"O ex-ministro Antonio Palocci prestou um depoimento,
hoje, que mostra porque nem o Ministério Público quis firmar com ele acordo de
delação premiada. Já nem se trata de haver verdades ou provas no que diz, nem
lógica há", avalia o jornalista Fernando Brito; "Mas uma coisa não se
diga: Palocci pode ser mentiroso, mas caloteiro não é. Está pagando depressa a
liberdade que lhe concederam como prêmio pelos serviços prestados à perseguição
policial a Lula"
Por Fernando Brito, do Tijolaço -O ex-ministro Antonio
Palocci prestou um depoimento, hoje, que
mostra porque nem o Ministério Público quis firmar com ele acordo de delação
premiada.
Já nem se
trata de haver verdades ou provas no que diz, nem lógica há.
Disse que
foi procurado “entre 2013 e 2014” por Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente
para conseguir patrocínios para eventos esportivos que promovia e que, em
seguida, foi conversar com Lula sobre o assunto.
E que Lula
teria dito que não se preocupasse porque ele teria acertado este patrocínio com
montadoras de veículos, em troca de medidas provisórias.
A primeira
incongruência: Se Lula tivesse acertado o patrocínio, porque Luís Cláudio iria
pedir patrocínio a Palocci?
E que razão
faria Lula mencionar na conversa com o ex-ministro um “acerto” com Palocci,
feito sem a participação dele, quando já havia deixado a pasta da Fazenda e,
portanto, não tinha poder para participar de uma medida de natureza fiscal?
Para que
“botar na roda” um assunto destes, ainda mais com alguém que não teria papel
algum a desempenhar?
Mais:
as medidas provisórias mencionadas não criavam nenhum benefício fiscal a
montadoras de veículos que se instalassem no Norte, Nordeste e Centro Oeste,
apenas prorrogavam as vantagens criadas por Fernando Henrique Cardoso. Será que
saindo de uma crise mundial (2009) e já ensaiando uma situação de crise
nacional (2013) algum governo de bom-senso criaria embaraços à instalação de
montadoras de veículos?
O proveito
da prorrogação das isenções e diferimentos tributários era tão evidente em 2009
que a MP foi convertida em lei abaixo até dos aplausos da oposição.
Palocci, é
claro, de novo não apresenta prova alguma do que diz. Quase todas as conversas
que relata com Lula teriam sido a sós, a dois, sem qualquer outro participante.
Mas uma
coisa não se diga: Palocci pode ser mentiroso, mas caloteiro não é. Está
pagando depressa a liberdade que lhe concederam como prêmio pelos serviços
prestados à perseguição policial a Lula.