Miriam Leitão. Foto: Reprodução/YouTube |
Publicado originalmente no Tijolaço
POR FERNANDO BRITO, jornalista e editor do blog Tijolaço
Na análise que faz
do debate entre os candidatos a Presidente, hoje, a coluna de Miriam Leitão,
imagina-se com que dor no coração, admite que, “Lula
venceu o debate por uma espécie de W.O. às
avessas“, por não ter sido apontado como responsável pelas desgraças
que vive o país.
Faltou chamar,
diretamente, de incompetentes aos outros candidatos, o que se explica,
talvez, pela crista lhe ande baixa, depois do vexame a que foi submetida
por seus patrões ao ler, repetindo o que lhe ditavam ao ouvido pelo “ponto”
eletrônico, sobre as relações entre a Globo e a ditadura, após a entrevista de
Jair Bolsonaro.
Fechado numa cela em Curitiba, mantido pelo PT como o candidato
ficcional, [Lula] não teve seu legado atacado.
Como disse José
Serra em 2010: que bobagem, Miriam!
Certamente
acostumados às conversas em salões de restaurantes e salas de embarque de
aeroportos, onde Lula é considerado algo como um demônio, D. Miriam e seus
auxiliares, julgando-se mais inteligentes que todos ali, não conseguem entender
o óbvio: não citaram Lula porque a única forma de “matá-lo”, politicamente, é o
silêncio.
Evocar Lula, fora
daqueles ambientes de classe média insuflada de ódio, é evocar a lembrança da
população de que este pode ser um país menos injusto e mais próspero,
exatamente o contrário do que a ele fizeram rezando pela cartilha dos “Cabos
Daciolo do Mercado”, que proclama que a salvação virá da livre iniciativa,
apenas.
Como são “candidatos
de faz-de-conta”, que só têm alguma chance eleitoral com a exclusão de Lula da
disputa, o lógico e o natural é que esmerem-se em fazer de conta que Lula não
existe.
Não é por outra
razão que Lula teve de dar uma clarinada, lá de Curitiba, para que Haddad e
Manuela D’Avila se exponham mais. Quer e precisa frustrar o plano de excluí-lo
da polêmica pelo silêncio, pelo isolamento na Sibéria de Curitiba.
Os altos estrategistas
da direita brasileira sabem disso, mas têm dificuldades em conter o ódio e o
ressentimento com que seus porta-vozes crocitam e que os torna obtusos ao ponto
de reconhecer-lhe apenas um mérito, o de “não destruir, no primeiro mandato, a
herança que recebeu” de Fernando Henrique Cardoso.
E, ao contrário do
que fizeram os microcandidatos no debate, não
entende que, para o sistema, eles são a mais perfeita tradução do que disse
Fernando Henrique Cardoso: “é o que temos”.
Depois D. Miriam não
reclame se, de novo, forem lhe dizer o que falar pelo ponto eletrônico.
Fonte: DCM