O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente da
República, diz que entrevista que seu extrato bancário 'apareceu na
televisão", mas na verdade trata-se do relatório do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), que apontou duas movimentações financeiras
suspeitas no caso que apura as ações de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz
247 - "Por que
estão querendo agora pedir autorização para quebrar meu sigilo bancário se meu
extrato já apareceu na televisão? Eles querem requentar uma informação que eles
conseguiram de forma ilegal, inconstitucional", disse o senador Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao jornal
O Estado de São Paulo publicada nesta segunda-feira (13).
No entanto, segundo a Folha
de S. Paulo, o filho do presidente apresentou versões falsas ao
falar sobre a investigação contra seu ex-assessor Fabrício Queiroz e duas
transações imobiliárias. "O extrato bancário do senador, que ele afirma
ter sido divulgado, não foi exposto na televisão", disse o jornal.
Flávio tenta transformar um relatório do
Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), exibido pela TV Globo,
que apontou duas movimentações atípicas na sua conta bancária, em
"exposição de seu extrato bancário", o que é bem diferente. Isso
porque as comunicações do Coaf não podem ser consideradas quebra de sigilo
bancário.
O senador já tentou por duas vezes barrar
na Justiça as investigações do caso Queiroz, sob o argumento de quebra de
sigilo bancário ilegal. Perdeu tanto no STF (Supremo Tribunal Federal) como no
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Outro ponto controverso da versão
apresentada por Flávio Bolsonaro na entrevista diz respeito a uma comunicação
apresentada pelo Coaf de 48 depósitos sequenciais de R$ 2.000 em espécie em sua
conta bancária entre 9 de junho e 13 de julho.
Flávio disse que os valores se
referem a uma parcela do pagamento que recebeu em dinheiro pela venda de um
imóvel no período e que foram depositados por ele mesmo num caixa eletrônico. A
Folha de S. Paulo lembra que a versão foi corroborada pelo comprador, o atleta
Fábio Guerra. A escritura da transação, porém, aponta uma divergência de datas
e registra que o sinal foi pago meses antes da data de registro dos depósitos.
Sobre o pagamento de um título bancário de
R$ 1 milhão à Caixa Econômica Federal, Flávio afirma que quitou um
financiamento com o banco nesse valor neste período, com recursos da mesma
transação feita com Guerra. Documentos registrados em cartório confirmam a
versão.
Bolsogate
As explicações de Flávio Bolsonaro são
para tentar evitar as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro,
que pede a quebra de sigilo bancário de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor,
e também a sua quebra de sigilo.
Em janeiro de 2018, o Coaf apontou uma
movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, sendo que a
movimentação se dava por meio de depósitos e saques em dinheiro vivo.
As transações ocorriam em data próxima do
pagamento de servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro),
onde Flávio exerceu o mandato de deputado por 16 anos.
Em fevereiro, Queiroz admitiu que recebia
parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse
dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem o conhecimento do
então deputado.