domingo, 11 de novembro de 2018

PT lista estragos causados por Bolsonaro em apenas 10 dias


Metralhadora verbal, ‘caneladas’ e ministério corrupto frustram os brasileiros e prejudicam a imagem do país no Exterior

Agência PT – Jair Bolsonaro só vai receber a faixa em janeiro, mas o movimento de transição já provoca alguns prejuízos ao país. Eleito sem participar de nenhum debate, ele parece desorientado e passa longe da promessa de governar para todos.
A metralhadora verbal, o disse-me-disse e a guerra de versões aumenta o clima de desconfiança sobre sua capacidade de governar. Mesmo que não se concretizem, essas ‘canetadas’ frustram eleitores (já são vários os arrependidos), atrapalham negócios e prejudicam a imagem do Brasil lá fora.
A conta do ‘cheque em branco’ já chegou.
Trabalho
Bolsonaro confirmou nesta quarta (7) que vai extinguir o Ministério do Trabalho. A pasta criada há 88 anos, segundo ele, será incorporada a pasta em “algum ministério” – logo quando o Brasil tem 13,5 milhões de desempregados. Ele também mostrou disposição em falsear os dados do IBGE.
O Ministério já tem tarefas demais: fiscalização, estatística, registro profissional, FGTS… Difícil acreditar que haverá empenho de um outro ministério para, por exemplo, combater o trabalho escravo.
Bolsonaro chamou de “farsa” a metodologia do IBGE para calcular o desemprego.
Os profissionais do IBGE reagiram à ignorância. O caso também chamou atenção da Organização Internacional do Trabalho, ligada à ONU.
(In)Justiça e corrupção
A dobradinha BolsoMoro teve péssima repercussão e jogou a pá de cal no que restava de credibilidade do juiz que – finalmente – tirou a toga para fazer política. Já aos amigos do novo governo, tudo deve continuar como antes.
A imprensa estrangeira aponta que Moro ‘pavimentou o caminho’ para a vitória de Bolsonaro e vê ‘grandes riscos’ na escolha.
Em sua primeira coletiva, ele minimizou a corrupção de Onyx Lorenzoni, dizendo que ele “pediu desculpas” pelo caixa 2.
Também ignorou as investigações contra Paulo Guedes, afirmando que ele é “extremamente correto”
Grande propagandista das 10 Medidas contra a Corrupção, Moro agora diz algumas ideias do pacote “já não têm razão de ser”.
A promessas de governar “sem indicações políticas” também já faz água. Vários dos escolhidos de Bolsonaro para a transição são velhas raposas enlameadas em denúncias de crimes. O mesmo vale para os novatos.
Há negociatas para manter Temer no governo, garantindo foro privilegiado ao golpista. Bolsonaro diz que “muita coisa” da gestão golpista será mantida.
A equipe de transição tem Julian Lemos, condenado por estelionato e acusado 3 vezes na Maria da Penha.
O astronauta Marcos Pontes, que vai chefiar o Ministério de Ciência e Tecnologia, usou a ida ao espaço para lucrar.
Pauderney Avelino (DEM-AM), condenado a devolver R$ 4,6 milhões em propina, virou grande amigo de Bolsonaro.
Economia e Previdência
Paulo Guedes quer adotar o regime de capitalização – que levou ao suicídio de milhares de idosos no Chile. Por lá, só metade dos aposentados recebe algum dinheiro na velhice.
Além disso, o tema é motivo de bate-cabeça entre ele e Bolsonaro. E marca a primeira rachadura na relação do futuro presidente com o Congresso.
Bolsonaro diz que ainda não está “convencido” de que esse é o melhor modelo.
O preocupa o mercado financeiro que comprou no verniz “liberal” da campanha.
De outro lado, pressionam que os deputados votem logo a Reforma da Previdência proposta por Temer.
Guedes prometeu uma “prensa” no Congresso pela aprovação antes da posse. Ele contornou dizendo que era só “convencimento”.
