O pânico do Ministério Público com a possível ida do
ex-presidente Lula ao enterro de seu irmão Vavá ficou patente na própria
redação e velocidade do parecer assinado por Deltan Dallagnol (a decisão do MPF
saiu minutos depois do parecer da PF); o que fundamenta o não deferimento do
pedido da defesa é, em linhas gerais, o poder popular de Lula (que põe em risco
a 'segurança'); mas, o que chama mais a atenção é a associação do pedido ao
crime ambiental da Vale em Brumadinho; o texto diz: "consultada a
Coordenação de Aviação Operacional da PF, sobreveio a informação de que no
momento os helicópteros que não estão em manutenção estão sendo utilizados para
apoio aos resgates das vítimas de Brumadinho"
247 - O pânico do Ministério Público com a possível ida do
ex-presidente Lula ao enterro de seu irmão Vavá ficou patente na própria
redação e velocidade do parecer assinado por Deltan Dallagnol (a decisão do MPF
saiu minutos depois do parecer da PF). O que fundamenta o não deferimento do
pedido da defesa é, em linhas gerais, o poder popular de Lula (que põe em risco
a 'segurança'). Mas, o que chama mais a atenção é a associação do pedido ao
crime-catástrofe da Vale em Brumadinho. O texto diz: "consultada a
Coordenação de Aviação Operacional da PF, sobreveio a informação de que no
momento os helicópteros que não estão em manutenção estão sendo utilizados para
apoio aos resgates das vítimas de Brumadinho."
O parecer de Deltan Dallagnol e
da Lava Jato insere a discussão no seguinte viés: "conforme a mencionada decisão, a permissão de saída
pretendida esbarra em insuperável obstáculo técnico: a impossibilidade de, ao
tempo e modo, conduzir o custodiado mediante escolta e com as salvaguardas
devidas, aos atos fúnebres de seu irmão."
E
complementa: "no tocante à logística
necessária para sua retirada da cela em Curitiba com trajeto passando pelo
aeroporto de São José dos Pinhais/PR, aeroporto de São Paulo e Cemitério de São
Bernardo do Campo/SP, para que tudo fosse feito em tempo oportuno e com a
devida segurança, seria necessário um transporte de helicóptero da sede da
Superintendência da PF em Curitiba até o primeiro aeroporto, uma aeronave da PF
– com a devida segurança e piloto próprio – para o transporte entre Curitiba e
São Paulo/SP e outro helicóptero até o cemitério. Consultada a Coordenação de
Aviação Operacional da PF, sobreveio a informação de que no momento os
helicópteros que não estão em manutenção estão sendo utilizados para apoio aos
resgates das vítimas de Brumadinho. Além disso, a aeronave de asa fixa,
disponível no momento, por questões de segurança poderia voar somente a partir
das 6:00 de 30/01/2019, cujo tempo estimado entre a vinda da aeronave de
Brasília, chegada em Curitiba e deste local para o Aeroporto de Congonhas,
demandaria no mínimo 6 (seis) horas, considerando o tempo dos vôos,
movimentação em pista e abastecimento em Curitiba/PR. Sobre o deslocamento do
aeroporto de Congonhas ao Cemitério de São Bernardo do Campo/SP seriam
necessárias mais 2 (duas) horas. Feitas as considerações no tocante ao meio de
deslocamento, o que por si só resta inviabilizado o atendimento ao pedido, seja
porque os helicópteros da PF estão sendo utilizados no momento em Minas Gerais,
para auxiliar nos resgastes de Brumadinho, seja pela ausência de tempo hábil
para o deslocamento da única aeronave da PF disponível no momento, restam as
ponderações relativas às análises de risco e do efetivo policial que seria necessário
empregar para uma escolta como esta."