"As conversas impróprias de Sergio Moro com o procurador
Deltan Dallagnol enodoaram a Lava Jato e fragilizaram a condenação imposta a Lula
pelo tríplex de Guarujá (SP). Se isso fosse pouco, a postura arrogante do
ministro da Justiça nas horas seguintes às revelações do site The Intercept
Brasil, obriga muitos daqueles que gostariam de defendê-lo a ficar no papel de
bobos", diz o colunista Elio Gaspari, um dos mais influentes do País, que
já defende a sua renúncia
247 – O jornalista Elio
Gaspari, um dos mais influentes do país, passou a defender a renúncia do
ministro Sergio Moro, em artigo publicado
nesta quarta-feira. "As conversas impróprias de Sergio Moro com o procurador
Deltan Dallagnol enodoaram a Lava Jato e fragilizaram a condenação imposta a
Lula pelo tríplex de Guarujá (SP). Se isso fosse pouco, a postura arrogante do
ministro da Justiça nas horas seguintes às revelações do site The Intercept
Brasil, obriga muitos daqueles que gostariam de defendê-lo a ficar no papel de
bobos", diz ele. "O fato grave é ver um juiz, numa rede de papos,
cobrando do Ministério Público a realização de 'operações', oferecendo uma testemunha
a um procurador, propondo e consultando-o a respeito de estratégias",
afirma o jornalista, que também condena o vazamento do grampo ilegal com a
ex-presidente Dilma Rousseff, do qual Moro se vangloriou.
Gaspari diz ainda que 'as
mensagens de Moro e de Deltan deram um tom bananeiro à credibilidade da
Operação Lava Jato e mudaram o eixo do debate nacional em torno de seus
propósitos". Gaspari avalia ainda que "a presença dos dois nos seus
cargos ofende a moral e o bom senso."
Em outro ponto, o jornalista
critica abusos cometidos ao longo do caminho. "Em nome de um objetivo
maior, a Lava Jato e Moro cometeram inúmeros pecados factuais e algumas
exorbitâncias, tais como o uso das prisões preventivas como forma de pressão
para levar os acusados às delações premiadas. Como não houve réu-delator que
fosse inocente, o exorbitante tornou-se conveniente. Ao longo dos anos, Moro e
os procuradores cultivaram e, em alguns casos, manipularam a opinião pública.
Agora precisam respeitá-la", pontua o colunista, que também condena o
vazamento do grampo ilegal da ex-presidente Dilma Rousseff, do qual Moro se
vangloriou.
"O viés militante de Moro
e Deltan na Lava Jato afasta-os do devido processo legal, aproximando-os da
República do Galeão, instalada em 1954 em cima de um inquérito policial militar
que desaguou no suicídio de Getúlio Vargas", conclui Gaspari.