Liberdade de Imprensa
Ao contrário do que previam os mais otimistas, Bolsonaro não baixou o tom depois da eleição – nem com a imprensa. Um de seus alvos preferidos são veículos como a Folha de S.Paulo, que revelou a indústria de mentiras bancada por caixa 2 no WhatsApp.
Na primeira entrevista como presidente eleito ao Jornal Nacional, ele ameaçou abertamente a Folha de corte de verba
Em mais de três ocasiões, a equipe dele VETOU o acesso de alguns jornalistas a coletivas e eventos.
Um cinegrafista da TV Globo foi censurado e chegou a ser fichado pela Polícia Federal.
Não é assim com todo mundo. As aparições de Bolsonaro na Band, na Record e no SBT têm clima de torcida.
Silvio Santos até botou no ar uma campanha com o slogan mais famoso da ditadura.
A Universal usou sua máquina para exaltar Bolsonaro e atacar Fernando Haddad; a ordem rendeu denúncias e pedidos de demissão.
Na Band, houve várias entrevistas “bate bola” entre o então candidato e o apresentador Datena, quebrando a regra da isonomia de espaços em concessões públicas durante as eleições.
Relações exteriores
Questionado pelo jornal argentino Clarín, Paulo Guedes foi grosseiro ao dizer que o Mercosul “não era prioridade”. A declaração já prejudica o país, uma vez que bloco é essencial para a economia brasileira e as relações no continente.
A ‘canelada’ preocupou até países da União Europeia.
Sem a Argentina, o Brasil fica sem seu principal comprador de carros. Neste ano, o número deve chegar a 800 mil.
Outro país alvo de declarações desastrosas e ameaças por parte de Bolsonaro é a China.
A grande preocupação é que rompa os acordos do Brasil com o país, maior parceiro comercial do Brasil.
A China fez duro alerta: se ele insistir no estilo Trump, a economia brasileira sairá perdendo.
Noutra prova de incompetência diplomática está o plano de mudar a embaixada brasileira em Israel para a cidade de Jerusalém, alvo de disputa entre israelenses e palestinos.
Ele alardeou a provocação nas redes sociais… mas recuou quando o mundo árabe reagiu. As consequências foram nefastas.
Como resposta, o Egito adiou uma reunião com Aloysio Nunes no país. Não há previsão de remarcar.
Vinte empresários que já estavam por lá voltaram de mãos abanando.
O Egito é um dos grandes compradores de carne e frango do Brasil. Só no ano passado, esse comércio rendeu US$3,2 bilhões ao país.
Já a relação comercial com Israel é bem menos expressiva: 500 milhões de dólares.
Agricultura e Meio Ambiente
Logo após as eleições, Bolsonaro confirmou as promessas de fundir o Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente (MMA). Ele voltou atrás depois de uma saraivada de críticas, até mesmo dos ruralistas.
O motivo? Respeitar o meio ambiente é exigência de muitos clientes internacionais do país.
Até Blairo Maggi, ex-ministro da Agricultura e maior produtor de soja do mundo, pressionou para que o novo governo desista da ideia.
Além disso, a maior parte do trabalho do MMA envolve regulação em energia, indústria e infraestrutura.
O Ministério da Agricultura será chefiado por Tereza Cristina (DEM-MS), chefe da bancada ruralista no Congresso. Além da “velha política”, a nomeação representa o desprezo do governo Bolsonaro com a saúde do povo e o meio ambiente.
Em 2014, a campanha dela recebeu mais de R$ 4 milhões de empresas e figurões ligados ao agronegócio.
Como deputada,  votou SIM à "MP da Grilagem" e para acabar com o aviso nos alimentos transgênicos.
Ministra, ela já afirmou que dará “muito espaço” ao afrouxamento das leis anti-veneno.
E disseram que Bolsonaro ia acabar com a corrupção e salvar o Brasil…


