sábado, 15 de junho de 2019

Entenda, em dez pontos, as transgressões de Moro e Dallagnol


Reprodução
Diante da gravidade das infrações cometidas por Sergio Moro e Deltan Dallagnol, entre outros cujos nomes estão por vir em novas reportagens, o meio especializado tem dito que não apenas o caráter desses dois está em cheque. A reputação do CNMP e do CNJ – enquanto instituições da República – também estará caso ambos não sejam punidos
Da Rede Brasil Atual – A troca de mensagens entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol, responsável pela Lava Jato, e outros integrantes da operação ratificou suspeitas e críticas de que o ex-magistrado atuava também como investigador, além de julgador dos casos. Entre as conversas reveladas pelo site The Intercept Brasil, estão a combinação de ações, cobranças sobre a demora em realizar novas operações, orientações e dicas de como a força-tarefa da Lava Jato deveria proceder.
O Intercept revelou que até o procurador tinha dúvida sobre as acusações de propina da Petrobras horas antes da denúncia do caso do tríplex no Guarujá. E que a equipe de Ministério Público Federal atuou para impedir a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes das eleições por medo de que ajudasse a eleger o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad. Cooperação ilegal, motivações políticas e sustentação de uma acusação frágil revelam os bastidores da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A RBA listou alguns aspectos importantes do que foi revelado até agora para tentar ajudar o leitor a traduzir o "juridiquês".
1. Separação de funções

No Brasil, o sistema de justiça funciona com partes separadas. A Constituição não considera o Ministério Público – estadual ou federal – como parte do Poder Judiciário. O MP representa a sociedade. A ele cabe reunir provas, formular a denúncia e sustentar a acusação – seus integrantes têm, então, procuração constitucional para advogar em nome da sociedade. Aos juízes e desembargadores, cabe julgar com base nas provas e argumentos, de acusação e de defesa.

Moro auxiliou procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e até sugeriu a alteração de ordem das fases da Operação Lava Jato. Perguntava o motivo de alguns pedidos do MPF e orientava a melhor forma de encaminhar as petições. Em um mês que não houve novas operações, Moro cobrou Dallagnol se não era "muito tempo sem operação".
2. O que é um juiz imparcial?

O Código de Ética da Magistratura proíbe essa relação entre juiz e procuradores. Em seu artigo 8 diz claramente: "O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos, com objetividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma distância equivalente das partes (acusação e defesa), e evita todo o tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito".

Mas, além de opinar sobre as ações do MPF, Moro também chegou a propor uma resposta conjunta quando o PT emitiu notas criticando a atuação da Operação Lava Jato. "O que acha dessas notas malucas do diretório nacional do PT? Deveríamos rebater oficialmente? Ou pela Ajufe (Associação de Juízes Federais)?", questiona o ex-juiz a Dallagnol.
3. Juiz suspeito

O Código de Processo Penal também é muito claro sobre os limites da atuação do juiz. O artigo 254 define que o magistrado deve se declarar suspeito de julgar um processo, entre outros motivos, "se tiver aconselhado qualquer das partes".

Moro não só aconselhou como incentivou e ofereceu pessoas a serem ouvidas pelos procuradores, com o objetivo de garantir o andamento do processo de acordo com seu objetivo.
4. A lei deveria ser para todos

Moro e Dallagnol também discutiram sobre contra quem dirigir investigações ou não. Quando 77 executivos da empreiteira Odebrecht apresentaram seus relatos, estariam implicados mais 150 nomes do mundo político. Embora costumassem dizer publicamente que "a lei é para todos", ambos conversaram sobre quem recairia a aplicar a lei.

Quando recebeu uma lista um pouco mais detalhada sobre os envolvidos, Moro foi categórico em dizer que as investigações deveriam ter foco sobre o Poder Executivo – à época em que o país fora presidido pelo PT. "Opinião: melhor ficar com os 30 por cento iniciais. Muitos inimigos e que transcendem a capacidade institucional do MP e judiciário", escreveu o atual ministro da Justiça quando era juiz.
5. Processo capenga

Para garantir que o processo ficasse em Curitiba, nas mãos de Sergio Moro, Dallagnol fez uma manobra arriscada. Vinculou os supostos benefícios a Lula no caso do triplex de Guarujá ao esquema de corrupção na Petrobras. Para sustentar essa tese, o procurador não se fiou a provas robustas ou testemunhos inquestionáveis, mas a uma reportagem do jornal O Globo sobre o atraso nas obras do Edifício Solaris quando este ainda pertencia à Bancoop.

