"Talvez porque ainda precisamos de mais soldados, e
talvez precisemos de mais funcionários do regime", disse o político Juan
Guaidó, que tem apoio dos Estados Unidos e do Brasil para promover um golpe de
estado na Venezuela
Sputinik – O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó,
reconheceu que foram cometidos erros na tentativa de iniciar uma revolta
militar e que ele aceitaria qualquer oferta dos EUA para providenciar uma opção
militar na Venezuela para votação.
No sábado (4), Guaidó admitiu que a oposição tinha
calculado mal seu apoio dentro das Forças Armadas durante a tentativa de golpe
contra o legítimo presidente venezuelano Nicolás Maduro no dia 30 de março.
O líder da oposição revelou em uma entrevista
exclusiva ao jornal Washington Post que esperava que Maduro desistisse em meio
a uma onda de desertores dentro das forças militares do país.
"Porque o fato de termos feito o que fizemos,
e não termos conseguido na primeira vez, não significa que não seja válido
[...] Estamos enfrentando um muro que é uma ditadura absoluta. Reconhecemos
nossos erros — o que não fizemos, e [o que] fizemos em demasia", disse.
O apelo de Guaidó para que as bases e os oficiais
superiores dos militares abandonassem Maduro não produziu deserções em massa, observou
o líder da oposição.
"Talvez porque ainda precisamos de mais
soldados, e talvez precisemos de mais funcionários do regime para estarem
dispostos a apoiá-lo, para apoiar a Constituição [...] Acho que as variáveis
são óbvias neste momento", continuou.
Ele também indicou que qualquer apoio militar
americano deve estar ao lado das forças venezuelanas que se voltaram contra
Maduro, mas não deu mais detalhes sobre o que seria aceitável.
O líder da oposição também disse que saudou as
recentes discussões sobre opções militares em Washington, chamando-as de
"excelentes notícias".
"Isso é uma excelente notícia para a Venezuela
porque estamos avaliando todas as opções. É bom saber que aliados importantes
como os EUA também estão avaliando a opção. Isso nos dá a possibilidade de que,
se precisarmos de cooperação, sabemos que podemos obtê-la", afirmou,
acrescentando que há soldados venezuelanos que querem "acabar com [as
guerrilhas de esquerda] e ajudar o apoio humanitário a entrar, que ficariam
felizes em obter cooperação para acabar com a usurpação."
Segundo o artigo, Guaidó revelou que não
concordaria em se sentar e negociar com Maduro, a menos que ele se afastasse do
seu posto como presidente da Venezuela.
"Sentar-se com Maduro não é uma opção [...]
Isso aconteceu em 2014, em 2016, em 2017... O fim da usurpação é uma
pré-condição para qualquer diálogo possível", ressaltou.
Na sexta-feira (3), o conselheiro de Segurança
Nacional dos EUA, John Bolton, e os generais do Pentágono deixaram claro que
todas as opções para resolver o conflito venezuelano estão "sobre a
mesa".
A crise em torno da Venezuela tem se intensificado
desde 23 de janeiro, quando Guaidó se autoproclamou presidente interino e foi
imediatamente apoiado pelos EUA e seus aliados, enquanto Maduro recebeu o
suporte de vários países, incluindo Rússia e China, e foi reconhecido como o
único presidente legítimo da Venezuela.