Em 16 anos na Câmara, Onyx aprovou dois projetos


Ao longo de 16 anos como parlamentar, Lorenzoni não conseguiu aprovar nenhum projeto de sua autoria própria. Seu nome aparece como coautor de duas propostas que conseguiram ser aprovadas pela Câmara e Senado, sendo uma, assinada ao lado de oito colegas, sobre os repasses do fundo partidário proporcionais ao tamanho das bancadas eleitas, e outra, assinada por 63 colegas, cria o Vale Cultura
247 - O deputado Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro, tem uma atuação pífia em relação à aprovação de projetos de lei na Câmara. 
Ao longo de 16 anos como parlamentar, Lorenzoni não conseguiu aprovar nenhum projeto de sua autoria própria. Seu nome aparece como coautor de duas propostas que conseguiram ser aprovadas pela Câmara e Senado, sendo uma, assinada ao lado de oito colegas, sobre os repasses do fundo partidário proporcionais ao tamanho das bancadas eleitas, e outra, assinada por 63 colegas, cria o Vale Cultura.


Villas Bôas diz que situação poderia sair do controle com Lula Livre

Em entrevista ao jornalista Igor Gielow, o general Villas Bôas, chefe das Forças Armadas, falou pela primeira vez sobre sua manifestação na ocasião em que o Supremo Tribunal Federal manteve a prisão em segunda instância e selou o destino do ex-presidente Lula. "Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera do votação no Supremo da questão do Lula", disse ele. "Sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse", afirma. Villas Bôas se manifestou no dia 3 de abril e Lula foi preso no dia 7
247 – Em entrevista ao jornalista Igor Gielow, o general Villas Boas, chefe das Forças Armadas, falou pela primeira vez sobre sua manifestação na véspera do dia em que o Supremo Tribunal Federal manteve a prisão em segunda instância e selou o destino do ex-presidente Lula, preso há sete meses por um processo amplamente questionado por juristas do Brasil e do mundo.
"Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera do votação no Supremo da questão do Lula. Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota", disse ele. 
Sobre as críticas recebidas, ele as relativizou. "Do pessoal de sempre, mas a relação custo-benefício foi positiva. Alguns me acusaram... de os militares estarem interferindo numa área que não lhes dizia respeito. Mas aí temos a preocupação com a estabilidade, porque o agravamento da situação depois cai no nosso colo. É melhor prevenir do que remediar", afirmou.
Villas Bôas disse ainda que a eleição de Jair Bolsonaro não representa a volta dos militares ao poder. "A imagem dele como militar vem de fora. Ele é muito mais um político. Estamos tratando com muito cuidado essa interpretação de que a eleição dele representa uma volta dos militares ao poder. Absolutamente não é", afirmou.
Relembre abaixo o tweet de Villas Bôas, do dia 3 de abril deste ano (Lula foi preso no dia 7 de abril, pouco depois do julgamento do STF):

 

Na primeira partida da final da Terceira Divisão, Nacional vence o Apucarana Sports


O Nacional, de Rolândia, venceu o Apucarana Sports por 1 a 0 neste sábado (10) à noite no Estádio Municipal Olímpio Barreto, em Apucarana, pela primeira partida da final do Campeonato Paranaense da Terceira Divisão de 2018. Os dois times já estão garantidos para Segunda Divisão do ano que vem. No próximo domingo, às 16 horas, em Rolândia, ocorre o jogo de volta da decisão. O Nacional joga com a vantagem do empate para ficar com o título. Foi a primeira derrota do Apucarana na competição. 
O gol do time de Rolândia foi marcado pelo zagueiro Carlão, de cabeça, aos 22 minutos do primeiro tempo. Ainda na etapa inicial, nos acréscimos, o volante Lucas, do Apucarana, que já tinha cartão amarelo, foi expulso pelo árbitro Ricardo de Lima Legnani. Mesmo com um jogador a menos na etapa final, o Apucarana criou chances de gol, mas não conseguiu igualar o marcador. Legnani foi auxiliado por Adair Carlos  Mondini e Arestides Pereira da Silva Júnior. 
A renda somou R$ 13.930,00 para um público pagante de 1.754. O público total foi de 2.054. O Apucarana perdeu com Pablo; Romário, Douglas, Anderson Penna e Mateus Issa (Vinícius Testa); Lucas, Rico, Rafael e Celinho (Vidal); Salatiel e Diego Paulista (Vitinho). Técnico: Vavilson dos Santos. O Nacional venceu com Nilton; Aldry (Rhuan), Carlão, Renan e Jackson (Peu); Leandro, Carlinhos, Lucas Matheus (Válber) e Alex Ricardo; Adailton Bravo e Matheus Paraná. Técnico: Índio Ferreira.
Fonte: TN Online