"A denúncia é baseada em muita prova indireta de autoria, mas não caberia dizer isso na denúncia e na comunicação evitamos esse ponto", avisou o procurador a Moro. Para dar mais força à denúncia, ele estava ciente que era preciso conquistar a induzir a opinião pública. E não o juiz com quem trocava mensagens quase diariamente. E o fez: construiu uma apresentação de slides em powerpoint e colocou Lula como "chefe" de um esquema de corrupção gigantesco, chamando-o de "líder máximo", mesmo sem ter prova alguma, apenas "convicções".
6. Agentes públicos x privacidade

"Ah, mas as conversas foram obtidas por um hacker. Foi um crime. As autoridade têm direito à privacidade", alegam alguns apoiadores do esquema Lava Jato. Ainda que a obtenção das informações tenham sido obra de um hacker, a divulgação não. Como se tratam de informações de interesse público, de ilegalidades cometidas por agentes públicos no exercício da função, os jornalista do Intercept se consideraram na obrigação de divulgar (avisando que foi só início). E quando se trata de má conduta de servidores públicos não cabe evocar direito à privacidade, com escreveu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

É provável que Moro, Dallagnol e os demais procuradores da Lava Jato não possam ser punidos com base em uma prova obtida dessa forma. Por outro lado, a contaminação dos processo em que eles atuaram pelo que foi revelado pode levar a anulação de condenações e de processos que ainda estão em andamento.
7. Inflando protestos

As motivações políticas de Moro e Dallagnol ficam evidentes em uma conversa de 13 de março de 2016, quando as manifestações contra o governo da presidenta Dilma Rousseff atingiram o ápice. O ex-juiz diz querer "limpar o Congresso". O diálogo entre eles revela que as ações da Lava Jato buscavam influenciar a opinião pública contra o governo petista.

Dallagnol: E parabéns pelo imenso apoio público hoje. Seus sinais conduzirão multidões, inclusive para reformas de que o Brasil precisa, nos sistemas político e de justiça criminal.
Moro: Fiz uma manifestação oficial. Parabéns a todos nós.
8. Aos inimigos, nem a lei

Apesar de reclamar da divulgação de suas conversas, Moro e Dallagnol dialogaram sobre a revelação das conversas grampeadas ilegalmente entre Lula e Dilma, quando ela o indicou para o cargo de ministro da Casa Civil. No cargo, Lula empregaria de sua capacidade política para tentar conter a escalada da crise que derrubaria Dilma naquele mesmo ano. A ação era ilegal: um juiz de primeira instância não pode autorizar grampo telefônico contra a presidência da República e a gravação foi obtida após o prazo limite da decisão que permitiu o grampo nos aparelhos de Lula.

Moro chegou a pedir desculpas públicas, mas nas conversas com Dallagnol se dizia convicto de ter agido conforme seus objetivos. "Não me arrependo do levantamento do sigilo. Era melhor decisão. Mas a reação está ruim", escreveu o ex-juiz.
9. Operação anti-PT

Os procuradores da Lava Jato atuam de modo "técnico, imparcial e apartidário, buscando a responsabilização de quem quer que tenha praticado crimes no contexto do mega-esquema de corrupção na Petrobras", segundo escreveu Dallagnol nas redes sociais. Mas quando o STF autorizou uma entrevista de Lula ao jornal Folha de S. Paulo, o partidarismo da equipe ficou evidente. Tanto em lamentações quanto em ações para impedir a entrevista. O medo? Que Lula ajudasse Fernando Haddad a vencer a eleição.

Nas trocas de mensagens, os procuradores buscam formas de impedir a entrevista: descumprir a decisão judicial buscando brechas legais, alegar que a decisão valia para todos os condenados na Lava Jato, convidar outros veículos de comunicação à revelia da decisão judicial. Quando o STF acatou pedido do Partido Novo contra a entrevista, os procuradores deixaram qualquer profissionalismo de lado e comemoraram como final de campeonato: "Devemos agradecer à nossa PGR: Partido Novo!!!"
10. Quem investiga procurador e juiz

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) é o órgão encarregado de controlar e fiscalizar a atuação dos órgãos integrantes do Ministério Público nacional e de seus membros. Integrantes do CNMP já pediram que a conduta de Deltan Dallagnol seja investigada.

