O óleo
para vir da Venezuela teria de andar na “contramão” da corrente do mar, diz o
jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço. "Pode ter vindo de um navio
petroleiro venezuelano? Pode, mas também pode ser de qualquer outro, de
qualquer nacionalidade , circulando pelo Oceano Atlântico, entre a América e a
África", afirma
(Foto: Reprodução) |
Por Fernando Brito, editor do Tijolaço – Claro que a origem do óleo que está dando às praias
nordestinas precisa de uma investigação.
Mas tem jornal,
como o Estadão,
que está engolindo uma “geografia com partido” para dizer que o óleo, por sua
densidade , seria venezuelano.
Muita calma nessa hora.
Este blogueiro aqui, além de prestar atenção
nas suas aulas de ginásio e curso técnico, também é filho de um professor de
geografia “fissurado” por mapas.
Então, tomou a primeira providência de
olhar o mapa das correntes marítimas do Nordeste brasileiro, para recordar que
ali passa a Corrente Equatorial, que “lambe” a costa nordestina e se encaminha
para o Caribe, onde ajuda a formar a Corrente do Golfo.
Portanto, o óleo para vir da Venezuela
teria de andar na “contramão” da corrente do mar.
Poderia?
Improvável, mas admissível se houvessem
condições de vento que o empurrassem.
Acontece que os ventos dominantes na
região, alísios, também seguem no mesmo sentido da corrente.
É tão idiota dizer
que vem da Venezuela quanto dizer que vem do Golfo do México, porque mar e
vento levariam o óleo em sentido oposto.
Pode ter vindo de um navio petroleiro
venezuelano? Pode, ainda mais porque a maioria deles é operado por companhias
europeias ou em conjunto com a Petrochina e parte deles está sendo devolvida
por conta das sanções norte-americanas.
Mas também pode ser de qualquer outro, de
qualquer nacionalidade, circulando pelo Oceano Atlântico, entre a América e a
África.
Poluição marinha e costeira não pode ser
instrumento de exploração político-ideológica.
O óleo da Chevron que vazou na Bacia de
Campos não foi uma conspiração ianque, foi fruto da imprudência e desídia da
Chevron ao economizar etapas na perfuração de um poço.
Quem se deixa embarcar em vazamento
“ideológico” é quem já tem a mente inapelavelmente poluída.
Fonte: Brasil 247