Hoje o município deve
R$ 18,8 milhões com a inadimplência de ex-prefeitos que deixaram de recolher
este encargo
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(Foto: Profeta) |
A Prefeitura de
Apucarana vai criar uma “força tarefa” de imediato, para começar a avaliar caso
a caso dos servidores que ingressaram com ações contra o Município, por
créditos a receber do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A
preocupação é reduzir o montante da dívida deixada por ex-prefeitos, a partir
de 1993, em relação a este encargo social, que prevê a obrigação do empregador
em recolher o equivalente a 8% sobre o valor do salário dos servidores
públicos.
O tema foi pauta de reunião mantida nesta
terça-feira (12/02) pelo prefeito em exercício Junior da Femac, com dirigentes
e técnicos da Caixa Econômica Federal (CEF). Participaram Olides Milezi Junior,
da Superintendência Regional da CEF; o gerente da agência de Apucarana, Paulo
Sérgio Talevi; e Uilliams Emílio Rodrigues e Julio Agari Algodoal, ambos da
coordenação do FGTS no Paraná. A discussão também foi acompanhada pelo
Procurador Geral do Município, Paulo Sérgio Vital; a secretária da fazenda,
Sueli Aparecida Freitas Pereira; e a superintendente de Recursos Humanos,
Rosmeire Rivelini.
Junior da Femac explicou que em 2012, no
último ano da sua gestão, o ex-prefeito João Carlos de Oliveira, fez uma
confissão de dívida do FGTS, junto à Caixa Econômica Federal, parcelando a
dívida a longo prazo. “Deixaram de recolher o encargo social nas suas gestões e
depois fizeram acordo de parcelamento para os futuros gestores pagarem”,
criticou Junior, acrescentando que “na administração Beto Preto, a dívida vem
sendo paga religiosamente em dia”.
O procurador geral Paulo Sérgio Vital
explica que em muitos casos, as dívidas com os servidores foram incluídas na
renegociação geral. “Porém, um número grande de funcionários também ingressou
na justiça, cobrando o recebimento do FGTS não recolhido”, revela Vital.
Segundo ele, essa situação vem gerando
duplicidade de pagamento a dezenas de servidores. “O que iremos fazer a partir
de agora é criar uma equipe para avaliar caso a caso e comprovar junto à Caixa,
o pagamento em duplicidade, para reduzir a dívida com o FGTS”, explica o
procurador.
Uilliams Rodrigues, da coordenação do FGTS
no Paraná, diz o objetivo do encontro foi trazer para a Prefeitura de Apucarana
algumas alternativas em relação à divida que existe com o FGTS. “Mostramos
alguns mecanismos para abater parte dessa dívida; a Caixa Econômica Federal
veio para ajudar e prestar esclarecimentos”, assinala.
Conforme esclarece Rodrigues, existem
situações em que a prefeitura pagou o FGTS do trabalhador na justiça, após a
tramitação de processo na Justiça do trabalho. “Ao mesmo tempo, esses créditos
acabaram sendo incluídos na confissão de dívida renegociada em 2012”, explica.
Ele cita como exemplo o uso destes
mecanismos pela Prefeitura de Ponta Grossa, que gerou uma redução de cerca de
35% na sua dívida com servidores.
“No caso de Apucarana esta dívida deixada
por gestões anteriores está na casa de R$ 19 milhões e, esse trabalho que será
realizado a partir de agora, pode gerar uma redução de R$ 5 a R$ 6 milhões”,
avalia o técnico da CEF, assinalando que “na administração pública moderna é
necessário prezar pela boa gestão de seus recursos”, conclui.
Para o prefeito em exercício Junior da
Femac, o mais triste deste calote no FGTS é esse dinheiro era do servidor
público. “Muitos morreram sem receber o que lhes era de direito. Não puderam
sequer contar com o dinheiro do FGTS para comprar uma casa ou até mesmo para
custear tratamento de saúde ou cirurgia”, critica o prefeito.