Festa da Colheita de Arroz Agroecológico ocorreu no
assentamento Santa Rita de Cássia II, em Nova Santa Rita (RS)
Este ano, o MST do Rio Grande do Sul se tornou o maior produtor de arroz orgânico das Américas / Marcelo Ferreira / Brasil de Fato RS |
Cerca de 1,2
mil pessoas celebraram nesta sexta-feira (15) a 16ª Festa da Colheita de
Arroz Agroecológico, no assentamento Santa Rita de Cássia II, em Nova Santa
Rita (RS), promovida por agricultores gaúchos ligados ao Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Participaram da festa lideranças
políticas como os deputados federais Dionilso Marcon (PT) e
Elvino Bohn Gass, o deputado estadual Edegar Pretto, a prefeita
Margarete Simon Ferretti (PT), representantes de prefeituras de São Paulo e
do Rio de Janeiro e o dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile,
além de compradores do produto para a utilização na merenda escolar.
Cerca
de 360 famílias dedicam-se a este tipo de plantio em pouco mais de três mil
hectares de área de banhado, propícias ao cultivo de arroz. Os alimentos
agroecológicos não contêm agrotóxicos, por isso são considerados mais
saudáveis.
Almoço teve arroz de carreteiro, feijão preto e salada. (Foto: Marcelo Ferreira / Brasil de Fato RS) |
Este ano, o MST do
Rio Grande do Sul estima colher 16 mil toneladas do cereal, tornando-se o
maior produtor de arroz orgânico das Américas. Segundo o coordenador
do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico do MST, Emerson Giacomelli, a produção
desta safra será menor do que a do ano passado – em 2018, foram colhidas 20 mil
toneladas –, em decorrência de fatores climáticos. Assentamentos no
município de Manoel Viana, às margens do Rio Ibicuí, por exemplo,
sofreram com enchentes na virada do ano.
Resistência
A festa
desta sexta começou com uma celebração mística, que relembrou
a história da luta pela terra no estado e a saga dos assentados do local
– que fica a margem da BR-386, na região metropolitana de Porto Alegre
(RS). Em seguida, Stedile apresentou uma análise de conjuntura e
disse que, embora a situação seja adversa aos movimentos populares, a
"burguesia rentista que esta no poder" também tem dificuldades de
superar a crise, motivada por mudanças no modo de produção capitalista.
A
análise do dirigente do MST antecedeu o lançamento do livro de "A produção
ecológica de arroz e a reforma agrária popular", uma adaptação da tese de
doutorado de Adalberto Floriano Greco Martins, que expõe a nova
geografia da produção agrícola no estado.
A
seguir, a palavra foi aberta para as lideranças políticas, que falaram
sobre a importância do produção de alimentos saudáveis e o papel dos assentados
de reforma agrária e da agricultura familiar na resistência ao agronegócio.
Durante
todo o evento, soaram músicas de luta e regionalistas, tocadas por artistas
populares que apoiam o MST. No almoço, foi servido um arroz de carreteiro (com
charque), acompanhado de feijão preto e salada. Para beber, os agricultores
ofereceram cerveja de arroz, produzida por uma cervejaria artesanal
da vizinhança com o cereal colhido no assentamento.
Fonte:
Brasil de Fato