SÃO PAULO, SP
(FOLHAPRESS) - A oitava turma do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª
Região) determinou a soltura do publicitário Valdemir Garreta, ex-marqueteiro
do PT (Partido dos Trabalhadores), preso em novembro pela Operação Lava Jato.
Garreta, que está preso no
Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de
Curitiba, é acusado de ser intermediário de propinas da OAS para diretores
da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, durante a construção
da Torre Pituba, sede da estatal na Bahia, um empreendimento feito pela OAS com
dinheiro do fundo de pensão.
Os juízes do TRF4 determinaram que o
publicitário seja libertado mediante o pagamento de uma fiança de R$ 1 milhão.
Garreta não precisará usar tornozeleira eletrônica.
Em depoimento à Polícia Federal, logo após
ser preso, o marqueteiro disse que foi intermediário de pagamentos de propina
que a empreiteira OAS destinou para Luiz Carlos Fernandes Afonso, ex-presidente
da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.
Segundo Garreta, o acerto para o pagamento
ilegal aconteceu em 2011 durante um jantar, no Rio de Janeiro, em que
participaram ele, Afonso e o então presidente e acionista da OAS, Léo Pinheiro.
Na ocasião, disse ele, Léo Pinheiro se comprometeu em repassar para o
então presidente da Petros 0,75% do valor do contrato da Torre Pituba. Ficou
acertado que Garreta operacionalizaria o pagamento da propina.
Segundo a PF, os contratos do
empreendimento foram direcionados e superfaturados para que houvesse pagamento
de ao menos R$ 68,3 milhões de propina para políticos, funcionários públicos e
empresários.
Garreta disse em depoimento que em um
primeiro momento entregou para um funcionário do setor de propinas da OAS um
envelope contendo um número de conta bancária no exterior fornecidos por
Afonso.
Meses depois, Léo Pinheiro mencionou um
saldo restante da propina e pediu que o marqueteiro procurasse um executivo da
empreiteira para saldar o valor do acordo.
Garreta pediu então a Willian Chain, um
amigo seu, para que pegasse os valores na sede da OAS e os entregasse em um
escritório na avenida Faria Lima, em São Paulo, para alguém indicado pelo então
presidente da Petros e que se chamava Felipe.
Garreta disse que em 2014 houve aditivo no
contrato da Torre Pituba e que por isso Afonso teria mais R$ 2 milhões em
propina a receber. O desembolso dessa vez seria feito pela Odebrecht, que pagou
parte do suborno em dinheiro nos flats de Chain. Em janeiro de 2015, com a Lava
Jato avançando em direção à empreiteira, a Odebrecht decidiu que não pagaria
mais o restante do acertado.
OUTRO
LADO
A advogada Danyelle Galvão, que defende
Valdemir Garreta, diz que a decisão do TRF4 faz justiça a seu cliente. "O
Valdemir Garreta vem colaborando com as investigações há meses e esta decisão
faz justiça a ele", diz.
Na ocasião do depoimento de Garreta, o
advogado Ney Fayet Júnior, que defende Luiz Carlos Fernandes Afonso, não quis
comentar o caso.
Jonas Augusto de Freitas, que defende
Willian Chain, disse que "como amigo de longa data de Garreta", Chaim
apenas se encarregou da entrega de malotes, mas desconhecia seu conteúdo. Disse
também que seu cliente locava flats para diversos empresários em São Paulo e
foi procurado por Garreta por esse motivo.
A OAS se posicionou dizendo que "os
atuais gestores da companhia têm prestado às autoridades todos os
esclarecimentos a respeito de atividades e contratos sobre os quais haja
questionamentos".
Fonte:
Bem Paraná