Para o diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, a
eleição que houve fraude nas últimas eleições presidenciais; a tese foi
defendida em seminário promovido pelo PT em Belo Horizonte (MG), na última
sexta-feira (14); Marcos Coimbra defende que a esquerda não deve deixar o
assunto de lado, pois "se isso ocorrer, estará normalizada uma poderosa
distorção na democracia brasileira, fazendo com que as futuras eleições não
passem de rituais, com o final conhecido anteriormente"
Do Nocaute - O professor Marcos
Coimbra, do Instituto Vox Populi, não tem dúvida de que as últimas eleições
foram fraudadas. Coimbra participou, nesta sexta-feira, dia 14, do Seminário
Mídias Sociais e Comunicação Digital, organizado em Belo Horizonte, pelo PT MG
e pela Secretaria de Organização Nacional do Partido dos Trabalhadores. Também
participaram do evento o ex-ministro Franklin Martins e o coletivo Mídia Ninja.
Coimbra revela que a denúncia foi levada à presidente do STF, Rosa Weber.
A
ministra, de acordo com o seu relato, não deu atenção ao caso. De acordo com
interlocutores que apresentaram a denúncia, Weber não entendeu a dimensão da
ameaça à democracia ou se omitiu, alegando que a grande preocupação do STE era
com relação à confiabilidade nas urnas eletrônicas.
Marcos
Coimbra defende que a esquerda não deve deixar o assunto de lado, pois “se isso
ocorrer, estará normalizada uma poderosa distorção na democracia brasileira,
fazendo com que as futuras eleições não passem de rituais, com o final
conhecido anteriormente”.
É urgente,
para o professor, que o PT e o conjunto da esquerda façam uma autocrítica.
Entretanto, esclarece, não a autocrítica que a mídia, Globo à frente, cobra da
esquerda.
Para
ele o que deve ser feito é um balanço e erros e acertos, para indicar as
estratégias de atuação em um mundo que inegavelmente mudou.
Para
comprovar a sua afirmação, o pesquisador apresentou gráficos, que contêm os
resultados dos principais institutos de pesquisa do país.
O
comportamento das curvas, que representam a evolução da intenção de votos em
Jair Bolsonaro, indicam com bastante clareza uma súbita elevação da sua média
histórica, que oscilava entre 20% a 25% da preferência do eleitorado.
Segundo
os gráficos, a cerca de uma semana antes da realização do primeiro turno, os
números mudaram de uma maneira que foge do padrão histórico das movimentações
da opinião pública.
Haddad,
que vinha em um consistente movimento de crescimento, sofreu um baque e teve
sua trajetória interrompida.
Enquanto
isso, Bolsonaro iniciava um avanço atípico, em um padrão que nunca fora
registrado antes no histórico das pesquisas de opinião realizadas no Brasil.
O que
explica isso, para Marcos Coimbra, foi a ilegal utilização das redes sociais,
principalmente o WhatsApp, para disseminar mentiras e calunias contra Fernando
Haddad e o PT.
O
professor apresentou um exemplo da artificialidade desse movimento nas redes
sociais.
A
partir de dados que chegaram a ele, somente uma página da Internet, com
endereço no mesmo local onde funcionava o site Bolsonaro Presidente, disparou
em um só dia mais de 600 mil mensagens com informações falsas e caluniosas
contra Haddad, todas elas abordando a questão moral, como o kit gay, um suposto
estupro cometido pelo candidato, estímulo a jovens para se relacionarem com
outros do mesmo sexo e coisas nessa linha.
Coimbra
alerta que esta foi apenas uma das páginas envolvidas na operação de
desconstrução de Fernando Haddad.
De
acordo com dados que chegaram a ele, a operação foi em grande escala, “apenas
um dos contratos com empresas responsáveis por disparos em massa de WhatsApp,
que foram alvo da reportagem da Folha de S. Paulo, atingia R$ 12 milhões”.
Os
disparos não foram realizados ao acaso, informa o professor, “o alvo foi
preciso, pessoas de baixa renda da região sudeste, focalizando principalmente
no público evangélico”.
