta a deputada, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e
Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual. “Estão fazendo
essa narrativa pra justificar depois a repressão. Para implantar essas medidas
que eles querem, é só com repressão mesmo, porque o povo não vai aceitar. Então
estão se antecipando para justificar o que vão fazer.”
Eleições
Sobre as eleições municipais de 2020,
Gleisi Hoffmann afirma que a decisão tomada pelo PT em seu último congresso
nacional é de que o partido deve ter candidato próprio na maioria dos
municípios em que isso for possível. Segundo a deputada federal, o pleito
permitirá com que o partido faça a sua defesa, apresente seu legado e um
projeto de país. “Para nós, que fomos vítimas de todo esse processo de
perseguição, disputar a eleição é importante nesse sentido. Achamos que essas
eleições terão um componente nacional muito forte.” Por outro lado, a deputada
confirmou que há conversas de aliança com outros partidos do campo progressista
e citou como exemplo as pré-candidaturas de Manuel D’Ávila (PCdoB), em Porto
Alegre, e Marcelo Freixo (Psol), no Rio de Janeiro.
Gleisi afirma que uma das diretrizes do
partido para os próximos anos é fazer uma “oposição sistemática e contundente”
contra o governo de Bolsonaro e as políticas de “desestruturação” do Estado
brasileiro nas áreas econômica e social. “Tudo isso é um desserviço para o
país, e é contra isso que a gente tem que se colocar de forma muito firme”,
destacou.
A parlamentar pondera sobre a importância
de dialogar com a parcela da população que está desacreditada da política. “O
Bolsonaro é resultado da antipolítica.” Em sua avaliação, a direita agiu para
desacreditar a política como forma de atingir o PT, e a extrema direita,
representada por Bolsonaro, se aproveitou da situação. “Recuperar isso faz
parte de um processo de conversa com a população”, diz ela, enfatizando que a
população já começou a perceber que houve um golpe para tirar o PT do governo e
tem sofrido com o desemprego e a falta de renda. “Acho que a conjuntura começa
a mudar e as pessoas começam a nos ouvir novamente. “O povo já nos conhece, já
governamos e o povo já viveu melhor. Temos que reforçar isso para a população
brasileira.”
Fonte: Brasil 247