Mais de 50 organizações organizaram ato em
solidariedade à Venezuela em São Paulo e mais seis cidades
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Ato ocorreu em frente ao consulado da Venezuela em São Paulo / Foto: Guilherme Gandolfi |
O cônsul da
Venezuela em São Paulo, Manuel Vadell, afirmou nesta sexta-feira (8) que o povo
venezuelano irá impedir que um novo golpe de Estado ocorra no país. Vadell
discursou durante o Ato em Solidariedade à Venezuela, organizado pela Frente
Brasil Popular e pelo Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela, em frente
ao Consulado Geral da Venezuela em São Paulo.
“Podem
contar com a unidade das Forças Armadas e do povo venezuelano, que estão firmes
e fortes com o trabalho diário. Estamos vencendo e vamos vencer juntos mais
essa tentativa de golpe”, disse o representante diplomático no ato que contou
com mais de 150 manifestantes.
O
cônsul alertou sobre a gravidade dos ataques ao país caribenho. “Pela primeira
vez em mais de 20 anos, o governo estadunidense está dando a cara e assumindo
em primeiro plano o golpe de Estado, o que não havia acontecido em outras
tentativas", disse em referência à intensificação da ingerência estadunidense em seu país.
O ato,
apoiado por 59 organizações e entidades, contou com a presença de partidos
políticos como PT, PCdoB, Psol, PCB e PCO; movimentos populares como o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Atingidos por
Barragens (MAB), Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e Levante Popular; e
centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Segundo
Mônica Valente, secretária de relações internacionais do PT, “a partir da
primeira eleição do presidente Nicolás Maduro, o povo venezuelano não teve um
minuto de sossego, com os ataques, o cerco midiático, a violência das
guarimbas, com as sanções econômicas e chegando ao extremo da ameaça de
intervenção militar, um ataque frontal à Revolução Bolivariana e à construção
de um novo país e uma nova América Latina”.
A
militante da Marcha Mundial das Mulheres, Nalu Faria, esteve presente no
ato e celebrou “o papel das mulheres venezuelanas”. Ela afirmou que as
ações de solidariedade com a Venezuela não se tratam de defender o
resultado de uma eleição democrática, “mas sim de defender uma revolução que
vem continuamente resistindo às tentativas de golpe". "Neste momento,
temos que reforçar toda nossa solidariedade, toda nossa mobilização, não só
aqui em São Paulo, mas em todo o país”, concluiu Faria.
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Ato também contou com a participação de movimentos sociais e centrais sindicais / Foto: Guilherme Gandolfi |
Estados
Unidos e Grupo de Lima
Desde o
início do ano, as pressões contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, se intensificaram. As tentativas de derrubar o mandatário são lideradas
principalmente pelos Estados Unidos e pelo chamado Grupo de Lima,
bloco de 14 países americanos, do qual o Brasil faz parte.
Em 4 de
janeiro, o Grupo de Lima divulgou um documento em que afirma não reconhecer a
reeleição de Nicolás Maduro. O texto também pedia que o presidente deixasse o
cargo para que novas eleições fossem convocadas. Dentre os países do bloco,
somente o México não assinou o texto.
Reeleito em maio de 2018 com 67% dos votos, o governo
venezuelano acusa tanto os Estados Unidos quanto o Grupo de Lima de
não respeitarem o princípio de não-intervenção e de influenciar uma tentativa
de golpe de Estado no país. Após Maduro assumir, se recusando a aceitar o
pedido do Grupo de Lima, o líder da Assembleia Nacional em desacato da
Venezuela, Juan Guaidó, se autodeclarou presidente interino do país.
Para o
coordenador nacional do MST, João Pedro Stedile, “o Grupo de Lima é uma
marionete dos Estados Unidos. O grupo não tem legitimidade, ao ponto de que o
maior país do bloco, que é o México - em tamanho populacional, território e
expressão política -, se recusou a assinar o documento e o denunciou”.
Stedile
afirmou que “o que está em jogo não é a democracia, não é o Maduro,
não é o Guaidó. O que está em jogo é com quem vai ficar a renda petroleira
que está no território da Venezuela”.
Manifesto Pela Paz na Venezuela
Durante
o ato, o Comitê Pela Paz na Venezuela entregou um documento aos
representantes diplomáticos venezuelanos. O texto, assinado por dezenas de
organizações, afirma que “esta ofensiva internacional vem sendo liderada pelo
governo dos EUA e apoiada pelos seus capachos na América Latina e na Europa.
Juan Guaidó não foi eleito presidente, se autoproclamou em uma manifestação da
oposição, tornando-se marionete necessária para concretizar o golpe e garantir
os interesses imperialistas na Venezuela".
O
documento também critica as declarações feitas pelo governo do presidente
brasileiro, Jair Bolsonaro, e pelo chanceler Ernesto Araújo. Segundo o
manifesto, o posicionamento "rompe com a tradição diplomática
brasileira de busca pela paz, pelo diálogo e pela integração regional".
Além de
São Paulo, atos em solidariedade à Venezuela ocorreram em consulados no Rio de
Janeiro, Recife, Manaus, Boa Vista, Belém e Brasília. Manifestações também
aconteceram em outras cidades que não possuem instalações diplomáticas
venezuelanas.
Fonte: Brasil de Fato