Apoiadores do ex-presidente estão em terreno
privado e não tiveram acesso a um mandado que justificasse a ação
Policiais fazem ameaças em frente à PF / Eduardo Matysiak |
A partir de
decisão sem mandado judicial e sem apresentar argumentos, nesta
quinta-feira (21) a Polícia Militar (PM) ameaçou invadir a Vigília Lula Livre e prender os coordenadores
do espaço – que reúne apoiadores do ex-presidente Lula (PT) em Curitiba (PR)
desde a prisão pela operação Lava Jato, em 7 de abril de 2018. Ao todo, são
três viaturas policiais estacionadas em frente à Vigília, que fica em
um terreno privado ao lado da Superintendência da Polícia Federal, onde Lula
está preso, no bairro Santa Cândida.
De
acordo com o advogado Daniel Godoy, que representa as organizações que atuam no
local, havia uma liminar referente ao trânsito em via pública, e não
de um espaço privado como o da Vigília. As organizações estão em contato
com autoridades estaduais para impedir violações.
Integrantes
da Vigília entendem que as atividades devem seguir normalmente e ressaltam que,
como atuam em espaço privado, respeitam o horário comercial e não cometem
ilegalidades. (Veja o vídeo).
A reportagem do Brasil de Fato entrou
em contato e aguarda retorno da Polícia Militar para ter acesso aos documentos
que justificariam a invasão do local.
O vídeo
abaixo, gravado por Eduardo Matysiak mostra as primeiras ameaças, no fim da
tarde desta quinta (21). Segundo o agente policial que aparece nas imagens,
identificado apenas como Nascimento, a saudação coletiva conhecida como
"Boa noite, presidente Lula" estaria proibida por ordem judicial: (Assista)
A coordenação da Vigília Lula Livre publicou uma nota
sobre o caso. Confira na íntegra:
"A Coordenação da Vigília
Lula Livre repudia ação intimidatória de um grupo da Polícia Militar do Paraná
na noite desta quinta-feira (21).
Perto do horário em que
tradicionalmente é realizado o “Boa Noite, presidente Lula”, um grupo de
policiais militares fortemente armados, sem ordem judicial, promoveu uma
tentativa de despejo da Vigília, que ocorre em terreno privado.
Sem mandado ou qualquer
documentação oficial, os policiais, acompanhados de um advogada ligada ao grupo
República de Curitiba, ameaçaram prender membros da coordenação da Vigília,
além de um grupo de juízes que participava das atividades no local caso o Boa
Noite fosse realizado.
A situação foi contornada
apenas quando um major da PMPR chegou ao local e informou prontamente que não
havia operação, nem ordem judicial para a ação e liberou a realização do Boa
Noite, sem risco de violência por parte dos agentes de segurança.
Os policiais então recuaram e
argumentaram que estavam responsáveis pela patrulha de um jogo de futebol
quando receberam a denúncia de um morador sobre perturbação da ordem e se
dirigiram ao local.
Constatando que não havia
perturbação, a Vigília pôde encerrar suas atividades diárias com a realização
do tradicional “Boa Noite, presidente Lula”. Advogados da Vigília acompanharam
a ação e auxiliaram na garantia dos direitos dos apoiadores do ex-presidente
que compõem a Vigília Lula Livre.
Seguimos em resistência há 349
dias, na luta pelo restabelecimento do Estado Democrático de Direito, contra
qualquer abuso de autoridade. Daqui sairemos no dia em que o presidente Lula
tiver seu direito a um julgamento justo assegurado, que reconheça sua inocência
e seu direito à liberdade.
Lula Livre, Lula
Inocente".
Fonte: Brasil de
Fato