Apucarana mantém cinco frentes de pavimentação


O prefeito Beto Preto lembra ainda que já estão licitadas e com ordens de serviço assinadas outras quatro pequenas obras, que somam mais cerca de R$ 300 mil
(Foto: Profeta)
Através das empreiteiras contratadas por meio de processo licitatório, a Prefeitura de Apucarana mantém atualmente cinco frentes de pavimentação. As obras, que estão em diversos estágios e atendem várias regiões da cidade, somam R$ 2 milhões e 688 mil reais.
O prefeito Beto Preto lembra ainda que já estão licitadas e com ordens de serviço assinadas outras quatro pequenas obras, que somam mais cerca de R$ 300 mil. “Estamos fazendo um grande esforço, seja com recursos próprios ou fruto de convênios com o governo federal para levar o asfalto onde ele não existe, resgatando essa dívida que a administração pública municipal tem com a população”, ressalta.
Um dos casos mais emblemáticos, conforme Beto Preto, é o Jardim Novo Horizonte onde a Prefeitura está executando a terceira etapa de pavimentação. “Quando assumimos o primeiro mandato, em 2013, nenhuma rua do bairro era asfaltada. Em gestões anteriores, chegaram a dizer para os moradores que não havia condições técnicas para realizar a obra, devido ao declive e à grande quantidade de água que descia pelas ruas quando chovia. Paulatinamente, estamos levando o asfalto que chegará a 100% do bairro”, ressalta.
Beto Preto também destaca o trabalho desenvolvido nos parques industriais, facilitando o acesso e escoamento da produção. “Já asfaltamos diversos trechos atendendo reivindicação de empresários. Atualmente, uma frente de trabalho está fazendo a pavimentação e drenagem do Parque Industrial da Juruba. A obra deverá ser finalizada até o final do ano, permitindo a utilização dos primeiros lotes industriais”, frisa.
Outra obra citada pelo prefeito é a ligação do Jardim Araucária com o Jardim Ponta Grossa. A nova via está sendo executada nas proximidades da Rua Ricardo Belezi (Araucária) até a Rua Rafael Sorpile (Ponta Grossa), em área de 2.200 metros quadrados de pavimento. “Foi necessário fazer o nivelamento com cerca 300 caminhões de terra e a instalação de um bueiro metálico de 1,5 metro de diâmetro. São soluções de engenharia que a nossa equipe busca para viabilizar as obras, fazendo o correto direcionamento da água das chuvas e de nascentes”, pontua Beto Preto.
O engenheiro Herivelto Moreno, secretário municipal de Obras, afirma que as frentes estão em diversos estágios de execução. “Algumas estão na fase inicial, outras com 35, 40 ou 60% do cronograma já executados. Todas elas, tanto as que estão em andamento e também as que já foram licitadas e autorizadas, deverão estar concluídas até do final fevereiro”, projeta o secretário.
OBRA VALOR (R$) ÁREA (m2) EXECUÇÃO
Ligação Jd Araucária/Jd Ponta Grossa 252 mil 2.200 fase final
Parque Industrial da Juruba 535 mil 7.300 60%
Rua São Tomé (N.H. Dom Romeu Alberti) 230 mil 2.500 20%
Jardim Novo Horizonte (3ª etapa) 937 mil 9.027 35%
Rua Letério Livoti (Lot. Belvedere) 734 mil 6.200 40%
Ruas Zulmira e José Garcia Peres (Vila Reis) 94 mil 1.800 licitada e autorizada
Ligação ruas Iguaçu e
Rio do Peixe (N.H. Osmar Guaraci Freire) 46 mil 850 licitada e autorizada
Rua Adelson Alves Ribeiro (Lot. Por do Sol) 116 mil licitada e autorizada
Rua Cesar Beletati (Distrito Pirapó) 39 mil licitada e autoriza
da
INVESTIMENTO: R$ 2 milhões e 983 mil


sábado, 10 de novembro de 2018

Sentença anunciada: Substituta de Moro dá demonstração de que tem pressa para condenar Lula. Por Joaquim de Carvalho


