Nesta histórica quarta-feira 15, mais de 1 milhão de pessoas
foram ou estão nas ruas do País em manifestações em defesa da Educação;
protestos ocorreram em mais de 160 cidades, incluindo as 17 capitais; enquanto
isso, na Câmara, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, colocou a culpa do
corte de gastos da Educação na presidente Dilma Rousseff, que há três anos
deixou o poder por meio de um golpe; "O sonho das pessoas é colocar os
filhos na educação privada, não na pública", disse o ministro, sendo
vaiado pela oposição
247 - Nesta
quarta-feira (15) histórica para o País, em que estudantes, professores e
trabalhadores da Educação tomaram as ruas de todas as capitais do País e em
mais de 100 cidades em protestos contra a política de desmonte da educação pública,
promovida pelo governo de Jair Bolsonaro, o seu ministro da Educação, Abraham
Weintraub, é vaiado durante audiência na Câmara dos Deputados.
Weintraub insistiu em vários momentos que
muitos brasileiros não sabem ler ou fazer interpretações. "A gente
consegue dizer que hoje o Brasil é uma nação de pessoas que conseguem ler o
ônibus que está vindo", declarou. "As nossas crianças não
aprendem a ler na escola. A gente tem um índice muito grande de onda de
fracasso", acrescentou.
O ministro teve de desfaçatez de atribuir
à presidente deposta Dilma Rousseff a responsabilidade pelo contingenciamento
de recursos que está paralisando a pesquisa e o ensino superior no País.
"O orçamento atual foi feito pelo governo eleito Dilma Rousseff e Michel
Temer, que era vice. Nós não votamos neles. Não somos responsáveis pelo
desastre da educação brasileira. O sonho das pessoas é colocar os filhos na
educação privada, não na pública", declarou, recebendo vaias da oposição
na Câmara.
Leia, abaixo, reportagem da Rede Brasil Atual sobre as manifestações que
tomaram o País nesta quarta-feira (15):
Mais de 1 milhão de pessoas
participam de mobilizações em defesa da educação
O Dia Nacional de Greve na Educação contra
o corte de 30% do orçamento federal da área mobilizou mais de 1 milhão de
pessoas em manifestações em cidades de todos os estados e no distrito federal,
apenas na manhã desta quarta-feira (15), segundo balanço dos organizadores. Os
protestos seguem no período da tarde.
A iniciativa do governo Bolsonaro revoltou
professores, pesquisadores, trabalhadores e estudantes de escolas públicas,
universidades e institutos federais. "As medidas do governo Bolsonaro são
um ataque aos municípios, aos estados, à população. Sem investimento na
educação não há desenvolvimento", afirmou o presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo.
O corte atinge as verbas discricionárias,
utilizadas para pagamento de despesas de funcionamento, serviços terceirizados,
restaurantes universitários, água, energia, internet, entre outras. A
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) teve de
bloquear 4.798 bolsas de pesquisa. Após muita pressão de pesquisadores e
cientistas, 1.224 bolsas foram liberadas. Em visita a Dallas, nos Estados
Unidos, Bolsonaro declarou que os manifestantes são "idiotas úteis" e
"massa de manobra".
"Ao chamar o educador de um 'idiota
útil', o presidente mostra o quanto ele desrespeita a profissão que é
responsável por formar os demais profissionais e não tem noção do papel desta
categoria na formação dos brasileiros", afirmou Araújo. A pauta de reivindicações
da mobilização também inclui o fim do patrulhamento ideológico nas
universidades, dos sucessivos cortes nas políticas educacionais e da ameaça de
acabar com a vinculação constitucional que assegura recursos para a educação,
defendida pelo ministro da Economia Paulo Guedes. Os atos pacíficos também são
uma prévia para a greve geral dos trabalhadores contra a reforma da
previdência, marcada para o dia 14 de junho.
Segundo a CNTE, mais de 50 mil educadores
e estudantes estão protestando na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Em
Curitiba, pelo menos 20 mil estudantes e trabalhadores em educação tomaram as
ruas em defesa da educação. Em Belo Horizonte, são cerca de 250 mil
manifestantes. Na Bahia, a estimativa é que há 50 mil pessoas participando do
ato em Salvador. Além de manifestações em todas as capitais, há registro de
protestos em 122 cidades desde o início da manhã.
No estado de São Paulo, por exemplo, houve
manifestações de estudantes secundaristas na região da Avenida Paulista – palco
da manifestação da tarde – e na USP e está programada uma grande manifestação
para o período da tarde, com concentração às 14h. Também houve protestos em
Campinas, Sorocaba, Santos Bauru, Araraquara, Rio Claro, São Carlos e Boituva.
Ainda no interior, estudantes da USP e da Unesp fizeram atos em Ribeirão Preto,
Jaboticabal e Presidente Prudente. Em Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba e
Suzano, na região metropolitana, também houve atos de docentes e alunos.
No Rio de Janeiro, a capital registrou
protestos no Colégio Pedro II, na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), na Universidade Estadual da Zona Oeste (Uezo) e na Universidade
Estadual do Rio de Janeiro. Também houve atos em Petrópolis, Teresópolis e Nova
Friburgo. Em Fortaleza, no Ceará, estudantes de instituições federais
bloquearam a Avenida da Universidade. Juazeiro do Norte, Tauá, Crato, Sobral
Cedro, Iguatu, Canindé, Crateús, Quixadá e outras cidades do interior do estado
também tiveram mobilização de estudantes e professores.