BRASÍLIA, DF
(FOLHAPRESS) - Após dois meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro retomou
a rotina de fazer transmissões ao vivo no Facebook -as chamadas
"lives"- e falou sobre dez assuntos diferentes em um vídeo feito
nesta quinta-feira (7), mas deixou de fora temas como a repercussão sobre a
divulgação em sua conta do Twitter de um vídeo obsceno e as suspeitas contra o
ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio, envolvendo candidaturas de
laranjas.
De seu gabinete, no terceiro andar do
Palácio do Planalto, Bolsonaro falou ao lado do porta-voz da Presidência, o
general Otávio Rêgo Barros, e o chefe do GSI, general Augusto Heleno, por mais
de 20 minutos.
Na transmissão, ele defendeu projetos do
governo, como a aprovação da reforma da Previdência, dizendo que os militares
serão incluídos nas mudanças de regras de aposentadoria. Mas também resgatou
bandeiras dos tempos de deputado: criticou a cobrança de multas de trânsito e a
importação de bananas do Equador em detrimento da produção da fruta no Vale do
Ribeira, onde foi criado.
O presidente disse ainda que fará todas as
quintas-feiras as transmissões ao vivo para que a sociedade possa tirar dúvidas
sobre temas diversos. Ele afirmou que deve convidar seus ministros para
participar das lives, a exemplo do que fez nesta quinta com Heleno e Rêgo
Barros.
PREVIDÊNCIA
O presidente defendeu uma "nova
Previdência" para por fim nos privilégios. Ao tratar do assunto, disse que
os militares -que compõem 8 de seus 22 ministérios também serão incluídos.
Ele afirmou que entre as mudanças farão
com que os parlamentares passem a se aposentar com o teto do INSS, de cerca de
R$ 5 mil mensais.
"Não é porque eu quero, nós
precisamos fazer uma reforma da Previdência, afinal de contas, ela está mais do
que deficitária e nós não queremos que no futuro o Brasil se transforme numa
Grécia", disse.
Bolsonaro disse que tem a intenção de que
o texto encaminhado ao Congresso seja aprovado, mas reconheceu que os
parlamentares têm soberania para modificá-lo.
"Esperamos que não seja muito
desidratada para que atinja o seu objetivo e sobrem recursos para investirmos
em emprego, em segurança pública, saúde e educação", disse.
FORÇAS
ARMADAS
Logo no início do vídeo, o presidente
comenta a repercussão de um discurso seu feito na manhã desta quinta no Rio de
Janeiro, em evento de fuzileiros navais. Na ocasião, ele disse que as Forças
Armadas são responsáveis pela manutenção da democracia e foi imediatamente alvo
de críticas.
Na live, Bolsonaro recorre a Heleno, a
quem se refere como "mais idoso" para pedir que o ministro emita sua
opinião sobre o tema.
"General Heleno, o senhor achou meu
discurso polêmico?", indaga.
Em resposta, o subordinado responde
prontamente: "Claro que não, isso aí não tem nada de polêmico, ao
contrário, as suas palavras foram ditas de improviso para uma tropa
qualificada, para aqueles que amam a sua pátria".
LOMBADAS
ELETRÔNICAS
O presidente voltou a criticar a
"indústria de multas" presente em boa parte de seus discursos desde
os tempos em que foi deputado. Ele afirmou que a colocação de lombadas
eletrônicas nas vias não tem como objetivo diminuir o índice de acidentes, mas
apenas a arrecadação. Bolsonaro prometeu ainda que novas lombadas não serão
colocadas e disse que as que hoje existem, ao terem seus prazos de validade de
contrato vencidos, serão retiradas.
"Não teremos mais lombadas
eletrônicas. Elas não serão renovadas", disse.
BNDES
O presidente voltou a falar que em seu
governo o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá
mais transparência. Para isso, ele disse que fará cursos com técnicos do TCU
(Tribunal de Contas da União) e disse que o grau de transparência presente na
instituição atualmente "não é suficiente".
Ele disse que um cidadão como ele -que não
entende de economia, segundo suas próprias palavras- não consegue ter dimensão
dos empréstimos que a instituição faz, e citou o porto de Mariel, em Cuba.
"Eu vou me preparar, vou chamar o
senhor Levy e vou falar o que queremos. O que está lá no momento não
atende", afirmou.
BANCO
DO BRASIL
O presidente criticou ainda um edital de
concurso público para o Banco do Brasil por incluir entre os pré-requisitos
cursos sobre diversidade e de prevenção contra o assédio moral e sexual. Ele
disse ter conversado com o presidente do banco, Rubem Novaes, para verificar se
essa era uma informação verdadeira.
Em tom de deboche, riu da obrigatoriedade
do curso e sugeriu que os concurseiros entrassem na Justiça para contestar a
exigência, afirmando que ela só valeu até 1º de março deste ano.
"Tu pode entrar na justiça e tu pode
ganhar. A gente dá risada aqui, mas não pode", disse.
CARTEIRA
DE VACINAÇÃO
Na pauta de costumes, uma constante em
suas falas, Bolsonaro criticou uma carteira de vacinação distribuída para
crianças de 9 a 16 anos. Sem detalhar quais seriam os problemas, ele disse ter
assistido a um vídeo de uma senhora se queixando do teor do documento.
Segundo ele, o material de 40 páginas
"até tem conteúdo interessante", mas sugeriu que pais avaliem se não
seria adequada a retirada de algumas páginas ao final por terem conteúdo
inapropriado para crianças e adolescentes nessa faixa etária.
VIAGENS
AO EXTERIOR
Bolsonaro disse que fará três viagens ao
exterior em março: EUA, Chile e Israel. Disse que espera trazer "coisas
concretas" dessas visitas que fará aos três países.
CARTÃO
CORPORATIVO
Na conversa, Bolsonaro e Heleno criticaram
uma matéria veiculada esta semana pelo jornal O Estado de S. Paulo por ter
"distorções" ao falar do aumento de gastos com cartões
corporativos do governo. A reportagem mostrou um aumento de 16% nesse tipo de
despesas na comparação do que foi pago em janeiro de 2018 ao que foi gasto no
mesmo mês este ano.
CNH
Bolsonaro defendeu ainda uma iniciativa do
ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, de elevar de 5 para 10 anos a
validade da carteira de motorista.
SINDICATOS
O presidente comemorou a iniciativa do
Ministério da Economia de por fim à unicidade e obrigatoriedade de impostos
sindicais.
Ele disse que com isso o trabalhador vai
poder escolher se quer ou não pagar contribuições a sindicatos de sua
categoria.
"Houve uma aceitação por parte muito
boa da sociedade. A gente espera que o parlamento -a grande maioria não está
ligada a sindicatos- aprove isso."
Fonte:
Bem Paraná