O juiz
Luiz Antonio Bonat, da Lava Jato de Curitiba, escreveu ao ministro Edson Fachin
do STF que as conversas interceptadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva com autoridades em 2016 foi deixada de fora dos processos para
"preservar a privacidade dos interlocutores" e "coibir eventuais
vazamentos". Trata-se de uma deslavada mentira, pois a Lava Jato divulgou
o que lhe interessava naquele momento.
Foto: Lula Marques | Ricardo Stuckert) |
247 - O juiz Luiz Antonio Bonat, da Lava Jato em Curitiba, afirmou
que parte das conversas interceptadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva com autoridades em 2016 foi deixada de fora dos processos para preservar
a privacidade dos interlocutores e coibir eventuais vazamentos. A explicação,
porém, não se sustenta, como aponta reportagem de William Castanho na Folha de S. Paulo.
A explicação foi
dada por solicitação do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF
(Supremo Tribunal Federal), após a Folha mostrar que diálogos mantidos sob
sigilo desde então enfraqueciam uma tese do então juiz Sergio Moro.
Em ofício endereçado a Fachin, o juiz
Bonat escreveu que "os áudios não incorporados aos autos eletrônicos, além
de não selecionados como relevantes pela autoridade policial, tinham conteúdo
sensivelmente privado e não foram juntados com a intenção de coibir o risco de
vazamentos indevidos e de respeito à intimidade do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva".
Porém, a reportagem aponta que "na
prática, quase todas as conversas que foram mantidas sob sigilo e analisadas
pela Folha e pelo site The Intercept Brasil envolviam políticos e não tratavam
de assuntos pessoais". O objetivo era político.
O fato é que os diálogos gravados pela
Polícia Federal em 2016 e que não foram anexados ao processo fragilizavam a
tese de Moro para tornar público um diálogo em que a então presidente Dilma
Rousseff tratou com Lula de sua posse como ministro da Casa Civil.
Em sua conduta ilícita e parcia, visando a
condenar Lula, conduta incompatível com o comportamento de um juiz, Sergio Moro
pretendeu "provar" que o áudio divulgado mostrava que a nomeação de
Lula como ministro tinha como objetivo travar as investigações sobre ele.
Outros registros mantidos sob sigilo punham em xeque a hipótese, indica a Folha
de S.Paulo.