O empresário Jorge Paulo Lemann, que tem uma fortuna estimada
em R$ 90 bilhões e é o homem mais rico do Brasil, comprou a Cepisa,
distribuidora do grupo Eletrobrás, que foi privatizada nesta manhã; o valor do
negócio foi de R$ 50 mil, preço de um carro usado, e a empresa usada para o
negócio foi a Equatorial Energia, que deu lance único; Lemann, que é dono da
Ambev, foi um dos apoiadores do golpe de 2016 e o movimento Vem pra Rua teve
seu domínio registrado pela Fundação Estudar, que pertence ao bilionário
247 – O empresário Jorge Paulo Lemann, que tem uma fortuna
estimada em R$ 90 bilhões e é o homem mais rico do Brasil, comprou a Cepisa,
distribuidora do grupo Eletrobrás, que opera no estado do Piauí e foi
privatizada nesta manhã. O valor do negócio foi de R$ 50 mil, preço de um carro
usado, e a empresa usada para o negócio foi a Equatorial Energia, que deu lance
único. Lemann, que é dono da Ambev, foi um dos apoiadores do golpe de 2016 e o
movimento Vem pra Rua teve seu domínio registrado pela Fundação Estudar, que
pertence ao bilionário.
Leia, abaixo, reportagem em que
Luis Nassif, do GGN, denunciava a interferência de Lemann no setor elétrico no
Brasil pós-golpe:
A 3G e o negócio do século com
a Eletrobras, por Luís Nassif
ENERGIA ELÉTRICA
SEG, 28/08/2017 -
06:41
Luis Nassif
O
pano de fundo da privatização da Eletrobrás é o seguinte.
O
pai da ideia é o Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo
Pedrosa, operador colocado para dar as cartas no MME. O Ministro é figura
decorativa.
Pedrosa
é ligado ao fundo de private equity GP Investimentos, que nasceu das entranhas
do Banco Garantia para administrar parte dos ativos, quando os três fundadores
embarcaram na grande aventura Ambev.
GP
é Garantia Partners, que comprou a Cemar (Centrais Elétricas do Maranhão)
quando essa estava sob intervenção da Aneel depois de ter sido devolvida pela
Pennsylvania Power and Light, que perdeu 330 milhões de dólares na primeira
privatização da Centrais Elétrica do Maranhão e a entregou de volta por 1 dólar.
Foi
dada de graça a esse grupo apesar de haver uma proposta com dinheiro a vista do
grupo americano Franklin Park, operador do Fundo Guggenheim, um dos maiores
fundos de private equity americanos. Mas foi um leilão de cartas marcadas, no
qual o trunfo do comprador estava na facilidade em renegociar os passivos da
empresa com a Eletrobrás.
Daí
nasceu a Equatorial Energia, que depois comprou a Celpa (Centrais Elétricas do
Pará).
Denunciei
essa operação quando colunista da Folha de Sáo Paulo., através das colunas
O
Caso Cemar, de 5 de abril de 2005
Gato
no setor elétrico, de 4 de abril
O
quebra-cabeças da Cemar, de 6 de abril
onde
mostrava a influência do grupo de ACM e Sarney e dos movimentos
incompreensíveis da Eletrobras.
O
Ministério Publico da Suíça tem um dossiê sobre as operações com a Cemar, e
chegou a investigar o episódio através da Embaixada da Suíça em Washington.
Mas, depois que perderam, os americanos preferiram não se envolver.
Em
todo caso, se o MPF brasileiro pedir o dossiê, é possível que o Ministério
Público suíço colabore. Na época, tinham rastreado o dinheiro da propina e
chegado ao beneficiário final.
A
Equatorial faz parte do grupo de controle da Lighr Rio.
Paulo
Pedrosa foi Conselheiro da Equatorial, da Celpa, da Cemar e da Light, portanto
ligado ao grupo Equatorial que é controlado pelo GP Investimentos, hoje com
novo nome de 3 G.
O fundo 3G é hoje o segundo maior
acionista privado da Eletrobrás e foi um dos grandes compradores de ações na
véspera do anuncio da privatização. A CVM está investigando. Para não aparecer,
o 3G usou o J.P.Morgan e mais dois bancos como fachada.
Há vários meses há um grupo de trabalho
interno da 3G debruçado sobre os ativos e passivos da Eletrobrás.
A meta é assumir o controle da
Eletrobrás, o grande alvo do grupo Equatorial. Se bem sucedido, seria um
negócio do "padrão GP". A Eletrobrás, companhia com ativos avaliados
em 400 a 600 bilhões de reais, com dividas de 39 bilhões e passivos ocultos de
64 bilhões, mas que podem ser liquidados por um terço disso e cujo controle
pode ser comprado por R$15 bilhões.
Seria
o negocio do século. Com R$ 15 bilhões, o 3G compraria um patrimônio liquido
real de 300 a 350 bilhões de reais, um operação na escala da AMBEV e melhor
ainda que esta.
Há
pouco tempo o grupo 3G tentou comprar o controle da UNILEVER, e foi barrada
pelo Governo britânico, desconfiado do estilo corsário do grupo.
É
um conflito de interesses gigantesco. Paulo Pedro, o Secretario Executivo do
Ministério de Minas e Energia, o idealizador do anúncio de privatização da
Eletrobras. Sendo conselheiro de todas as empresas do Grupo Equatorial por trás
do qual está a 3G.