As
curvas dos gráficos da evolução da intenção de votos dos principais institutos
do Brasil sugerem uma grande possibilidade de que esta tese seja real.
O
professor revela que muitas outras empresas ou esquemas desconhecidos
envolvendo mercenários ou robôs estavam envolvidos na operação, o que “custa
muito dinheiro, não é barato”.
Ele vê
crimes eleitorais nesse episódio, destacando especialmente dois: o abuso do
poder econômico, com a doação de empresas, o que é proibido; e a disseminação
de calúnias e informações falsas.
Franklin Martins
O
ex-ministro da comunicação social do governo Lula ressaltou a importância das
novas mídias digitais.
Segundo
ele, as novas tecnologias digitais vieram para o bem e para o mal.
Se por
um lado, a Internet democratiza a comunicação e permite mais emissores no
ambiente da comunicação social, por outro lado, grandes empresas como o
Facebook ou o Twitter tem ampla capacidade de intervir no universo digital e
intervir na comunicação.
Franklin
adverte, no entanto, que a questão central é o conteúdo e a disputa pela agenda
do que a sociedade vai debater.
Ele
lembra que sempre que uma nova mídia surge, há mudança de paradigmas.
Quem
sai na frente na utilização das novas mídias leva vantagem;
“Franklin
Delano Roosevelt foi pioneiro no rádio, enquanto seus adversários tinham apoio
dos grandes jornais impressos; Kennedy soube utilizar o potencial da
recém-nascida TV, enquanto seu oponente, Nixon, ainda estava na era
radiofônica”.
Mas,
tanto Roosevelt, quanto Kennedy, introduziram novas agendas que sensibilizaram
o eleitorado.
O mesmo
ocorreu no Brasil. FHC foi eleito com a agenda do combate à inflação, lembra
Martins.
E
continua, “a agenda que levou Lula ao Planalto, na sua primeira eleição, foi a
inclusão social. Depois, ao longo do seu mandato Lula agregou o crescimento
econômico, que foi a plataforma que elegeu Dilma, na sua primeira eleição”.
Sem
condições de disputar no campo da agenda da inclusão e do crescimento, porque
não concorda com isso, a oposição tentou impor o seu tema clássico, que é a
corrupção, recorda Franklin.
Mas,
ele avalia que a reeleição de Lula e a primeira eleição de Dilma, revelaram que
a oposição estava perdendo a disputa pela agenda.
Inexplicavelmente,
logo que assumiu a presidência, Dilma assumiu a agenda do adversário e iniciou
uma cruzada de “limpeza”. Para o ex-ministro, a presidenta deixa de lado as
conquistas dos governos petistas e, de maneira que merece profundas análises,
passa a priorizar a agenda que interessava à oposição.
A
surpresa ainda é maior, porque Dilma faz a opção pela agenda da corrupção e
deixa em segundo plano a inclusão e o crescimento no momento que o país estava
em uma posição econômica invejável, com os fundamentos econômicos sólidos,
programas sociais consistentes e o menor desemprego da história, em torno de
4%.
Nas
últimas eleições, Franklin Martins reconhece que houve a fraude com uso da
internet, mas considera que “o PT não priorizou a luta pela imposição da sua
agenda, com isso houve espaço para o crescimento da agenda de quem não quer
debater a inclusão, a qualidade de vida da população e o crescimento com
distribuição de renda”.
A
extrema direita, sabendo que o seu verdadeiro programa seria fatalmente
derrotado, porque não interessa à maioria, conseguiu impor uma agenda que a
favorecia, o comportamento e os costumes.
Martins
observa que a agenda do comportamento também pavimentou o terreno para os
ataques e calúnias moralistas contra a figura do candidato Fernando Haddad.
Franklin,
conclui dizendo que a questão da internet é fundamental, como ocorre em todo
avanço tecnológico nas comunicações, o assunto tem que ser debatido e o meio
precisa ser priorizado pela esquerda, pelo seu potencial democratizante; mas o
que é decisivo, para a disputa política na sociedade é a agenda.