No processo sobre o sítio de Atibaia, os depoimentos tomados esta semana pela juíza Gabriela Hardt, substituto de Sergio Moro, foram favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas quem espera que esses depoimentos resultem na absolvição do ex-presidente deve se decepcionar. Gabriela Hardt já deixou entrever o que pensa sobre o caso e, assim como Moro, tem pressa para sentenciar.
Na audiência em que ouviu dois controladores da Odebrecht e um ex-diretor de relações  institucionais, Gabriela pediu aos advogados e ao Ministério Público Federal que acelerem os procedimentos finais do processo.
Um dos casos herdados por Gabriela é o da reforma do sítio de Atibaia, que Lula frequentava desde janeiro de 2011, quando deixou a presidência da república.
Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, que era o diretor de relações institucionais, contou como a Odebrecht foi acionada para fazer a reforma, e o seu relato, dado na condição de delator, isenta Lula de responsabilidade.
“No dia 9 de dezembro de 2010, eu fui a Brasília para um evento do PAC. Era um balanço do presidente sobre o PAC, Eu lembro que quem fez a apresentação foi a senhora Miriam Belchior. Estando em Brasília, eu soube que o senhor Emílio estaria com o presidente à tarde. E o senhor Emílio tinha ido com o seu avião. E ele me disse: Alexandrino, se você vai ficar em Brasília, volta comigo de avião. Eu falei: “Ótimo. Muito melhor. Eu ia fica perto do Emílio e a gente ia ficar conversando. De manhã, eu estive no Palácio do Planalto. De tarde, eu disse: vou encontrar com o Emílio e o Emílio vai estar lá com o presidente. E fiz o que fazia regularmente. Procurei o gabinete do chefe de gabinete Gilberto Carvalho, que ia falar com o Emílio. No gabinete, me levaram para a antessala do presidente. E chego lá e está a dona Marisa. Dona Marisa Letícia está lá, na antessala, e, conversando com ela, ela me disse: Alexandrino, estou precisando de um favor da Odebrecht. Eu perguntei: O que é, dona Marisa? E ela disse: estou fazendo uma reforma no sítio e estou tendo dificuldade na reforma. Quem está fazendo a reforma é o grupo do Bumlai, do José Carlos Bumlai, mas eles estão com o cronograma muito atrasado e eu preciso terminar porque estamos no dia 9 de dezembro, o mandato termina no dia 31 e é para ele usufruir do sítio. E aí ela me comentou: É um sítio em Atibaia e eu me admirei com isso. Eu conhecia o presidente e sabia que ele tinha um sítio lá em Riacho Grande, em São Bernardo. E ela me disse: Não, é um outro sítio que se tem. E logo em seguida em soube que era do Fernando Bittar. Nem me falaram Fernando Bittar, me falaram do filho do Jacó Bittar, que é muito amigo do presidente Lula. E ela me fez o pedido. Só que ela me disse o seguinte: Mas… tem uma coisa: se trata de uma surpresa. O presidente não está sabendo disso. Eu falei: Ok. Mas ela me disse: precisa terminar em dezembro.
Alexandrinho teria dito a Marisa: preciso primeiro ter autorização para isso e depois ver o que é possível fazer.
Logo depois, Emílio deixou a audiência com Lula e ambos foram para o aeroporto. O destino era São Paulo. Um dos assuntos tratados foi a reforma do sítio.
“Emílio, você viu que eu estava conversando com a dona Marisa e ela me pediu o favor de terminar uma reforma em um sítio de Atibaia. Só que é surpresa para o ex-presidente e, pelo que soube, é do filho do Jacó Bittar.
E ele me autorizou a fazer.
Ouvido na mesma quarta-feira, também na condição de delator, Emílio Odebrecht deu a mesma versão. E ele não estava presente quando Alexandrino prestou o seu depoimento.
“O que eu fiz foi aprovar (a reforma), quando o Alexandrino me trouxe o assunto a pedido da dona Marisa”, afirmou. A juíza quis detalhes:
— O pedido não foi feito ao senhor, foi feito ao Alexandrino.
Emílio respondeu: “Foi feito ao Alexandrino. Foi quem me trouxe. Dona Marisa fez esse pedido a ele, ele me veio e eu aprovei. Se eu não tivesse aprovado, hoje nós não estaríamos aqui sentados tratando desse assunto”.
Gabriela Hardt pergunta:
— E o senhor aprovou com alguma condicionante?
Emílio explica que quis saber o valor — ficaria entre 400 e 500 mil reais, no orçamento inicial. E pediu apenas que tudo fosse feito de maneira discreta, sem colocação de placas ou uso de uniformes por parte de funcionários. O objetivo era não “constranger ninguém”.
A magistrada quis saber se era uma troca, a retribuição por um favor e deixa, pela primeira vez, transparecer juízo de valor. “Pode não parecer um valor alto para a Odebrecht, mas é um valor considerável.”
Emílio explica, então, o que o motivou a aceitar — ele não disse, mas é certamente o mesmo motivo que o levou a financiar o instituto de Fernando Henrique Cardoso.
“Na época, era uma relação que completava mais de 20 anos — ele se tornou próximo de Lula antes que este se elegesse presidente.
“Os intangíveis que o presidente Lula sempre teve com a minha pessoa, naturalmente com a organização, de eu poder ter a oportunidade de dialogar com ele, de influenciar sobre aquilo que nós achávamos que era importante para o Brasil”, disse.
