Em mais um lote inédito de mensagens trocadas entre o ex-juiz
Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, fica evidente que a função de
coordenador informal da operação estava realmente a cargo do atual ministro da
Justiça; num diálogo entre Moro e o procurador Carlos Fernando, fica patente o
pedido do ex-juiz a procuradores para que eles divulgassem uma nota à imprensa
para rebater o que ele chamou de 'showzinho' da defesa do ex-presidente Lula
247 - Em mais um lote inédito de mensagens trocadas entre o
ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, fica evidente que a função de
coordenador informal da operação estava realmente a cargo do atual ministro da
Justiça. Num diálogo entre Moro e o procurador Carlos Fernando, fica patente o
pedido do ex-juiz a procuradores para que eles divulgassem uma nota à imprensa
para rebater o que ele chamou de 'showzinho' da defesa do ex-presidente Lula.
A reportagem do Site The
Intercept destaca que "os procuradores acataram a sugestão do atual ministro da
Justiça de Jair Bolsonaro, em mais uma evidência de que Moro atuava como uma
espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex. Em uma
estratégia de defesa pública, Moro concedeu uma entrevista nesta sexta-feira ao
jornal o Estado de S. Paulo onde disse que considera "absolutamente
normal" que juiz e procuradores conversem. Agora, está evidente que não se
trata apenas de "contato pessoal" e "conversas", como diz o
ministro, mas de direcionamento sobre como os procuradores deveriam se
comportar."
Veja o trecho do diálogo entre
Moro e Carlos Fernando dos Santos Lima:
"Santos Lima – 22:10 –
Achei que ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou
tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita
coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o
Triplex desmontou um pouco ele.
Moro – 22:11 – A comunicação é complicada pois a imprensa não é muito
atenta a detalhes
Moro – 22:11 – E alguns esperam algo conclusivo
Além do depoimento, outro vídeo com Lula também tomava conta da internet e
dos telejornais naquele mesmo dia. Depois de sair do prédio da Justiça Federal,
o ex-presidente se dirigiu à Praça Santos Andrade, em Curitiba, e fez um
pronunciamento diante de uma multidão. Por 11 minutos, Lula atacou a Lava Jato,
o Jornal Nacional e o então juiz Sergio Moro; disse que estava sendo
"massacrado" e encerrou com uma frase que entraria para sua história
judicial: "Eu estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser
candidato a presidente desse país". Era o lançamento informal de sua
candidatura às eleições de 2018.
Um minuto depois da última
mensagem, Moro mandou para o procurador Santos Lima:
Moro – 22:12 – Talvez vcs
devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com
o resto das provas ou com o depoimento anterior dele
Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.
Santos Lima – 22:13 – Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal.
Santos Lima – 22:16 – Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi
frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua.
Moro, o juiz do caso, zombava do réu e de seus advogados enquanto fornecia
instruções privadas para a Lava Jato sobre como se portar publicamente e
controlar a narrativa na imprensa."