O conselho é presidido pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e composto por outros 13 membros: quatro provenientes do Ministério Público Federal; três dos MPs estaduais; dois juízes, indicados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ); dois advogados indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); e dois cidadãos de notório saber jurídico, indicados pela Câmara e pelo Senado.
Por sua, vez, condutas consideradas suspeitas por parte de magistrados são investigadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O órgão é presidido pelo presidente do STF, e um ministro do STJ exerce a função de corregedor. Os outros 13 demais integrantes são: um ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST); um desembargador de Tribunal de Justiça (TJ, segunda instância da esfera estadual); um juiz estadual; um juiz do Tribunal Regional Federal (TRF, segunda instância na esfera federal); um juiz federal; um juiz de Tribunal Regional do Trabalho (TRT); um juiz do trabalho; um membro do MPF; um membro de MP estadual; dois advogados (OAB); e dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados por Câmara e Senado.
Muita gente critica o fato de se ter poucas notícias de punição a procuradores ou juízes porque eles são investigados por seus próprios pares. Portanto, o corporativismo acaba fazendo com que denúncias não sejam levadas adiante. Diante da gravidade das infrações cometidas por Sergio Moro e Deltan Dallagnol, entre outros cujos nomes estão por vir em novas reportagens, o meio especializado tem dito que não apenas o caráter desses dois está em cheque. A reputação do CNMP e do CNJ – enquanto instituições da República – também estará.


Greenwald: a cada mentira, nós publicaremos a prova de que Moro está mentindo


Após as novas revelações, Glenn respondeu a Moro no Twitter: “Como eu disse antes, Sergio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos as evidências e os fatos"; na prática, ele revelou que seu método será encurralar o ex-juiz que usou seu poder para forjar uma acusação contra o ex-presidente Lula e abrir espaço para a chegada da extrema direita ao poder
Jornal GGN – O jornalista do Intercept Brasil Glenn Greenwald divulgou na noite desta sexta (24) novos trechos de conversas entre Sergio Moro e procuradores de Curitiba que provam conluio em ações penais da Lava Jato, incluindo o caso triplex.
Após as novas revelações, Glenn respondeu a Moro no Twitter: “Como eu disse antes, Sergio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos as evidências e os fatos.”
“A cada mentira – como ele fez hoje no Estadão – nós publicaremos a prova de que ele está mentindo, como acabamos de fazer em resposta à entrevista”, disparou o jornalista.


“Direto na jugular”, disse procurador ao defender usar morte de Dona Marisa para atacar Lula


Ricardo Stuckert
Novo conteúdo divulgado pelo The Intercept mostra os procuradores preparando a estratégia de ataque contra o Lula; covardemente, eles escolheram a morte da esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, como alvo da nota que iria direcionar as manchetes dos meios de comunicação; "Eu iria direto na jugular", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima ao defender a proposta no grupo de procuradores
247 - Trechos inéditos das conversas entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato de Curitiba foram divulgados pelo The Intercept nesta sexta-feira (14). O novo conteúdo mostra os procuradores preparando a estratégia de ataque contra o Lula. Um dos alvos usados foi a esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, que já havia falecido.
A menção à Dona Marisa seria feita na nota oficial que o Ministério Público iria emitir à imprensa. "Eu iria direto na jugular", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima em uma das conversas no grupo de procuradores.
Santos Lima foi quem recebeu as ordens de Sergio Moro para que o MPF publicasse uma nota. Na conversa com os procuradores, Santos Lima ditou a narrativa que foi usada por diversos veículos da mídia. "Eu iria direto na jugular, falando que culpar quem morreu é uma tática velha de defesa", escreveu ele, que minutos antes havia dito que "se fosse para falar" seria do jeito dele, ou seja, tentando criar a tese que que para se esquivar das acusações, Lula citou a ex-mulher que morreu vítima de um AVC.
Inicialmente, a estratégia de Santos Lima não convenceu os demais procuradores. "Ele não reconheceu os crimes e colocou nas costas dela... ele apenas disse que ela que tratou disso e que ela mesma não ia comprar no fim... qto ao item apreendido, pulou fora. Vcs que estavam lá podem avaliar melhor, mas pelo pouco que vi não me pareceu que foi isso. Foi?", disse Deltan Dallagnol.
Mas a tese prevaleceu e a narrativa foi traçada pelo procurador Julio Noronha: "... Quanto às muitas contradições verificadas no interrogatório do ex-Presidente Lula, à imputação de atos à sua falecida esposa, à confissão de sua relação com pessoas condenadas pela corrupção na Petrobras e à ausência de explicação sobre documentos encontrados em sua residência, o Ministério Público Federal se manifestará oportunamente, no processo, especialmente nas alegações finais", rascunhou o procurador para aprovação dos demais.
O texto final da nota do MPF trouxe a menção de Marisa, sendo manchete de diversos veículos de comunicação.




