Governo
quer endurecer regra para médico que desistir do Mais Médicos
Com
a dificuldade em fixar brasileiros no Mais Médicos, o ministro da Saúde,
Gilberto Occhi, disse que a pasta avalia endurecer as regras para profissionais
que desistem de atuar no programa antes do prazo final do contrato.
Pela regra atual, médicos que ingressam no
Mais Médicos não precisam devolver o valor de passagens aéreas e ajuda de custo
para mudança caso fiquem no programa por seis meses. Hoje, esse auxílio
pode chegar a até três vezes o valor da bolsa paga ao médico, ou R$ 35,4
mil.
Com a mudança, a ideia é que o valor de auxílio
recebido tenha que ser devolvido de forma proporcional ao tempo em que o médico
esteve no programa.
O contrato
do Mais Médicos vale por três anos. Assim, caso o médico fique no programa
apenas por um ano e meio, por exemplo, terá que devolver 50%.
"O
médico, a depender da cidade onde vai, recebe uma ajuda de custo do Ministério
da Saúde, que é uma atratividade do programa. Ele terá que devolver esse
dinheiro caso desista e isso será de maneira proporcional, pro-rata. Se ficou
seis meses, tem que devolver tudo. Se ficou um ano, tem que devolver
proporcional", afirmou Occhi.
Segundo a
reportagem apurou, a possibilidade é discutida para ser aplicada já em um novo
edital que visa repor cerca de 2.000 vagas abertas no programa desde o início
deste ano. A medida também deve valer para novas chamadas no programa. Isso
porque, no edital atual, já lançado, ainda consta a regra anterior.
Na última
semana, a Folha de S.Paulo mostrou que metade dos brasileiros desiste do Mais
Médicos em menos de um ano e meio. Os dados, obtidos via Lei de
Acesso à Informação, são referentes ao período de 2013 a 2017.
Essa alta
rotatividade, porém, preocupa governo e especialistas. Um problema que tem sido
reforçado em dados de novo edital lançado pelo Ministério da Saúde para ocupar
8.517 vagas abertas após a saída de médicos cubanos.
Segundo a
pasta, ao menos 200 profissionais que haviam selecionado municípios para atuar
comunicaram que devem desistir das vagas. Com a medida, os postos voltaram a
ser ofertados novamente no sistema.
Até esta
quinta, 8.394 médicos inscritos no programa selecionaram municípios para atuar.
Deste total, 3.721 já haviam confirmado interesse nas vagas –o equivalente a
44%. O prazo final para que todos os médicos se apresentem aos municípios vai
até 14 de dezembro.
Já as
inscrições para as vagas restantes terminam às 23h59 desta sexta (7).
FORMADOS NO EXTERIOR
Segundo
Occhi, após o fim do período de inscrições para brasileiros, o governo
pretende divulgar um novo edital no dia 17 deste mês para profissionais
formados no exterior que desejam participar do Mais Médicos.
O edital
deve ser composto pelas vagas onde médicos inscritos não compareceram para
trabalhar ou onde não houve interessados em atuar. Até essa quinta, 123
vagas ainda estavam disponíveis, a maioria delas em cidades com 20% ou mais da
população em extrema pobreza e distritos sanitários indígenas.
"Esperamos
que até amanhã essas últimas 123 vagas sejam ocupadas por médicos com CRM.
Depois disso, o médico tem até dia 14 de dezembro para se apresentar e caso não
apresente, na segunda, dia 17, estaremos publicando novo edital, abrindo para
brasileiros formados no exterior e estrangeiros formados no exterior",
afirmou Occhi.
Segundo ele, o novo edital indica um "plano B". Caso isso não seja
suficiente, diz, a pasta analisa outras medidas, conforme mostrou a Folha de
S.Paulo na última semana. A primeira, de curto prazo, seria permitir que
médicos recém-formados com dívidas do Fies ganhem desconto em parte do valor
caso atuem nas unidades de saúde. Outra, de médio e longo prazo, é a
adoção de um modelo de serviço civil obrigatório.
De acordo
com Occhi, a proposta foi levada ao Ministério da Educação. A medida, porém,
valeria para todas as profissões. Segundo a reportagem apurou, a ideia é que a
proposta valha apenas para novos ingressantes.
REVALIDA
Em outra
frente, o governo também discute mudanças no Revalida, prova de revalidação do
diploma de medicina para formados no exterior. A medida ocorre diante da
intenção, manifestada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), de que
o exame passe a ser cobrado no Mais Médicos já no próximo ano.
Atualmente,
o exame é composto de duas fases: uma prova teórica e uma prática. Segundo
Occhi, a ideia, avaliada em conjunto pelos ministério da Saúde e
Educação, é publicar uma nova regra para possibilitar que
médicos aprovados na primeira fase não precisem repeti-la em nova edição do
exame caso não sejam aprovados na segunda.
"O que
estamos encaminhando é que a prova escrita possa ter uma validade de mais
tempo. Se passou na prova escrita, fica garantido nos próximos dois anos
para a prova prática", diz. Com informações da Folhapress.
Fonte: Notícias ao Minuto