O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do
Rio desencadeou nesta terça-feira a Operação "Os Intocáveis", em Rio
das Pedras, que prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato
da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes; os principais alvos
são o major Ronald Paulo Alves Pereira e o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães
da Nóbrega, chefe da milícia de Rio das Pedras – onde Fabrício Queiroz chegou a
se esconder; ambos foram homenageados em 2003 e 2004 na Alerj por indicação do
então deputado estadual Flávio Bolsonaro – filho de Jair Bolsonaro, o único
presidenciável que não condenou o assassinato
247 – "O Grupo de Atuação
Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de
Janeiro (MP-RJ), com o apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas
Organizadas (Draco) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia
Civil, desencadeou na manhã desta terça-feira a Operação Os Intocáveis, em Rio
das Pedras, na Zona Oeste do Rio, e outras localidades da cidade, que prendeu
ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle
Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Os presos são integrantes da
milícia mais antiga e perigosa do estado", informam os jornalistas Chico
Otávio, Vera Araújo, Arthur Leal, Gustavo Goulart, Rafael Soares e Pedro Zuazo,
em reportagem publicada no jornal O
Globo. "Para a ação, que mobiliza cerca
de 140 policiais, a Justiça expediu 13 mandados de prisão preventiva contra a
organização criminosa. Os principais alvos da operação são o major da Polícia
Militar Ronald Paulo Alves Pereira, o ex-capitão do Batalhão de Operações
Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe da milícia de Rio das
Pedras; e o subtenente reformado da PM Maurício Silvada Costa, o Maurição."
Segundo
a reportagem, o major Ronald Paulo Alves Pereira, de 43 anos, é investigado por
integrar a cúpula do Escritório do Crime. Em outro texto, Chico Otávio e Vera Araújo dizem que
os principais suspeitos do assassinato de Marielle Franco foram homenageados
pelo senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). "Os dois principais alvos da Operação Intocáveis , o
ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega e o major da PM Ronald Paulo
Alves Pereira, foram homenageados, em 2003 e 2004, na Assembleia Legislativa do
Rio por indicação do deputado estadual Flávio Bolsonaro. O parlamentar sempre
teve ligação estreita com policiais militares. Adriano, que ainda não foi encontrado pela polícia, chegou
a receber a medalha Tiradentes, a mais alta honraria do Legislativo fluminense.
Ronald, um dos presos na manhã desta terça-feira, ganhou a moção honrosa quando
já era investigado como um dos autores de uma chacina de cinco jovens na antiga
boate Via Show, em 2003, na Baixada Fluminense. Os dois são suspeitos de
integrar o Escritório do Crime, um grupo de extermínio que estaria envolvido no
assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL)", informam os jornalistas.
Leia, abaixo, reportagem da
Agência Brasil sobre o caso:
O
Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) desencadeou na manhã de hoje (22)
uma operação para prender 13 integrantes de organização criminosa que atua em
Rio das Pedras, Muzema e adjacências, todas no Rio de Janeiro.
O
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) conta com o
apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, da Draco e da Core/Polícia
Civil. Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão.
Já
foram presos pelo menos cinco dos integrantes da organização, entre eles um
major da Polícia Militar; o tenente reformado também da PM Maurício Silva da
Costa, o Maurição, que seria o chefe do grupo de milicianos, posto que dividia
com o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães.
Segundo
nota do MPRJ, as investigações, realizadas por meio de escutas telefônicas e
notícias de crimes, recebidas pelo canal Disque Denúncia, “evidenciam que os
denunciados estão envolvidos em atividades de grilagem, construção, venda e
locação ilegais de imóveis; receptação de carga roubada; posse e porte ilegal
de arma; e extorsão de moradores e comerciantes, mediante cobrança de taxas
referentes a ‘serviços’ prestados.
Eles são acusados, ainda, de
ocultação de bens adquiridos com os proventos das atividades ilícitas, por meio
de ‘laranjas’; falsificação de documentos; pagamento de propina a agentes
públicos; agiotagem; utilização de ligações clandestinas de água e energia; uso
da força como meio de intimidação e demonstração de poder, para manutenção do
domínio territorial na região de Jacarepaguá.
Segundo
ainda o Ministério Público, foram denunciados Ronald Paulo Alves Pereira
(conhecido como major Ronald); Marcus Vinicius Reis dos Santos (Fininho);
Manoel de Brito Batista (o Cabelo); Júlio Cesar Veloso Serra; Daniel Alves de
Souza; Laerte Silva de Lima; Gerardo Alves Mascarenhas (conhecido como Pirata);
Benedito Aurélio Ferreira Carvalho (o Aurélio); Jorge Alberto Moreth (Beto
Bomba), Fabiano Cordeiro Ferreira (Mágico) e Fábio Campelo Lima.
Apuração
O
MPRJ informou que “as relações estabelecidas entre os criminosos e a natureza
das funções desempenhadas por cada um deles na hierarquia da organização, tais
como segurança (ou braço armado), agente de cobrança de taxas, lavagem de
dinheiro (na figura de laranjas), agiotagem e forte atuação no ramo ilegal
imobiliário”.
A
denúncia indica que o Capitão Adriano, o Major Ronald e o tenente reformado da
PM Maurício Silva da Costa são os líderes da organização. Já Jorge Alberto
Moreth (o Beto Bomba) é presidente da Associação de Moradores de Rio das
Pedras, cargo que, segundo o MP, “foi conquistado a partir de ameaças e uso de
força, sendo exatamente nesta organização social onde se consolidam as
transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e a
manipulação de documentos necessários à concretização de operações ilícitas”.
Homicídios
As
informações divulgadas pelo Ministério Público sustentam que alguns dos
integrantes do grupo também respondem pelo homicídio de Júlio de Araújo, em 24
de setembro de 2015. Araújo foi executado a queima roupa com disparos de arma
de fogo desferido em sua cabeça, no que o MP acredita ter sido um crime de
queima de arquivo.
Na
denúncia, o MPRJ requer a condenação dos denunciados, incursos, com variações
conforme a atuação de cada um, em penas que vão desde acusações de promover,
constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,
organização criminosa, com pena de reclusão de três a oito anos, e multa; até
acusações de assassinatos.