Porta-voz
da Presidência, Otávio do Rego Barros disse nesta tarde que ainda não há
definição de datas para as próximas viagens do presidente ao exterior
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Isac Nóbrega/PR |
O porta-voz da Presidência, Otávio do Rego Barros, disse
nesta tarde que ainda não há definição de datas para as próximas viagens do
presidente Jair Bolsonaro ao exterior.
Antes da
cirurgia, Bolsonaro planejava visitar os Estados Unidos e Israel
entre março e abril. Agora, no entanto, a equipe do presidente avalia se ele
será liberado pelas condições de saúde a cumprir esse calendário. A confirmação
depende também da resposta dos dois países.
A
partir de agora, o presidente seguirá com uma série de cuidados em casa. Ainda
há riscos associados não só à cirurgia mas também ao tempo em que passou no
hospital.
No
período, ele esteve exposto a diferentes ambientes (centro cirúrgico,
apartamento, semi-intensiva e UTI).
"Por
mais que se tenha cuidado em lavar as mãos e usar máscaras, ele teve
contato com bactérias hospitalares que passam a fazer parte da flora da pele e
do intestino dele", explica Diego Adão Fanti Silva, cirurgião do
aparelho digestivo da Unifesp.
Segundo
ele, essas bactérias ficam colonizando o organismo por um período e,
eventualmente, podem causar uma nova infecção mesmo após a alta, uma vez que a
recuperação do sistema imune e a melhora da inflamação do corpo ocorrem de
forma gradual.
O
risco estimado na literatura médica é baixo, menor que 5%, e vai diminuindo com
o tempo. Por isso, nas primeiras semanas após a alta é preciso atenção aos
sinais infecciosos, como indisposição, febre, tosse e dor abdominal.
O infectologista Artur Timerman,
do hospital Edmundo Vasconcelos, afirma que o período mais crítico será nos
próximos dois meses, tempo que leva para que a flora intestinal nativa
se recomponha.
"O
fato de ter tido uma alteração no trânsito normal do intestino faz com
o microbioma já mude bastante e há riscos de novas infecções."
De
acordo com ele, será fundamental uma dieta equilibrada, com fibra e bastante
hidratação, para que o intestino funcione todos os dias. "Um
trânsito mais lento pode expô-lo a risco de infecções."
A
cirurgia, as infecções e o fato de ter ficado acamado tanto tempo causam
atrofia da musculatura e acúmulo de líquidos, principalmente na região das
pernas.
"Por
isso, é provável que o presidente continue com sessões de fisioterapia motora e
respiratória em casa, associada a orientação nutricional, para garantir a
recuperação da massa magra perdida. Isso também auxilia na melhora do sistema
imune e da inflamação", explica Fanti Silva.
Outro
cuidado adicional são com os cortes abdominais da cirurgia em si e do local
onde estava instalada a bolsa de colostomia, retirada na cirurgia. "No
local da bolsa, pode sobrar uma colonização [de bactérias] da pele e voltar a
infectar", diz Sobrado.
Também
há riscos (menos de 5%) de novas aderências (de uma alça ou tecido grudar no
outro), que são inerentes à cirurgia de intestino.
Segundo Fanti Silva,
elas podem acontecer a qualquer momento e não existe medida preventiva.
Alta médica
Após
17 dias internado, o presidente Bolsonaro recebeu alta do hospital Albert
Einstein, em São Paulo, nesta quarta-feira (13).
Ele
foi submetido em 28 de janeiro a uma cirurgia de reconstrução do trânsito
intestinal e retirada da bolsa de colostomia. Havia sido internado no dia
anterior.
Foi
a terceira cirurgia a que foi submetido em decorrência do ataque a faca ocorrido
em setembro, durante ato de campanha eleitoral em Minas Gerais.
Sua
saída foi postergada pelo diagnóstico, na semana passada, do quadro de
pneumonia. Ele deixou o hospital por volta das 12h20 com destino ao Aeroporto
de Congonhas, de onde embarcou no avião presidencial para Brasília.
Agora,
permanecerá no Palácio da Alvorada, em descanso até o próximo fim de semana, e
será acompanhado por uma equipe médica.
"Os
médicos prescreveram que ele se mantenha em descanso e faça uma autoavaliação
de receber ou não ministros", disse Rego Barros, em Brasília.
Em nota, a equipe
médica informou que o presidente recebeu alta "com o quadro pulmonar
normalizado, sem dor, afebril, com função intestinal restabelecida e dieta leve
por via oral".
Desde
a segunda (11) o presidente estava em um apartamento no hospital. A nutrição
parenteral (por via endovenosa) foi suspensa e os médicos introduziram uma
dieta leve, que prosseguiu na terça, com uso de suplemento nutricional.
Nesta
quarta, Bolsonaro acordou sem febre. Ele se alimentou de um mini pão francês,
dois biscoitos água e sal e uma fruta cozida.
Segundo
a equipe médica, após o diagnóstico de pneumonia, a evolução clínica foi
considerada boa, "sem disfunções orgânicas e com melhora dos exames
laboratoriais".
"O
dreno colocado no seu abdome foi retirado pela equipe de radiologia
intervencionista em 8 de fevereiro, quatro dias após sua introdução. Devido à
melhora do quadro intestinal e boa receptividade à dieta líquida, a sonda
nasogástrica também foi retirada. O quadro pulmonar progrediu de forma
positiva, assim como os exames laboratoriais."
No
período em que ficou internado, Bolsonaro fez exercícios de fisioterapia
respiratória e motora e caminhadas fora do quarto. Foram tomadas medidas de
prevenção de trombose venosa.
Em
mensagem em rede social, publicada no instante em que decolava para Brasília,
Bolsonaro comemorou a alta e voltou a citar o PSOL, partido ao qual foi filiado
o autor do ataque a faca, Adélio Bispo de Oliveira. O partido opositor tem
reclamado dessas menções em declarações do ex-presidente.
"Finalmente
deixamos em definitivo o risco de morte após a tentativa de assassinato de
ex-integrante do PSOL. Só tenho a agradecer a Deus e a todos por finalmente
poder voltar a trabalhar em plena normalidade." Com informações da
Folhapress.
Fonte:
Notícias ao Minuto