Intangível é o que não se pode valorar e, sem usar essa expressão, Emílio conta o que representou o governo Lula para a definição de diretrizes da Odebrecht. Não foi um toma lá, dá cá. Era muito mais do que isso. Emílio citou duas situações específicas: a primeira é o planejamento estratégico da empresa no desenvolvimento da indústria petroquímica.
Desde o governo Collor, com as privatizações, a Odebrecht investiu pesado nesse setor e acabou criando uma das maiores empresas petroquímicas do mundo, a Brasken.
Foi um crescimento tão grande que incomodou uma gigante na área, a multinacional Dow Chemical. Segundo Emílio, desde o plano de governo para a eleição em 2002, Lula definiu como estratégico para o país o fortalecimento do setor privado na indústria petroquímica, mas não foi sempre assim no governo.
A Petrobras, fornecedora de nafta, matéria prima da indústria, fez movimentos para reestatizar a petroquímica e Lula, fazendo valer o plano de governo, cobrou dos dirigentes da Petrobras que não fizesse da petroquímica o foco de sua atuação.
Lula queria a Petrobras concentrada na busca de novas áreas para exploração do petróleo e foi essa diretriz que levou ao pré-sal, com a descoberta da maior reserva do século XXI.
Emílio não toca na questão do pré-sal, mas seu relato dá conta de que não pediu favor: apenas a definição se deveria continuar investindo ou se deveria sair do setor. Lula deu o comando, e a Brasken ampliou suas atividades.
Era uma política de governo, coerente com a diretriz geral do que foi o governo Lula: o fortalecimento de empresas nacionais, para conquista de mercados em todo o mundo.
Não foi apenas a Odebrecht que se beneficiou dessa visão estratégica. A JBS também embarcou nessa onda, no mercado de carnes, assim como a Embraer, no setor de aviação, e outras empresas menores.
“Várias autoridades visitavam o Brasil, e ele também ia para alguns países em que nós operávamos. Então, eu sempre pedi a ele: reforça as empresas brasileiras. Se aumentar a imagem das nossas empresas, isso vai facilitar nossos programas nesses países”, contou.
Quem faz uma interpretação vulgar desse tipo de atuação presidencial — imaginando que a reforma de um sítio é o preço que um empresário paga por uma política de governo — desconhece como as grandes nações se desenvolvem.
Na década de 70, por exemplo, quando era governador da Geórgia, Jimmy Carter veio a São Paulo a bordo de um avião da Boeing, empresa com sede em Atlanta, apenas com o objetivo de vender aeronaves ao Brasil. Este é apenas um exemplo, mas existem muitos outros.
Em seu livro de memórias, Fernando Henrique trata Emílio Odebrecht como um interlocutor privilegiado.
“Falei longamente com Emílio Odebrecht sobre a Petrobras. Ele conhece bem. Ele trabalha na petroquímica e tem certa visão do Brasil, não é simplesmente um ganhador de dinheiro”, afirma Fernando Henrique, a respeito de um encontro em março de 1997.
Na sala de audiência de Gabriela Hardt — na condição de delator, nunca é demais lembrar —, Emílio destaca o papel de Lula como presidente.
“É um ativo intangível que não tem preço. Como eu disse a Alexandrino, você me trazer isso, mesmo que eu quisesse negar, eu não tenho como negar, por todos esses ativos intangíveis de mais 20 anos de convívio com o presidente”, explicou.
Gabriela parecia não entender o que ouvia, comportamento que já antecipa a posição que tem sobre o caso do sítio.
Em seguida, a juíza fez uma pergunta que, ao mesmo tempo em que antecipa juízo, desconsidera o que dizia Emílio.
“Pessoalmente ao presidente, esta foi a única retribuição?”
Emílio e Alexandino tinham deixado claro que Lula não havia pedido pela reforma, atitude que descaracteriza qualquer conduta criminosa. Mas a juíza insistia.
Emílio explica:
“Eu diria que, pessoalmente, ele nunca me pediu nada, não me pediu nada”.
Ouve-se uma manifestação de impaciência da juíza:
“Hum-hum, hum-hum”.
“Esse pedido foi feito pela dona Marisa ao Alexandrino, e o Alexandrino me trouxe”.
A magistrada parecia estar num debate:
“E ela tinha essa liberdade de pedir ao senhor uma reforma de um valor considerável, também por conhecimento que tinha dessa relação?”
Emílio tinha acabado de dizer que o pedido foi feito ao Alexandrino. E o que é valor considerável? 500 mil reais para o presidente que teve sob seu controle o orçamento público daquela que, em seu governo se tornou a sexta maior economia do mundo?
Mais tarde, na sua vez de fazer perguntas, o advogado de defesa perguntou a Emílio se a relação com Lula era igual a que teve com outros presidentes.
Emílio conta que teve interlocução com todos os presidentes, exceto com Itamar Franco, mas destacou que o diálogo era mais fluente com três: Lula, Fernando Henrique Cardoso e o general Ernesto Geisel.
Por que eram corruptos?
Não, Emílio quis dizer que as conversas tinham maior profundidade, porque eram “diferenciados”.
Como quem busca as palavras precisas, acrescenta:
“As escolhas estavam muito acima dos interesses individuais. Isso  predominava nesses três”, disse, para em seguida acrescentar que conheceu Lula através de Mário Covas, muito tempo antes do ex-sindicalista se tornar presidente, e a primeira lição que teve com ele foi a realidade do movimento sindical, conhecimento necessário para enfrentar questões desse tipo no âmbito de sua empresa.
