Na Argentina, chapa de Alberto Fernández e Cristina
Kirchner é favorita; Uruguai enfrenta cenário menos definido
Nos dois casos, segundo pesquisas de intenção de voto, os candidatos de centro-esquerda e esquerda estão mais bem colocados / Foto: Julian Varela/Telam/AFP |
Argentinos e uruguaios vão às
urnas neste domingo (27) para as eleições presidenciais que podem alterar a
correlação de forças na América Latina. Nos dois casos, segundo pesquisas de
intenção de voto, os candidatos de centro-esquerda estão mais bem
colocados.
Na
Argentina, a eleição pode ser decidida em primeiro turno, com previsão de
vitória da chapa formada por Alberto Fernández e sua vice, a
ex-presidenta Cristina Kirchner. O atual presidente do país, Mauricio
Macri, aparece em segundo nas intenções de voto.
Já no
Uruguai, o candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, deve ser o mais bem
colocado. Levantamentos, no entanto, apontam dificuldades para o postulante ao
cargo mais alto do país em um eventual segundo turno.
Confira alguns pontos para
entender as eleições que ocorrem neste fim de semana.
Argentina
As
principais pesquisas de intenção de voto mostram uma ampla vantagem da chapa
Frente de Todos, composta por Alberto Fernández e Cristina Kirchner, com
relação ao governista Juntos Pela Mudança, aliança encabeçada por Mauricio
Macri, que tem Miguel Pichetto como vice.
Segundo
um levantamento feito pela Consultoria Gustavo Córdoba e encomendado pelo
jornal argentino Página/12, o Frente
de Todos tem 54,5% das intenções de voto. Já a chapa de Macri aparece com
31,8%. Em terceiro lugar aparece o ex-ministro da Economia, Roberto Lavagna,
com 6,1%.
Uma
pesquisa feita pelo Instituto Atlas Político também aponta uma grande vantagem
da chapa de Alberto Fernández. Segundo o estudo, o Frente de Todos conquistará
46,1% dos votos, enquanto o Juntos Pela Mudança terá 36,8%.
De
acordo com o sistema eleitoral argentino, vence a corrida no primeiro turno
quem conquistar 45% dos votos ou 40%, caso haja uma diferença de ao menos 10%
com relação ao segundo colocado. Deste modo, os dois levantamentos apontam uma
vitória da centro-esquerda já em primeiro turno.
As
pesquisas confirmam uma tendência de crescimento que já é observada desde 11 de
agosto, data em que ocorreram as
primárias argentinas. Na ocasião, Fernández e Kirchner
conquistaram 47% dos votos, contra 32% de Macri e Pichetto.
Temas
dominantes
As
discussões em torno da economia argentina dominaram a corrida eleitoral. Isso
porque o país passa por sua maior crise desde que declarou moratória às
vésperas do Natal de 2001.
O
próximo mandatário terá que lidar com a crescente desvalorização da moeda
nacional frente ao dólar e com uma inflação que fechou 2018 em 47,6%, o maior
índice dos últimos 27 anos. O endividamento público do país
também é um problema, tendo a Argentina inclusive recorrido a um
empréstimo de US$ 57,1 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional.
A
legalização do aborto é outro tema que dominou os debates. Em 2018, a pauta
paralisou o país. Na ocasião, tramitou um projeto de legalização que chegou a
passar pela Câmara, mas foi rejeitado pelo Senado. A aprovação da lei foi
amplamente defendida por Kirchner.
Uruguai
Se na
Argentina o cenário indica uma vitória fácil da centro-esquerda, o mesmo não
acontece no Uruguai. Isso porque embora a Frente Ampla, coligação que governa o
país desde 2005, tenha vantagem no primeiro turno, poderá encontrar um cenário
polarizado na segunda fase do pleito.
Diferentes
pesquisas de intenção de voto apontam que a Frente Ampla, formada por Daniel
Martínez e sua vice, Graciela Villar, irá conquistar entre 41% e 33% dos
votos. Já o Partido Nacional, representado pelo candidato de direita Luis
Lacalle Pou e sua vice, Beatriz Argimón, conquistará entre 27% e 22%. Na
sequência aparece o Partido Colorado, que terá entre 16% e 10% dos votos.
A
partir daqui começam as dificuldades. Segundo analistas, para vencer, Martínez
deverá tentar obter uma boa quantidade de votos no primeiro turno – ao menos
40% – , uma vez que não será fácil conseguir somar forças com outros
partidos em um eventual segundo turno. Lacalle, por outro lado, teria que
formar um governo de coalizão com o Partido Colorado, algo que já ocorreu no
passado.
Diferentemente
da Argentina, as presidenciais do Uruguai são mais parecidas com as que ocorrem
no Brasil: para ser eleito, o candidato precisa conquistar 50% mais um para
vencer a disputa. Se ninguém conseguir, então o pleito irá para o segundo
turno.
O
candidato que assumir o cargo de Tabaré Vázquez terá pela frente o desafio de
minar o aumento da violência no país, que em 2018 registrou um crescimento
alarmante em comparação com o ano anterior: 45%, segundo estimativas. No
entanto, o país registrou sucessivos índices de crescimento macroeconômico nos
últimos 15 anos.
Congresso
Além
das eleições presidenciais, os argentinos irão renovar parcialmente a
composição do Congresso, casa em que os governistas não contam com maioria. O
pleito irá preencher 130 cadeiras na Câmara dos Deputados e 24 no Senado.
Também
estão programadas eleições provinciais em Buenos Aires, Catamarca e La Rioja,
além de disputas para eleger prefeito e legisladores locais da capital do país.
Para
arrematar, eleições regionais também ocorrerão no mesmo dia na Colômbia. O
pleito irá eleger os governadores dos 32 estados, deputados, prefeitos para
1.101 municípios, e vereadores.
Edição:
Vivian Fernandes
Fonte:
Brasil de Fato