Lula Marques |
O ex-ministro José Dirceu afirmou que o governo do presidente
eleito, Jair Bolsonaro (PSL), terá base popular e tempo pela frente; ao
discursar para o público que foi ao lançamento de seu livro de memórias, o
ex-ministro disse que Bolsonaro avançou sobre a base da qual o PT se afastou
durante seus quatro mandatos; Dirceu ainda disse que o desempenho de Fernando
Haddad foi heroico, mas que ainda assim "querem nos impor medo"; ele
emenda: "se fosse por medo não teríamos derrotado a ditadura"; ele
defendeu um programa mínimo da oposição a Bolsonaro
247 - O
ex-ministro José Dirceu afirmou que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro
(PSL), terá base popular e tempo pela frente. Ao discursar para o público que
foi ao lançamento de seu livro de memórias, o ex-ministro disse que Bolsonaro
avançou sobre a base da qual o PT se afastou durante seus quatro mandatos.
Dirceu ainda disse que o desempenho de Fernando Haddad foi heroico, mas que
ainda assim "querem nos impor medo". Ele emenda: "se fosse por
medo não teríamos derrotado a ditadura". "Tenho certeza que nós vamos deter essa ofensiva contra o país",
afirmou Dirceu. "Escrevi para fazer o que precisamos fazer agora:
relembrar a história para aprender com ela, e assim enfrentar o momento que
estamos vivendo", disse.
Dirceu criticou políticas que o
futuro governo de Jair Bolsonaro pretende aplicar, como a reforma da
previdência e a criminalização de movimentos sociais, mas ressaltou a
capacidade de mobilização dos brasileiros. "Ao contrário de 1964, o Brasil
hoje é outro. As forças democráticas saíram do golpe de 2016 e da derrota
eleitoral de 2018 com grande força e consciência democrática" -registou Brasil de Fato.
Ele
falou da necessidade de defender a soberania nacional e a democracia, mas
apontou a necessidade da esquerda retomar os trabalhos de base. Dirceu lembrou
também a prisão política de Lula e defendeu que seja retomada a campanha pela
anulação da condenação do ex-presidente.
"Não
adianta pensar que vai se resolver a curto prazo, é uma luta de médio ou longo
prazo. O que nos faltou foi a força popular, além da força eleitoral",
disse. Dirceu reforçou que o governo Bolsonaro tem base social. "O nosso
papel é construir uma alternativa a esse força política social que nos derrotou
e que está enraizada na base popular".
Para
ele, as forças de esquerda precisam retomar a relação com os pobres do país:
"ao fazer uma análise do cenário político, Dirceu perguntou onde o PT
estava quando o filho de uma mulher pobre chegava em casa sob efeito de drogas
ou em momentos igualmente trágicos na vida do brasileiro", escreveu a Folha de S.Paulo.
Ele
disse: "em 13 anos e meio [de vida institucional], nos afastamos do dia a
dia do povo".
Sobre
as fake news, o ex-ministro comentou, em tom crítico a este afastamento:
"elas só chegaram lá [no eleitor] porque não estávamos lá onde elas
chegaram', reconheceu.
Dirceu
lembrou que o discurso anti-corrupção "deu suporte a momentos históricos,
como o golpe de 64, o suicídio de Getúlio Vargas e a eleição de Fernando Collor
de Mello. E que o PT precisa se defender, lembrando que são raros os casos de
petistas que enriqueceram na política".
Sobre
como a oposição deve se comportar, ele disse: "quer fazer um bloco, faça.
Não quer fazer uma frente, não faça. Agora, vamos ter um programa mínimo.
Suponho que esse programa mínimo é oposição ao governo, defesa da democracia,
da soberania nacional e de reformas políticas, estruturais, sociais e
econômicas que levem à distribuição de renda, da riqueza e do poder cultural e
formação nesse país", afirmou".
Se
você quiser, pode assistir a íntegra da palestra de José Dirceu, transmitida
pelos Jornalistas Livres, clicando aqui.