Marcelo Odebrecht, também ouvido separadamente pela juíza, confirmou o relato factual do pai no que diz respeito à reforma do sítio: o pedido foi feito por dona Marisa a Alexandrino, que o transmitiu a Emílio.
Marcelo é, dentre os três, o que mais tempo passou na prisão (Emílio não foi preso) e, indo além do relato, fez interpretações que poderiam, em tese, comprometer Lula. “Tenho para mim que ele sabia do pedido da reforma”.
É a opinião dele, sem valor jurídico, mas importante para entender no que se transformou a Lava Jato: pessoas destroçadas por prisões preventivas prolongadas se empenham para entregar a autoridades o que elas querem ouvir.
Marcelo, ao contrário do pai, se tornou uma triste figura.
Nada do que disseram os três, no entanto, servirá para mudar o destino de Lula: condenado sem provas no processo do triplex, deve amargar mais duas condenações pela caneta de Gabriela Hardt.
A juíza já mandou colocar sobre sua mesa (metaforicamente) o processo sobre o terreno do instituto Lula e o aluguel do apartamento vizinho ao do ex-presidente em São Bernardo. Chamou para conclusão e deve sentenciar.
No que diz respeito ao processo do sítio de Atibaia, pediu aos advogados que, no dia do depoimento de Lula, marcado para 14 de novembro, próxima quarta-feira, os advogados já apresentem as demandas finais do processo.
É um indicativo de que tem pressa e, no limite, pode ser interpretado até como uma violação do amplo direito de defesa. Nada que Moro não tenha feito antes.
Gabriela tem muito perto dela opinião definitiva sobre Lula
Assim como Moro. No caso deste, é a esposa, Rosângela, que nunca deixou de fazer militância antipetista na internet.
Já em relação a Gabriela é o pai, engenheiro químico que e que trabalhou na Petrobras. Ele é ativo na rede social nos ataques à administração de Lula.
“A quadrilha do Lula instalada na Petrobras não roubou só bilhões. Roubou o futuro da empresa”, escreveu ele, em uma publicação no Facebook.
A substituta de Moro também teve um artigo publicado em uma organização norte-americana ligada à presidência dos Estados Unidos, o Wilson Center.
Desde 2006, esse think thanks tem um departamento voltado para temas brasileiros, o Institute Brazil, dirigido pelo jornalista Paulo Sotero, ex-correspondente do Estadão.
O Wilson Center tem outros tentáculos e foi acusado de estimular a tentativa de golpe contra o governo de Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, conforme narrado Miguel do Rosário, em O Cafezinho.
No Wilson Center, já fizeram palestras, além de Sergio Moro, alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, e entre patrocinadores dessas atividades estão grandes petroleiras.
No artigo, publicado em 2017, Gabriela elogiou Moro e escreveu:
“É óbvio que, ao lutar contra forças poderosas, você deve esperar que eles usem todos os meios à sua disposição para manter o poder que conquistaram. No entanto, continuo a acompanhar de perto o trabalho duro de pessoas bem intencionadas e bem preparadas que enfrentaram novas batalhas nos últimos três anos e meio. Por tudo isto, espero e confio que esta crise apresentada pela divulgação das investigações da Lava Jato sirva como uma verdadeira janela de oportunidades para que possamos ter um país mais forte e honesto.”
Esse trabalho de pessoas bem intencionadas resultou na prisão de Lula, num processo que teve uma condenação sem provas, e, com isso, na pavimentação do caminho que levou o Brasil a Jair Bolsonaro.
Uma semana depois de sua eleição, facilitada pela exclusão de Lula do processo eleitoral, o Wilson Center realizou uma conferência sobre corrupção na América Latina.
O nome de Gabriela estava entre os participantes. De volta ao Brasil, com Moro deixando a magistratura para trabalhar com Bolsonaro, ela assumiu a condução de dois outros processos que envolvem Lula.
No roteiro previsível da Lava Jato, uma nova condenação de Lula não apenas servirá para manter Lula mais tempo afastado da vida pública quanto ajudará na construção de um “álibi”para Moro.
Afinal, se Lula for condenado por Gabriela Hardt, os defensores de Moro poderão dizer que ele não foi o único a condenar o ex-presidente e, com isso, se tentar afastar o discurso da parcialidade do ainda juiz, quase ministro de Bolsoaro.
Para os analfabetos políticos, cola. Para os demais, não.
Há indicações de que o que move Moro é a mesma invisível que afaga Gabriela. O que fará justiça ao ex-presidente é a história, não esses setores do Poder Judiciário que não escondem o que pensam de Lula e o projeto que tornou o país um dos mais respeitados do mundo nos seus doze anos de normalidade institucional.
No que depender de juízes como Moro e Gabriela, a promessa de Bolsonaro se cumprirá.
“Lula vai apodrecer na cadeia”, disse o presidente eleito, futuro chefe de Moro.
.x.x.x.
O DCM publicou o documentário “Crônica de uma sentença anunciada — como Lula foi tirado das eleições”, com entrevistas minhas. Recomendo que vejam. Logo estará desatualizado, pois serão duas as sentenças anunciadas.