Urgente: Moro mandou procuradores atacarem Lula e sua defesa na imprensa


Em mais um lote inédito de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, fica evidente que a função de coordenador informal da operação estava realmente a cargo do atual ministro da Justiça; num diálogo entre Moro e o procurador Carlos Fernando, fica patente o pedido do ex-juiz a procuradores para que eles divulgassem uma nota à imprensa para rebater o que ele chamou de 'showzinho' da defesa do ex-presidente Lula
247 - Em mais um lote inédito de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, fica evidente que a função de coordenador informal da operação estava realmente a cargo do atual ministro da Justiça. Num diálogo entre Moro e o procurador Carlos Fernando, fica patente o pedido do ex-juiz a procuradores para que eles divulgassem uma nota à imprensa para rebater o que ele chamou de 'showzinho' da defesa do ex-presidente Lula. 
A reportagem do Site The Intercept destaca que "os procuradores acataram a sugestão do atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, em mais uma evidência de que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex. Em uma estratégia de defesa pública, Moro concedeu uma entrevista nesta sexta-feira ao jornal o Estado de S. Paulo onde disse que considera "absolutamente normal" que juiz e procuradores conversem. Agora, está evidente que não se trata apenas de "contato pessoal" e "conversas", como diz o ministro, mas de direcionamento sobre como os procuradores deveriam se comportar."
Veja o trecho do diálogo entre Moro e Carlos Fernando dos Santos Lima: 
"Santos Lima – 22:10 – Achei que ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o Triplex desmontou um pouco ele.

Moro – 22:11 – A comunicação é complicada pois a imprensa não é muito atenta a detalhes
Moro – 22:11 – E alguns esperam algo conclusivo
Além do depoimento, outro vídeo com Lula também tomava conta da internet e dos telejornais naquele mesmo dia. Depois de sair do prédio da Justiça Federal, o ex-presidente se dirigiu à Praça Santos Andrade, em Curitiba, e fez um pronunciamento diante de uma multidão. Por 11 minutos, Lula atacou a Lava Jato, o Jornal Nacional e o então juiz Sergio Moro; disse que estava sendo "massacrado" e encerrou com uma frase que entraria para sua história judicial: "Eu estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente desse país". Era o lançamento informal de sua candidatura às eleições de 2018.

Um minuto depois da última mensagem, Moro mandou para o procurador Santos Lima:
Moro – 22:12 – Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele

Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.
Santos Lima – 22:13 – Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal.
Santos Lima – 22:16 – Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua.
Moro, o juiz do caso, zombava do réu e de seus advogados enquanto fornecia instruções privadas para a Lava Jato sobre como se portar publicamente e controlar a narrativa na imprensa."



