Alexandre de Moraes afirmou que documentos e
informações coletados pela investigação apontam “graves ofensas” à Corte, com
conteúdo de ódio
Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles |
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), mandou bloquear as redes sociais de sete investigados
no inquérito sobre as supostas fake news contra seus colegas da Corte. São alvo
de buscas da Polícia Federal nesta terça-feira (16/04/19) o general da reserva Paulo Chagas, o integrante da
Polícia Civil de Goiás Omar Rocha Fagundes, Isabella Sanches de Sousa
Trevisani, Carlos Antonio dos Santos, Erminio Aparecido Nadini, Gustavo de
Carvalho e Silva e Sergio Barbosa de Barros.
Na decisão, Alexandre afirmou que
documentos e informações coletados pela investigação apontam “sérios indícios
da prática de crimes”. Segundo o ministro, as postagens em redes sociais contêm
“graves ofensas a esta Corte e seus integrantes, com conteúdo de ódio e de
subversão da ordem”.
O ministro mandou bloquear contas no
Facebook, no WhatsApp, no Twitter e no Instagram. “Autorizo desde logo o
acesso, pela autoridade policial, aos documentos e dados armazenados em
arquivos eletrônicos apreendidos nos locais de busca, contidos em quaisquer
dispositivos”, ordenou Alexandre. “Após a realização das diligências, todos os
envolvidos deverão prestar depoimentos.”
Segundo Alexandre, as mensagens escritas
por Paulo Chagas são “propaganda de processos violentos ou ilegais para
alteração da ordem política e social com grande repercussão entre seguidores”.
O ministro destacou que “em pelo menos uma ocasião, o investigado defendeu a
criação de um Tribunal de Exceção para julgamento dos ministros do STF ou mesmo
para substitui-los”.
Omar
Rocha Fagundes, de acordo com Alexandre, publicou uma mensagem em 14 de março
de 2019 com a frase “O nosso STF é bolivariano, todos alinhados com
narcotraficantes e corruptos do país”. O ministro destacou que Omar anda
‘constantemente armado’.
“Em outra
postagem, incita a população a impedir o livre exercício dos Poderes da União,
afirmando que ‘O Peru fechou a corte suprema do país. Nós também podemos!
Pressão total contra o STF (publicação de 16 de março de 2019)”, citou
Alexandre.
O
ministro apontou também uma mensagem escrita por Isabella Sanches de Sousa
Trevisani em 23 de março. “STF Vergonha Nacional! A vez de vocês está
chegando.”
Carlos
Antonio dos Santos, segundo Alexandre, incitou a população “a impedir o livre
exercício dos Poderes da União, afirmando que ‘É desanimador o fato de tantos
brasileiros ficarem alheios ao que a Quadrilha STF vem fazendo contra a nação”.
A mensagem foi escrita em 14 de março.
De acordo
com o ministro, Erminio Aparecido Nadin também propagou ‘alteração da ordem
política e social, compartilhando publicações como a de 21 de março’. “Não tem
negociação com quem se vendeu para o mecanismo. Destituição e prisão. Fora
STF”, escreveu o investigado, segundo a decisão.
Alexandre
destaca ainda que Erminio Aparecido Nadin imputou “fato ofensivo à reputação
dos ministros”. “Máfia do STF: empunha papeis e canetas, protege criminosos,
cobra propina de proteção de corruptos, manipula a lei, mata pessoas.”
Entenda
o inquérito das fake news
Em março, o presidente do Supremo, Dias
Toffoli, mandou abrir um inquérito contra “notícias fraudulentas
(fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus
caluniandi, diffamandi ou injuriandi, que atingem a honorabilidade e a
segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares,
extrapolando a liberdade de expressão”. Na ocasião, o ministro citou um artigo
do regimento interno do STF, segundo o qual, “ocorrendo infração à lei penal na
sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver
autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição”.
Nas três
páginas de manifestação, o presidente da Corte também aproveitou para frisar
que o inquérito não investiga apenas ações criminosas “isoladamente
praticadas”, mas também busca identificar associações de pessoas que tenham
como objetivo “perpetrar, de forma sistemática, ilícitos que vão de encontro
aos bens jurídicos em questão”.
Nessa
segunda-feira (15/04/19) no âmbito do inquérito, o ministro determinou à
revista Crusoé e ao site O Antagonista que retirassem do ar imediatamente a
reportagem intitulada “amigo do amigo de meu pai”, que cita o presidente da
Corte, Dias Toffoli. A revista repudiou a decisão e denunciou o caso como
censura. Alexandre impôs ainda uma multa diária de R$ 100 mil em caso de
desobediência.
“Determino
que o site O Antagonista e a revista Crusoé retirem,
imediatamente, dos respectivos ambientes virtuais a matéria intitulada ‘O amigo
do amigo de meu pai’ e todas as postagens subsequentes que tratem sobre o
assunto, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, cujo prazo será contado a
partir da intimação dos responsáveis. A Polícia Federal deverá intimar os
responsáveis pelo site O Antagonista e pela Revista Crusoé para que prestem
depoimentos no prazo de 72 horas”, ordenou.
O
ministro não fez nenhuma declaração sobre a decisão, mas a interlocutores
próximos ressaltou que não impôs censura às publicações. Na avaliação de
Alexandre, “liberdade de imprensa impede a censura prévia, mas não
responsabilização posterior”.
O
ministro ressaltou que “a notícia se baseou na PGR, que a desmentiu, mesmo
assim insistiram na fake news”. “Isso está claro na decisão.”
A
reportagem está tentando localizar as defesas de todos os citados. O espaço
está aberto para manifestação.