A procuradora-geral
da República Raquel Dodge, em campanha para continuar no cargo que termina em
setembro, fez um gesto político para agradar o núcleo da Lava Jato ao pedir que
denúncia contra a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) seja encaminhada à 13ª
Federal do Paraná.
A presidenta
nacional do PT é uma das mais ácidas críticas do ex-juiz Sérgio Moro, atual
ministro da Justiça, e do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da
força-tarefa. Ao longo da semana, por exemplo, Gleisi pediu a demissão de Moro
e o afastamento de Deltan do Ministério Público Federal em razão das
reportagens do site The Intercept Brasil.
Pois bem, voltemos à eleição na PGR.
O movimento de campanha de Dodge não
surpreende, embora a PGR busque lustrar a pílula argumentando que não se mantém
o chamado foro privilegiado em casos de mandatos cruzados, haja vista que a
denúncia contra a principal líder oposicionista do País se deu quando ela ainda
era senadora da República.
Aliás, o ex-procurador-geral da República
Rodrigo Janot, antecessor de Dodge, também tentou manter-se no cargo utilizando
o PT como trampolim político, mas na época de Michel Temer (MDB) não havia
clima para ele continuar ou indicar um substituto.
Janot, no apagar da luz de seu mandato,
foi quem apresentou a denúncia contra integrantes do PT por formação de
quadrilha.
Em 2017, Raquel foi a segunda colocada,
com 587 votos ante os 621 de Nicolao Dino na lista tríplice da Associação
Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Agora a história
se repete. Raquel Dodge requenta a mesma história num momento em que há uma
listra tríplice para a PGR — o subprocurador Mario Bonsaglia ficou em primeiro
lugar, a subprocuradora Luiza Frischeisen, em segundo, e o procurador regional
Blal Dalloul, em terceiro –, mas, se for vontade do presidente Jair Bolsonaro
(PSL) e a Lava Jato não vetá-la, ela poderá ser reconduzida por mais dois anos.
A procuradora-geral não precisa estar na
lista tríplice para ser reconduzida.
O PT sempre respeitou a lista tríplice na
PGR, inclusive, após as nomeações, todos os procuradores se tornaram seu algoz.
Portanto, o pedido de envio de denúncia
contra Gleisi Hoffmann para Curitiba não passe demais uma fake news eleitoreira
da procuradora-geral.
Fonte:
Blog do Esmael