Moro orientou Dallagnol a fazer delação seletiva no caso Odebrecht


REUTERS/Rodrigo Paiva
O ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol tramaram a delação seletiva de executivos da Odebrecht – o que é crime – e selecionaram apenas 30% dos alvos, o que pode ter sido feito de acordo com as preferências políticas e ideológicas da dupla; com isso, em tese, toda a delação da empreiteira pode ser anulada, em razão da orientação do juiz e do procurador de que fizessem algo parcial apenas
247 – "Em conversas divulgadas pelo site 'The Intercept Brasil', o ex-juiz e ministro da Justiça, Sergio Moro, orientou o coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol a 'ficar com 30%' da delação da empreiteira Odebrecht", aponta reportagem do portal UolJuristas ouvidos pelo UOL consideram o fato grave e defendem investigação das mensagens.
"Num diálogo de 15 de dezembro de 2016, quando faltava um dia para serem concluídos os depoimentos de executivos da empreiteira, Deltan Dallagnol, procurador do MP (Ministério Público), listou o cargo de 372 políticos brasileiros na delação. Ele informou para o então juiz Moro que cerca de 30% dos casos eram de crimes de corrupção, 30% de caixa dois e 40%, de uma 'zona cinzenta' a ser apurada. Em resposta, o então magistrado afirmou ser 'melhor ficar com os 30 por cento iniciais'", aponta o texto de Eduardo Militão.
O presidente regional da Anacrim (Associação Nacional de Advocacia Criminal), Bruno Espiñera, disse que, mesmo para o Ministério Público, a lei não permite selecionar o que investigar e o que não investigar. Com relação ao Ministério Público, se há 100 envolvidos nos fatos, ele tem que investigar os 100. Não pode dizer que 70% tem político ou tem gente com poder grande e não deveria ter investigação. "É inominável em qualquer democracia. É assustador."
Abaixo, o diálogo, de 15 de dezembro de 2016
Deltan - 16:01:03* - Caro, favor não passar pra frente:

Deltan - 16:01:03* - Odebrecht (favor manter aqui): 9 presidentes (1 em exercício), 29 ministros (8 em exercício), 3 secretários federais, 34 senadores (21 em exercício), 82 deputados (41 em exercício), 63 governadores (11 em exercício), 17 deputados estaduais, 88 prefeitos e 15 vereadores
Deltan - 16:01:03* - 62 deputados/senadores em exercício. Com governadores dá 73
Deltan - 16:01:03* - 301 políticos na relação
Deltan - 16:01:03* - Mais 72 políticos estrangeiros
Deltan - 16:04:40 - brasileiros são políticos por cargo que OCUPA, OCUPOU oOU [sic] PARA O QUAL SE CANDIDATOU
Deltan - 16:04:45 - por isso os 9 presidentes
Moro - 17:22:10 - Tudo isso corrupção e lavagem ou muitos casos de cx2?
Deltan - 17:25:21 - Para dizer, teria que olhar um a um. Não temos esse levantamento ainda. Intuitivamente, com base nas leituras e análises: 30% claramente propina: eles e nós reconhecemos 40% zona cinzenta: depende de diligências ou análises 30% claramente caixa 2 e nós concordamos
Deltan - 17:51:34 - As doações via caixa 1 sem indícios de contrapartida não entram nisso. Ficam fora.
Moro - 18:32:37 - Opinião: melhor ficar com os 30 por cento iniciais. Muitos inimigos e que transcendem a capacidade institucional do mp e judiciário.
Moro - 18:32:46 - Reservado obviamente
Deltan - 19:00:34 - [sinal de positivo com as mãos]




