(Foto: Franklin Freitas) |
O juiz federal
Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª Vara Federal de Curitiba, determinou o bloqueio de
até R$ 166 milhões do ex-governador Beto Richa (PSDB), da ex-primeira-dama
Fernanda Richa, de André Richa, filho do casal, e de duas empresas da família,
a BFMAR Participações S/A e Ocaporã Administradora de Bens Ltda. O contador da
família Richa, Dirceu Pupo Ferreira, que está preso, deve ter até R$ 4,5
milhões bloqueados. A decisão, que está em sigilo, foi revelada nesta
sexta-feira (8) pelo jornal Gazeta do Povo.
Assinado no dia 28 de fevereiro, a
despacho é referente à Operação Integração, desdobramento da Lava Jato, que
investiga propina paga por concessionárias de pedágio. De acordo com o
Ministério Público Federal (MPF), que pediu o bloqueio de bens, Dirceu Pupo
utilizou dinheiro de propina, pago pelas concessionárias de pedágio a Beto
Richa, em transações de imóveis, atividade central das empresas da família
Richa. O MPF calcula R$ 2,7 milhões de propina.
Em fevereiro, o juiz acatou a denúncia
contra o ex-governador e outros nove agentes públicos por empresas de pedágio
no Paraná, além de denúncia por lavagem de dinheiro contra Fernanda.
Segundo o MPF, o esquema desviou R$ 8,4
bilhões por meio do aumento de tarifas de pedágio do Anel de Integração, e de
obras rodoviárias não executadas. A propina paga em troca dos benefícios,
conforme os procuradores, foi estimada em pelo menos R$ 35 milhões.
Beto Richa chegou a ser preso no dia 25 de
janeiro, na 58ª fase da Operação Lava Jato. A defesa diz que o ex-governador não
cometeu irregularidades e que sempre esteve à disposição para prestar
esclarecimentos.
O MPF dividiu as acusações em duas
denúncias. Essa envolve agentes públicos, como Beto Richa, Pepe Richa – irmão
do ex-governador e ex-secretário de Infraestrutura e Logística do estado – e
mais outras oito pessoas.
As denúncias sustentam que o esquema de
pagamentos de propina pelas concessionárias de pedágio teve início há cerca de
20 anos. Conforme os procuradores, a corrupção elevou as tarifas de pedágio
pagas pelos usuários, e fez com que apenas 25% das obras previstas fossem
realizadas.
Segundo a Lava Jato, as concessionárias se
comprometeram a duplicar 995,7 quilômetros de rodovias no início dos contratos,
mas até hoje apenas 273,5 quilômetros foram duplicados.
"O prejuízo vai muito além e se
estende sobre toda a cadeia produtiva do estado do Paraná que deixou de se
valer de uma infraestrutura adequada. Nós temos uma infraestrutura de odovias
muito pior do que nós deveríamos ter", afirmou o procurador Deltan Dallagnol.
Ao justificar a decisão, o juiz federal
observou que “embora indicativo de dilapidação do patrimônio não seja requisito
para o sequestro e arresto de bens, há notícia nos autos de movimentação
financeira por parte de Fernanda Richa, que resgatou para sua conta corrente a
importância de R$ 614.081,40”. “Não obstante ser do conhecimento público que
Fernanda Richa possui elevado patrimônio pessoal, a movimentação financeira de
valor significativo no presente contexto pode significar tentativa de esvaziamento
de suas contas justamente para evitar possíveis bloqueios judiciais”, escreveu
o magistrado, segundo o jornal.
Fonte:
Bem Paraná