"Tenho
ouvido de amigos que o período eleitoral já passou e que temos que ter
proatividade porque agora somos vidraça", afirmou ainda o vereador
Reuters |
Em rara entrevista, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), disse ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube que às vezes se sente "culpado" e "aliviado" com sua atuação nas redes sociais. O filho "n.º 2" do presidente Jair Bolsonaro disse não ver exagero na forma intempestiva como costuma debater nas plataformas, principalmente no Twitter. "Se você soubesse a quantidade de porrada que a gente toma... Pela quantidade de respostas que eu respondo, você acharia que sou um anjo", disse.
"Tenho ouvido
de amigos meus que o período eleitoral já passou e que temos que ter um
sentimento de proatividade porque agora somos vidraça. Entendo isso, mas as
pancadas vêm. A cada 20 pancadas que recebemos, de vez em quanto responder uma,
vale (risos). Com o passar do tempo, as coisas amadurecem. Vou levando puxão de
orelha do meu pai. Ele me dá bronca, meus amigos me dão bronca. Me sinto
culpado de vez em quando, aliviado de vez em quando. Eu sempre procuro evoluir",
afirmou.
Na
entrevista de uma hora, Carlos falou da relação de proximidade com o pai e
relembra a tensão após Bolsonaro ter sido esfaqueado durante ato de campanha em
Juiz de Fora (MG). O vereador estava com o então presidenciável no dia do
atentado. Carlos disse não acreditar que Adelio Bispo, que atacou Bolsonaro,
tenha problemas mentais, como apontou perícia.
"Qualquer um
que Adelio pudesse acertar, ele atingiria meu pai. Ele tinha consciência disso.
Falar que ele é maluco? Eu não acredito nisso", disse. "Ele tinha
três celulares, pagou hotel antecipado, sabia da agenda do meu pai."
Emocionado,
Carlos relatou os momentos que antecederam a primeira cirurgia de Bolsonaro
após o atentado. "Quando vi tinha acontecido alguma coisa (no ato), fui
atrás e encontrei meu pai caído no chão do bar. Depois, as pessoas colocaram
ele dentro do carro. O sangue não saía por ter sido uma facada na barriga,
então achamos que tinha sido superficial. A gente ia conversando com ele dentro
do carro. 'De zero a dez, capitão, com você está?' 'Cinco, mas está
doendo'."
Carlos
disse ter visto o pai "indo embora duas vezes" antes da primeira
cirurgia e reclamou de quem acusa que a facada teria sido uma armação.
"Chegando na Santa Casa, os doutores analisaram ele, ele começou a
esfriar, mas o sangue correndo e vazando por dentro. Eu percebi em determinado
momento... Eu vi meu pai indo embora duas vezes, virando os olhos. Tem canalha
que olha para a gente e fala que aquela facada foi fake. Entende a minha raiva?
Não foi superficial. Eu estava junto na sala de cirurgia. Vi tirarem dois
litros de sangue, os órgãos para fora, e aí saí de dentro da sala. Eu estava em
choque. Foi algo inacreditável."
Na
entrevista, ao ser perguntado sobre sua interferência nas questões do governo,
incluindo o episódio envolvendo o ex-secretário-geral da Presidência, Gustavo
Bebianno, Carlos disse que só pensa em defender o pai. "Não tem como as
pessoas me separarem do meu pai. Sou filho dele e trabalhamos juntos há 18
anos. No dia que ele chegar e falar 'filho, vai embora', eu vou. Eu só quero
defender meu pai. É lógico. Só quero levar adiante um plano que eu acredito.
(Sobre Bebianno), essa pessoa não conversou sobre o assunto citado pelo jornal
O Globo no dia citado. É só isso."
'Corporativismo'
O
vereador também reclamou da imprensa e reconheceu ter receio de jornalistas.
"É uma classe que sim, que tem um corporativismo gigantesco, não somente
com o presidente Bolsonaro, mas também quando ele era deputado. Eu deixo para
as pessoas refletirem. Tenho receio (com jornalistas) porque sei que dentro da
formação dos senhores (jornalistas), os senhores carregam consigo uma ideologia
que às vezes ela é tomada de um seio ideológico que acaba contaminando a
informação. Não acho isso agradável."
Carlos
ainda comentou a publicação de um vídeo obsceno por parte do pai no Twitter
durante o carnaval. As imagens mostravam um homem urinando na cabeça de outro
durante um bloco de carnaval em São Paulo. "Ele (Bolsonaro) foi claro. Não
falou que 'acontece no carnaval'. E sim 'em muitos pontos do carnaval'. Ele
tenta trazer essas informação para que elas sejam expostas. Chocantes ou não, é
a realidade. Foi o sentimento que ele quis demonstrar e é a realidade",
afirmou o vereador na entrevista. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
Fonte: Notícias ao
Minuto