Filho de Teori Zavascki pede investigação sobre emails de Moro e Dallagnol


Nelson Jr./SCO/STF
"Respeitosamente, porém, faço uma provocação: tendo em vista o manifesto interesse da coletividade na Operação Lava Jato, por uma questão de coerência, não seria o caso de a íntegra das caixas de e-mails corporativos das autoridades colocadas sob suspeição (sejam do Poder Judiciário, sejam do MPF) serem remetidas independentemente de ordem judicial aos órgãos de fiscalização", publicou Francisco Prehn Zavascki em seu perfil no Facebook
Por Francisco Zavascki, em seu facebook  Sobre a licitude da obtenção das conversas publicadas pelo “The Intercept”, particularmente entendo que, a despeito de, ao que tudo indica, se tratar de celulares funcionais, estão protegidos pelo direito à privacidade. Portanto, somente mediante ordem judicial é que se poderia ter acesso a essas conversas.
No entanto, em recentíssimo precedente, o TRF4, apoiado em parecer do MPF, entendeu que as caixas de e-mails corporativos não estão submetidas à regra constitucional da inviolabilidade das comunicações.
No caso, uma autarquia federal, na qual tramitava um inquérito administrativo para investigar ex-administradores de uma companhia de previdência, sem qualquer ordem judicial, e sem estarem investigando qualquer fato específico (portanto, numa verdadeira “expedição de pesca”), acessaram as caixas de e-mails dos ex-administradores contidas nos servidores da empresa (que é privada) e utilizaram essas informações para embasaram imputações que tem repercussões no âmbito civil e penal. 
Esse ato foi contestado judicialmente e o TRF4, com base em parecer do MPF, afirmou que “o e-mail corporativo é uma ferramenta de trabalho, que pertence ao empregador, e não aos funcionários, que devem restringir o seu uso ao cumprimento de suas atribuições. Assim, o primeiro pode (e deve) zelar pela utilização adequada dos meios proporcionados aos segundos, para o desempenho de suas funções”. Dessa forma, “se o objeto das correspondências é, confessadamente, a atuação da entidade investigada (presentada por seus dirigentes), a inviolabilidade de correspondências não pode ser oposta ao poder de polícia ínsito à atividade regulatória, previsto no Decreto-Lei n. 73/66, na Lei n. 6.204/74, 10.190/2001 e na Lei Complementar n. 109/2001”.
Diante disso, concluiu o TRF4 que “as informações obtidas por meio do monitoramento de e-mail corporativo não são provas ilícitas, quando relativas a aspectos não pessoais e de interesse da Administração Pública ou da coletividade”.
Reitero que não concordo com esse entendimento, pois acredito que, mesmo nestes casos, incide a garantia da inviolabilidade das comunicações. Respeitosamente, porém, faço uma provocação: tendo em vista o manifesto interesse da coletividade na Operação Lava-Jato, por uma questão de coerência, não seria o caso de a íntegra das caixas de e-mails corporativos (e, pela lógica, das mensagens constantes dos celulares corporativos) das autoridades colocadas sob suspeição (sejam do Poder Judiciário, sejam do MPF) serem remetidas independentemente de ordem judicial aos órgãos de fiscalização competentes para que, vasculhando-as, possam achar eventuais irregularidades? Deixo a pergunta no ar apenas para reflexão.



sexta-feira, 14 de junho de 2019

MPE recomenda cassação de diploma de Boca Aberta Jr


Defesa do deputado estadual classifica de "frágil" argumento sustentado pela procuradora sobre suposta irregularidade nas prestações de contas de campanha
| Dálie Felberg/Alep

O MPE (Ministério Público Eleitoral) enviou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) parecer em que opina sobre a a prestação de contas e pede a cassação da diplomação do deputado estadual Matheus Viniccius Petriv, mais conhecido como Boca Aberta Jr (Pros), eleito em outubro do ano passado. A representação foi apresentada  pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) contra suposto caixa 2 de campanha eleitoral.
Segundo a procuradora do MPE, Eloisa Helena Machado, durante a campanha o então candidato não declarou qualquer despesa com publicidade. Entretanto, segundo o parecer, existem provas produzidas que demonstram que o representado (Boca Aberta Jr.) usou farto material publicitário em sua campanha eleitoral, sem qualquer registro em sua prestação de contas. 
O hoje deputado estadual argumentou que sua publicidade eleitoral foi feita de forma casada com seu pai, o então candidato a deputado federal Boca Aberta (Pros). Entretanto, a procuradora sustenta que deveria constar regularmente registrada tanto na prestação de contas do candidato doador como do candidato beneficiado, o que não ocorreu na situação analisada, segundo ela.  
"O próprio representado reconhece que recebeu e utilizou material publicitário. Contudo, o fato de ter recebido doações estimadas não o desobriga a prestar regularmente as contas, para permitir a exigida transparência de que deve permear a campanha eleitoral", escreveu Machado. 
OUTRO LADO
O advogado Guilherme Gonçalves, que atua na defesa de Boca Aberta Jr., chamou o argumento utilizado pelo MPE como "absolutamente frágil".  Ele confirmou que toda a campanha para deputado estadual foi feita de forma casada com o deputado federal Boca Aberta, conforme prevê a legislação eleitoral, e disse que todas as contas já haviam sido aprovadas pelo TRE em acórdão publicado em dezembro. "É um parecer pouco fundamentado, não aborda nenhuma prova. Foram feitos ofícios para todas as gráficas. E não houve nenhum material isolado do candidato Boca Aberta Jr.".  
Segundo ele, testemunhas foram ouvidas no curso do processo, incluindo uma juíza eleitoral de Londrina, que não viu irregularidade na campanha. Gonçalves disse ainda que o pedido da cassação registrado no parecer seria outro exagero. "Totalmente fora do padrão. Os tribunais só têm avaliado pedidos de cassação de diploma em casos graves. É preciso avaliar que interesses estão por trás dessa representação."  
PROCESSO DO "PAI"
Já no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) corre outro processo contra a expedição do diploma do deputado federal Boca Aberta, o pai. Este processo aguarda parecer do ministro relator Jorge Mussi. Segundo o advogado da família, a mesma procuradora que deu parecer em favor da cassação do Boca Aberta Jr já havia se manifestado, sem sucesso, contra o diploma do deputado federal.
Sobre o processo no TSE, Gonçalves informou que a defesa está tranquila e que não será acatado. O argumento utilizado contra o diploma de Boca Aberta é que ele estaria inelegível por conta da cassação do mandato de vereador em processo na Câmara de Londrina em 2017. Entretanto, a defesa conseguiu uma liminar no TJ (Tribunal de Justiça) e o TRE considerou o registro válido até a eleição. Essa liminar só foi revogada no dia 10 de outubro após Boca Aberta ter sido eleito com mais de 90 mil votos. Três ações foram protocoladas após a eleição, duas delas por suplentes direto na Câmara Federal. 
Fonte: Folha de Londrina