Testemunha diz que sítio de Atibaia não é de Lula e pede para depor

O sítio de Atibaia. FOTO: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

De acordo com a Gazeta do Povo, o advogado Pedro Benedito Maciel Neto pediu nesta sexta-feira (9) à juíza Gabriela Hardt, responsável pela condução da Lava Jato em Curitiba, para prestar informações sobre o processo envolvendo o sítio em Atibaia – ação que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu. Maciel Neto era advogado do irmão de Fernando Bittar, que é dono formal da propriedade e também é réu no processo.
A publicação informa que na petição, Maciel Neto narra fatos de seu conhecimento que ele considera relevantes para o processo do sítio. Ele explica que chegou a ser arrolado como testemunha de defesa de Fernando Bittar, mas pediu dispensa por ser advogado do irmão do réu, Kalil Bittar.
Ainda segundo a Gazeta do Povo, Maciel Neto garante no documento que o sítio em Atibaia foi comprado licitamente com recursos do pai de Fernando Bittar, Jacó Bittar. “Essa propriedade jamais pertenceu ao ex-presidente Lula”, garante o advogado. Ele conta, inclusive, que a compra em nome de Fernando Bittar causou desconforto entre os irmãos do réu, mas o caso foi resolvido em uma “reunião de família”.
Fonte: DCM