Gleisi: general Heleno expõe ódio a Lula e ameaça instituições


Presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, rebateu nesta sexta-feira, 14, a declaração desequilibrada do general Augusto Heleno, que defendeu "prisão perpétua" para o ex-presidente Lula; "O general mostrou desprezo pela Constituição do Brasil, que não prevê tal pena para ninguém. Sua fala constitui clara ameaça ao Supremo Tribunal Federal, que está prestes a julgar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro na ação em que condenou o ex-presidente, em conluio ilegal com a Força-Tarefa da Lava Jato", disse Gleisi
247 - A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, rebateu nesta sexta-feira, 14, as críticas do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que, de maneira desequilibrada,  atacou e defendeu "prisão perpétua" para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 
"O deplorável ataque de truculência do general Augusto Heleno diante de jornalistas, esta manhã (14/06), expõe cruamente seu ódio contra o presidente Lula e tudo o que ele representa para o sofrido povo brasileiro. É um ódio patológico que transborda no momento em que vem sendo confirmada, para o Brasil e o mundo, a verdade sobre a farsa judicial que levou Lula à prisão injusta e ilegal", disse Gleisi em nota divulgada pelo PT. 
Para Gleisi, ao exigir "prisão perpétua" para Lula, o general mostrou desprezo pela Constituição do Brasil, que não prevê tal pena para ninguém. "Sua fala constitui clara ameaça ao Supremo Tribunal Federal, que está prestes a julgar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro na ação em que condenou o ex-presidente, em conluio ilegal com a Força-Tarefa da Lava Jato", afirma. 
Leia, abaixo, a nota de Gleisi Hoffmann na íntegra:
O deplorável ataque de truculência do general Augusto Heleno diante de jornalistas, esta manhã (14/06), expõe cruamente seu ódio contra o presidente Lula e tudo o que ele representa para o sofrido povo brasileiro. É um ódio patológico que transborda no momento em que vem sendo confirmada, para o Brasil e o mundo, a verdade sobre a farsa judicial que levou Lula à prisão injusta e ilegal.
Ao exigir "prisão perpétua" para Lula, o general mostrou desprezo pela Constituição do Brasil, que não prevê tal pena para ninguém. Sua fala constitui clara ameaça ao Supremo Tribunal Federal, que está prestes a julgar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro na ação em que condenou o ex-presidente, em conluio ilegal com a Força-Tarefa da Lava Jato.
O general Heleno repete, com murros na mesa, o mesmo tipo de pressão exercida contra o STF pelo então comandante do Exército, em maio de 2019, no julgamento do habeas corpus do ex-presidente. Lula Livre é o maior pesadelo para quem serve a um governo lesa-pátria, que entrega as riquezas do país a interesses estrangeiros, trai a soberania e ataca os direitos do povo.
Como disse Lula em entrevista divulgada na véspera, "quem serve a um governo que bate continência para a bandeira de outro país não merece ser general". Diante da verdade exposta de forma tão clara, o general Heleno reagiu com preocupante desequilíbrio, desrespeitando e ofendendo aquele que foi seu comandante supremo durante oito anos.
Mais que uma transgressão dos códigos de disciplina militar, foi uma agressão à democracia, que exige nosso repúdio. O Brasil não merece ser governado pela truculência, pelo autoritarismo e por meio de ameaças às instituições.
Lula Livre!
Gleisi Hoffmann

Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores



General Heleno dá murro na mesa e pede prisão perpétua para Lula


Ministro do GSI reagiu com fúria à declaração do ex-presidente Lula, em entrevista à TVT, de teria "alguma coisa muito estranha" na facada recebida por Bolsonaro durante a campanha em 2018; Augusto Heleno deu socos na mesa, chamou Lula de "canalha", "desonesto" e rasgou elogios a Bolsonaro; "Um presidente desonesto tinha que tomar uma prisão perpétua", bradou, com dedo em riste", gritou; "Isso é uma canalhice típica desse sujeito. Não mereceu jamais ser presidente da República. Eu tenho vergonha de um sujeito desses ter sido presidente da República"; assista
247 - Um dia depois de o ex-presidente Lula ter feito uma cobrança aos militares em defesa da soberania nacional, em entrevista à TVT, o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), teve uma reação agressiva durante café da manhã com jornalistas ao lado do presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira 14, com direito a socos na mesa.
A irritação, no entanto, foi por conta de outra declaração do ex-presidente aos jornalistas José Trajano e Juca Kfouri. A de que "tem alguma coisa estranha" na facada que Bolsonaro recebeu durante a campanha presidencial, em Juiz de Fora (MG). 
"Aquela facada... pra mim tem alguma coisa muito estranha... tem uma coisa muito estranha. Uma facada que não aparece sangue em nenhum momento, uma facada em que o cara que dá a facada é protegido pelo segurança do Bolsonaro... eu conheço segurança de palanque... (se é comigo) eu teria que pular em cima do segurança", disse Lula.
Heleno levantou a voz ao falar de Lula e rasgar elogios a Bolsonaro. "Um presidente desonesto tinha que tomar uma prisão perpétua. É um deboche com a sociedade, destrói o conceito de país. É o cúmulo ele ainda aventar a possibilidade da facada ser uma mentira", bradou, com dedo em riste.
"E será que o câncer dele [de Lula] foi mentira? E o câncer da dona Dilma [Rousseff, ex-presidente] foi mentira? Alguém teve peito de dizer isso para ele [Lula]? Isso é uma canalhice típica desse sujeito", prosseguiu, aos gritos, com um segundo murro na mesa.
"Não mereceu jamais ser presidente da República. A presidência da República é uma instituição quase sagrada. Eu tenho vergonha de um sujeito desses ter sido presidente da República", finalizou, diante dos jornalistas.


“Finalmente admite”, diz Greenwald sobre Moro

"Finalmente admite", resumiu editor do The Intercept, Glenn Greenwald, sobre as declarações do ministro Sergio Moro, que afirmou nesta sexta-feira (14) que foi apenas "descuido" ao se referir sobre as conversas divulgadas pelo site que revelaram a instrução em segredo feita pelo então juiz para fabricar provas contra o ex-presidente Lula
247 - "Finalmente admite", resumiu editor do The Intercept, Glenn Greenwald, sobre as declarações do ministro Sergio Moro, que reconheceu a veracidade das conversas divulgadas pelo site que revelaram a instrução em segredo feita pelo então juiz para fabricar provas contra o ex-presidente Lula.
"Depois de uma semana tentando enganar a todos insinuando que o material que nós publicamos pode ser fabricado ou alterado, Sergio Moro - depois que publicamos o contexto completo de suas conversas com Deltan - finalmente admite: "Foi descuido meu", escreveu o jornalista em sua página nas redes sociais.
Glenn destacou ainda que "se as mensagens fossem alteradas ou forçadas", como argumentam os procuradores, "seria extremamente fácil para provar: mostre os originais". "Eles não fizeram isso e não vão, e não podem, porque eles sabem que estão mentindo ao sugerir que foram alterados", completou.
ex-juiz tentou justificar o fato de ter instruído o MP em segredo afirmando que a lei determina que o juiz deve repassar informações de possíveis crimes. No entanto, a lei determina que tal medida deve ser feita por meio de notícia-crime, ou seja, devidamente formalizada nos autos, não às escondidas como fez.